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Experiência amarga, pouco tempo de preparação, pressão no Estadual: Dudamel abre o jogo após sair do Atlético

Técnico foi demitido do alvinegro após duas eliminações vexatórias

Redação
Dudamel comandou o Atlético em apenas dez partidas na temporada - Foto: Bruno Cantini/Atlético

Rafael Dudamel ficou menos de dois meses no comando do Atlético. Contratado no início deste ano, ele foi demitido no fim de fevereiro, depois da queda vexatória do alvinegro para o Afogados da Ingazeira na Copa do Brasil. Além do treinador e de toda a sua comissão técnica, o presidente Sérgio Sette Câmara desligou Rui Costa, diretor de futebol, e Marques, gerente de futebol.


Em apenas dez partidas sob o comando de Rafael Dudamel, o Atlético venceu quatro jogos, empatou outros quatro e perdeu dois, um aproveitamento de 53,33% dos pontos disputados. A equipe marcou 13 gols e sofreu oito. Pesou contra o treinador a queda na segunda fase da Copa do Brasil e a eliminação para o Unión, da Argentina, na primeira fase da Copa Sul-Americana.

Dudamel afirmou que o tempo curto de trabalho no Atlético - ele deixou o comando da Seleção Venezuelana para assinar com o Galo -, serviu de reflexão para a sua carreira. Ele tambem ressaltou a aprendizagem no alvinegro.

“Foi um tempo muito curto que me fez refletir. Mas digamos que foi uma aprendizagem muito boa, produto de uma experiência amarga, pois tínhamos expectativa, já que estabelecemos planos que no final não se cumpriram. Certamente, eu como treinador tenho que assumir as responsabilidades nas derrotas e eliminações”, disse o treinador, em entrevista à Rádio Caracol, da Colômbia.

Dudamel afirmou, no entanto, que os dirigentes também são culpados pelas eliminações do Atlético. O treinador disse que o clube não conseguiu colocar um elenco forte à disposição em tempo hábil.


“Porém, hoje em dia, a responsabilidade de ganhar uma partida e perder uma partida é reponsabilidades dos jogadores e do treinador, os dirigentes também têm que ser encarregados desta responsabilidade. Fora do campo, claro, a formação de um plantel, os diretores têm que trabalhar para poder ter uma equipe bem estruturada para poder ganhar. Digamos que não conseguimos terminar de exercer uma etapa de formação do elenco competitivo que nos permitisse, desde o princípio, contar com todos os jogadores para competir em máximo nível”.

Pouco tempo

O técnico iniciou os trabalhos no Atlético em 7 de janeiro. Até a estreia, teve exatos 14 dias para preparar a equipe. Foram dez partidas em 35 dias. Ele reclamou da falta de tempo para treinar e implantar seus métodos.

“Na primeira etapa, estava condicionando jogadores. E, no Brasil, há muitas especificidades. Joga-se mais de 80 partidas no ano. Começa a preparação para a temporada depois de folga de 30 dias para os jogadores, e as partidas se iniciam com 12 dias, 15 dias, o torneio estadual”.


A pressão por resultados no Campeonato Mineiro também incomodou Dudamel. “E esse torneio parecia uma preparação para o Brasileirão, para a Copa do Brasil e competições internacionais. Mas não, há pressão e é desde o princípio. Bom, são particularidades com as que fui encontrando. Mas houve um par de partidas em que não saímos bem que nos custou duas eliminações que custaram muito para o clube e digamos que assumi a responsabilidade e custou o meu cargo. Mas serviu de reflexões mais para aprendizagem do que para desculpas. Não conseguimos formar o elenco e ter desde o primeiro dia para disputar as competições importantes bem preparados”. 

Veja outras respostas de Dudamel

Como está a vida após a demissão
Estou muito tranquilo, em casa, com meus filhos e esposa. Fazia muitos anos que não desfrutava com essa qualidade, dando tempo para descansar em família. Nesta pausa estamos apenas em corpo e mente dedicados a eles.

Sondagens de clubes colombianos

Creio que não há nada mais incômodo, pouco profissional e antiético do que estar sendo exposto o nome de um treinador enquanto outro está no cargo. Lamentavelmente, o futebol é assim. Tive ofertas concretas de Deportivo Cali quando estava trocando de treinador. Em algum momento, tive conversas formais com o Atlético Nacional. Os demais foram rumores. As duas equipes que mostraram interesse formal e sério foram Deportivo Cali e Atlético Nacional.

Coronavírus
Esta pausa obrigatória nos vai levar a tomar mais precauções, a ter cuidado com a letra pequena dos contratos. Vi a parte humana de forma muito consciente de jogadores e dos dirigentes. É algo que escapa deles. Li muito sobre a consideração que tiveram os jogadores em diminuir o salário em várias partes do mundo. Então, acho que a letra pequena dos contratos vão ser revisadas no futuro.


Pausa das Eliminatórias

Eu considero que as rodadas de início das Eliminatórias têm que ser coerentes com o início das ligas, porque, caso contrário, o rendimento dos jogadores não vai ser ótimo. E nenhuma federação vai querer algum tipo de vantagem. Considero que vai coincidir o início porque nenhum clube vai querer ceder jogadores em folga e sem preparação, porque correm o risco de lesão.

Melhor companheiro

Tive muitos companheiros na minha carreira. O mais difícil no âmbito do futebol é encontrar companheiros que tenha admiração. No Deportivo Cali, desfrutava de ver jogar o Mario Alberto Yepes. Era uma delícia vê-lo jogar, porque resolvia tudo com muita tranquilidade, estava sempre bem posicionado.

Dirigir clube ou seleção

Dirigir clube e seleção são coisas distintas. O clube te dá adrenalina do dia a dia. Permite crescer mais porque permite corrigir e planejar todo momento. Está mais ativo. Na Seleção, tem que escolher melhor. Tem tempos curtos e tem que otimizar tudo para trabalhar. Ambos são apaixonantes.


Futuro
Falar sobre um clube ou outro não me parece ético. Quero dirigir em Colômbia com bases muito firmes. Projetos sólidos que possa preparar e planejar. Termina sendo uma fritura de treinador essa dinâmica de tantos partidas e ao final sofre instituição e jogadores. Mas quem tem a maior carga de responsabilidade é o treinador. Vou ser mais seletivo na hora de escolher depois de tudo que aprendi.