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Resenha de zagueiros: antes de final, jovem Murilo escuta conselhos de Célio Lúcio, que participou de sua formação no Cruzeiro

A convite da reportagem do Superesportes, zagueiro de 20 anos, que disputará final contra o Flamengo, se encontrou com campeão pelo Cruzeiro na década de 1990 e atual assistente do time sub-20: 'Célio fez milagre com todo mundo'

Rafael Arruda Renan Damasceno Tiago Mattar
De zagueiro para zagueiro: Célio Lúcio e Murilo conversaram antes de jogo do ano do Cruzeiro - Foto: Renan Damasceno/EM D.A Press
De quinta opção na defesa a titular do lado esquerdo da zaga. A mudança foi meteórica para o baiano Murilo, natural de São Gonçalo dos Campos, a 108 quilômetros de Salvador. Nesta quarta-feira, às 21h45, no Mineirão, o jovem de 20 anos disputará a partida mais importante a serviço do Cruzeiro. Será contra o Flamengo, pelo duelo de volta da Copa do Brasil. Para que o camisa 35 ganhe o primeiro troféu como profissional, basta uma simples vitória ao time celeste, já que o jogo de ida, no Maracanã, terminou empatado por 1 a 1.

Ninguém melhor que o ex-zagueiro Célio Lúcio, de 46 anos, para aconselhar Murilo. Com o currículo recheado de títulos – entre os principais duas Copas do Brasil (1993 e 1996), uma Copa Libertadores (1997) e uma Supercopa (1992) –, o atual assistente técnico da equipe sub-20 conhece bem a característica do garoto. Ambos tiveram contato nas categorias pré-infantil e juniores do Cruzeiro.

A convite do Superesportes, os dois bateram papo descontraído na Toca da Raposa I, centro de formação do clube celeste. Vários assuntos estiveram em pauta: o crescimento da carreira de Murilo, a ambição profissional, a experiência de Célio Lúcio enquanto atleta e as respostas em tom de elogio e gratidão.
Leia, abaixo, a entrevista completa:


Murilo, como está a ansiedade para a final da Copa do Brasil?

– Sou um jogador muito tranquilo, que pensa em cada jogo. Não vou mentir, estou ansioso para a final. Todos os dias acordo e penso: ‘o dia da final não chega!’. Não apenas eu, que sou mais jovem, como toda a equipe está ansiosa para essa partida. Acho que todos pensam em colocar o nome na história do Cruzeiro. Isso aí pode ajudar muito também. Com a fé em Deus, que me tranquiliza, espero chegar quarta-feira e dar o meu melhor”.

Célio Lúcio, você tem experiência de sobra em decisões, pois jogou muitas a serviço do Cruzeiro. Além disso, participou da formação de Murilo como assistente técnico da base. Quais recomendações passa ao jogador antes da final?

– É até legal ver o Murilo falando da preocupação. É um bom começo. Para nós que jogamos de zagueiro, a responsabilidade é maior. Zagueiro, goleiro... costumo dizer que a característica dos defensores e do goleiro têm de ser diferente dos demais atletas, pois são posições de mais responsabilidades.
Essa preocupação de antecipar a questão do jogo é importante porque haverá uma preparação para isso. A ansiedade será equilibrada até o momento que chega o jogo. Depois de cinco minutos de jogo, já vai mais tranquilo. Eu tive essa experiência no Cruzeiro. Com a idade do Murilo disputei final de Supercopa, de Copa do Brasil. É um estágio pelo qual temos que passar.

Trabalhamos com o Murilo desde o pré-infantil e sabemos da capacidade que ele tem. É um garoto equilibrado, que entrou e está buscando seu espaço, mostrou personalidade. É uma característica muito importante para o zagueiro. Equilíbrio, personalidade, seriedade. É fazer o mais simples possível.
Primeiro, fazer a função de zagueiro. Depois, se der para sair jogando bem como ele tem qualidade, pode sair. As demais situações vão acontecer naturalmente.

Na preparação para uma final, o que a gente tem que fazer é treinar bastante, estudar o adversário e focar muito. Decisão é corpo, alma e espírito. Tudo junto para que a gente chegue na hora e cumpra as nossas funções.

* Nota: Célio Lúcio disputou a primeira final pelo Cruzeiro em 1992. Ele e Luisinho formaram a dupla de zaga do time que superou o Racing-ARG na Supercopa da Libertadores.

Célio Lúcio, na final da Copa do Brasil de 1993 contra o Grêmio você estava com 22 anos e tinha como parceiro o Robson, de 18 (substituiu o veterano Luisinho, que estava suspenso). É uma situação semelhante às de Gladstone, em 2003, e do próprio Murilo, em 2017. Quais as suas lembranças daquela final?

– Eu já estava com 22 anos. Fazia dupla de zaga com Luisinho. Tinha feito com Paulão e Adilson. Naquela final coincidiu de o Luisinho estar suspenso. Acabou entrando o Robson numa situação parecida com a do Gladstone em 2003. Mas o Robson estava preparado. E eu, que tinha absorvido um pouco da experiência do Luisinho, do Paulão e do Adilson, pude passar um pouco da experiência para o Robson. Ele estava preparado para aquela partida. Tudo correu bem e ele conseguiu se afirmar.

* Nota 1: Luisinho recebeu cartão amarelo "por engano" no jogo de ida da final da Copa do Brasil, que terminou empatado sem gols, no Olímpico, em Porto Alegre. A falta havia sido cometida pelo volante Rogério Lage. Por isso, o então "garoto" Robson, de 18 anos, atuou ao lado de Célio Lúcio no segundo duelo, no Mineirão. O Cruzeiro ganhou do Grêmio por 2 a 1.

* Nota 2: No jogo de volta da final da Copa do Brasil de 2003, contra o Flamengo, o Cruzeiro teve de recorrer ao jovem Gladstone, de 18 anos, pois perdera Thiago e Edu Dracena por suspensão na partida de ida no Maracanã (empate por 1 a 1). O prata da casa não sentiu a pressão da decisão e teve atuação segura ao lado de Luisão, quatro anos mais velho. A Raposa ganhou por 3 a 1 e conquistou o tetracampeonato.

Murilo, você vive uma situação parecida com as de Gladstone e Robson, embora tenha mais experiência em virtude das participações nas quartas de final contra o Palmeiras e nas semifinais contra o Grêmio. Ainda assim, há uma tensão maior pela presença na decisão?

– Na final não tem como. É diferente. É onde todo time quer chegar para ser campeão. A gente trabalhou todo esse tempo na temporada para chegarmos à final. Graças a Deus fomos premiados de chegar à final. Como você falou, eu passei pelas quartas e pelas semifinais, então fico um pouco mais tranquilo, não foi que nem os outros (que estrearam na final). Mas a final é diferente.

E sobre a parceria com Leo, o que a fez se tornar tão sólida?

– Acho que foi a conversa. A gente vem conversando muito. Sabíamos que estávamos passando por um período ruim, estávamos tomando muitos gols, então conversamos muito. Não só o Leo, como Dedé e Manoel. Somos ali do setor e não gostamos de tomar gols. Através da conversa até de outros que estão ali na frente fez a diferença e foi fundamental para reduzir o número de gols sofridos.

* Nota: juntos, Leo e Murilo jogaram 18 partidas em 2017. O Cruzeiro ganhou oito, empatou seis e perdeu apenas quatro. Foram somente 10 gols sofridos. 

Célio, como avalia o crescimento de Murilo no time principal?

– Eu cheguei quase junto com o Murilo na base. Ele chegou, se não me engano, em 2010. Eu cheguei em 2011 no pré-infantil. O treinador dele era o Hudson quando nos encontramos pela primeira vez. O Murilo era volante. Foi um estágio legal. Murilo passou por todos os processos da base. Tivemos mais convivência no sub-20. Por eu ter sido zagueiro, há uma facilidade maior de diálogo e compreensão dos meninos comigo também. Hoje a gente tem o Arthur, tivemos o Bruno (Viana), o Alex, o Wallace – que foi vendido. Os meninos assimilam muito bem o que a gente quer passar para eles como experiência que a gente já teve e com certas situações que vão acontecer nas carreiras deles também. Com o Murilo não foi diferente. O Murilo tem um potencial muito técnico, tem o perfil físico muito bom, e aquela fase de transição e amadurecimento foi normal. Fez grandes jogos e competições boas na base. Tivemos uma leitura muito boa de que ele conquistaria espaço no profissional. E ficamos surpresos, pois ele conquistou até rápido. Sempre passamos para ele ter humildade e subir degrau por degrau, pois a carreira é difícil. Jogar numa equipe como o Cruzeiro, com cobrança alta e pressão da torcida, é muito difícil. Mas o Murilo tem personalidade forte e um equilíbrio muito bom. Deus vai abençoar que ele chegará num patamar alto na carreira.

Murilo, qual a importância de ter o Célio Lúcio na sua formação profissional?

– Muito bom. Até falo com outras pessoas, não diretamente para ele. Mas sempre elogio o Célio para outras pessoas. Ele fez parte de grande parte dos momentos que passei na base. Por exemplo, no pré-infantil, muitos jogadores não sabiam cabecear. O Célio ajudou todo mundo, fez milagre com todo mundo (risos). Quando eu estava no júnior, ele pôde me ajudar muito dentro de campo e fora de campo também. Sempre conversou comigo e eu peguei todos os detalhes do que ele queria passar para mim. É isso que faz a diferença. 

Lisonjeado com a citação de Murilo, Célio Lúcio fala em tom de agradecimento:

– Isso também é legal, né?! Mostra a humildade dos meninos. O Arthur também acabou de subir para o profissional. Quando eles têm a humildade de receber uma palavra e uma orientação e aí você os vê crescendo, é importante. Significa que temos algo de bom para passar para eles. Da mesma forma essa humildade de receber, colocar em prática e dar certo. É gratificante para a gente. O que eu costumo dizer é que não foi apenas eu, Célio Lúcio. Todos na Toca participaram da formação desses jogadores. O privilégio foi grande para mim porque fui um zagueiro vitorioso no Cruzeiro. Fico feliz de os zagueiros estarem dando certo. Mas aí entram os treinadores, o pessoal da cozinha, da manutenção do gramado, todos são importantes para a formação desses garotos. E a gente vê isso quando eles retornam aqui e mostram o carinho por cada um. Todas essas questões juntam e a gente vê o bom resultado no profissional.

Célio Lúcio foi zagueiro do clube celeste nos anos de 1990 e conquistou muitos títulos importantes - Foto: Cruzeiro/Divulgação

Murilo, você imaginava que em nove meses como profissional estaria disputando uma final de Copa do Brasil?

– Nunca pensei, nunca imaginava que ia acontecer isso tão rápido. Mas, como falei, sempre tive minha fé e acreditei que Deus faria a diferença. Foi com muito trabalho, muita dedicação, muitos treinos, muitas conquistas... graças a Deus estou tendo a oportunidade de participar da final da Copa do Brasil.

* Nota: com apenas dois jogos no primeiro semestre, Murilo ganhou espaço a partir de junho em função das más atuações do equatoriano Kunty Caicedo. Em função do bom futebol apresentado, o camisa 35 não saiu mais da equipe e contrbiuiu até mesmo para a evolução de Leo, seu companheiro de zaga.

Célio, quais as principais qualidades do Murilo e em que ponto ele evoluiu mais?

– Sem dúvidas a técnica. Tem um passe bom, uma boa antecipação, uma boa leitura de jogo, um perfil físico que ajuda. É agressivo na marcação. Sabe passar a bola tanto em longa distância quanto no passe entre linhas. Acho que isso ajuda muito o Murilo, principalmente pela tendência do futebol, que exige saída de bola boa. Claro que a função de zagueiro é defender, antecipar bem, ter liderança e personalidade forte. O Murilo tem tudo isso também. Vai haver maturação, e essa maturação vem muito cedo. A tendência é evoluir a cada jogo.

Murilo, pelo fato de o Cruzeiro ter sido derrotado pelo Atlético na final do Campeonato Mineiro e eliminado diante do Nacional-PAR na Copa Sul-Americana, há uma pressão maior pela Copa do Brasil, já que o elenco celeste é avaliado como um dos melhores do país?

– Todo mundo sabe do elenco que a gente tem. É um elenco muito bom. Não vieram as vitórias no Campeonato Mineiro e na Sul-Americana, mas a gente teve humildade e soube trabalhar. Por isso chegamos à final da Copa do Brasil. Com muito trabalho e com muito empenho. É continuar com a humildade, entrar na quarta-feira com sangue no olho e representar a nação azul.

Célio Lúcio, você tem duas Copas do Brasil pelo Cruzeiro (1993 e 1996). O que representa eesse título na carreira de um atleta?

– Você só tem dimensão disso quando fica mais velho. Depois de 20 anos, 25, chega um torcedor e te abraça, diz obrigado, fala que você deu a ele muita alegria. Não tem preço. Um título de Copa do Brasil marca a carreira, marca o ser humano, não tem preço. Não há dinheiro que pague. É uma sensação única. Estou confiante de que o Cruzeiro fará um grande jogo e conseguirá a vitória. 

Assistente técnico do sub-20 reforça a resposta dizendo que a pressão pela conquista é bilateral...

– O Flamengo também está pressionado. O parâmetro de pressão está igual. Até dá um certo conforto e uma confiança maior ao Cruzeiro, que conseguiu um empate fora de casa e agora vai decidir no Mineirão.

Murilo, o Leo, seu companheiro de zaga, é o terceiro zagueiro que mais fez gols pelo Cruzeiro - foram 18 em 271 jogos. Você se cobra para balançar a rede também?

– Todo mundo está me cobrando esse gol. Mas estou confiante de que vai sair nessa final. Tenho fé que possa sair. Se sair, vou agradecer ao Célio, que desde o pré-infantil me ensinou a cabecear.

* Nota: Murilo mede 1,88m e é um dos zagueiros mais altos do elenco. Apesar disso, aparece pouco na bola aérea ofensiva.

Célio Lúcio, que fez apenas dois gols em 250 jogos pela Raposa, diz que a principal responsabilidade do zagueiro é com a parte defensiva:

– Engraçado que, como profissional, fui fazer o primeiro gol depois de seis anos. Murilo está tranquilo, pois está no primeiro ano (risos). O Alberto Rodrigues (narrador da Rádio Itatiaia) ficava me cobrando demais e eu fiz um gol contra o Corinthians na semifinal da Copa do Brasil (de 1996). Mas como o Murilo disse, tem que ficar tranquilo para fazer o dele atrás. O gol vai sair na hora certa.

Murilo, você é de São Gonçalo dos Campos, uma cidade baiana de menos de 40 mil habitantes. Recebe o apoio dos parentes e amigos de lá?

– Acontece muito isso. As pessoas mandam mensagens, falam que estão torcendo, isso é bom para a gente, que veio de uma cidade humilde e pequena. Vou estar representando São Gonçalo dos Campos.

O Mineirão terá mais gente que em São Gonçalo dos Campos. Vai dar um frio na barriga?

– Sempre dá. É o normal. Tem que vir o frio na barriga, a ansiedade. Mas quando pisamos lá, estamos em casa. É o que fazemos todos os dias. Vou dar o meu melhor...

Como foi o processo de ficar longe da família, já que você foi para o Cruzeiro aos 13 anos?

– Foi um processo complicado, longo e difícil. Com sete ou oito anos não tinha mais escolinha na minha cidade. Eu tinha que ir para outra cidade e conseguir jogar bola e fazer a coisa que eu mais queria. Saía sozinho de minha casa, ia lá treinar, foi um momento muito difícil. Coloco tudo isso que passei todos os dias na minha vida para estar aqui hoje. Por isso não vai faltar entrega e nem luta. Vou zagueirar, vou dar carrinho, tenho que dar o meu melhor.

O Célio Lúcio disse que você era volante quando chegou ao Cruzeiro. Como foi essa recuada até a zaga?

– Na verdade eu jogava de meia. Cheguei aqui e virei volante. Foi muito do tamanho (a recuada). Era menorzinho e depois cresci muito rápido. Com 12 ou 13 anos já tinha 1,80m (hoje mede 1,88m). Aí não teve jeito, virei zagueiro.

Célio Lúcio elogia qualidades de Murilo como meio-campista...

– No pré-infantil o Murilo era volante e capitão. Fiquei por dois meses lá com ele e depois subi para assistente do time júnior. 

Célio, é importante a característica de volante para um zagueiro?!

– Com certeza. Você o vê arrastando a bola, é uma facilidade que ele tinha como volante. Quando ele quebra a linha com um passe, facilita. A leitura facilita. O Murilo tem muito que crescer na parte defensiva. Como maturação precisa de algumas situações, mas vai evoluir naturalmente. É com o decorrer dos jogos. A tendência é que cresça muito.

Murilo, o Cruzeiro renovou recentemente seu contrato (até dezembro de 2021). É uma motivação a mais para a decisão?

– Foi uma coisa boa de tudo que eu vinha fazendo. Desde o começo, contra o Joinville (Primeira Liga), mas principalmente contra o Bahia (no turno do Brasileiro). Foi com muito suor, com muito trabalho, fiquei feliz. É legal para a minha vida, para a minha carreira. Como o Célio mesmo falou, tenho muito que conquistar, muito que crescer. Meu pensamento é assim, de me avaliar mesmo, de querer estar sempre melhor a cada jogo, a cada treino. Fico feliz pela renovação, mas tenho muitas coisas para conquistar.

A negociação foi rápida?

– Foi uma conversa dos dois. Como já tenho muito tempo aqui, foi tranquilo.

Célio Lúcio brinca ao comentar sobre a renovação contratual de Murilo...

– É até legal, viu? Estou precisando de um vale (risos). Brincadeira.

Murilo ganhou espaço no Cruzeiro em função das lesões de Dedé e Manoel e das más exibições de Caicedo - Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press

Murilo, você cobrou pênalti contra o Grêmio na semifinal e acabou perdendo. Mas para ter sido escolhido, é porque treinou bem. Se tiver pênalti na final, se candidata novamente a cobrar?

– O que aconteceu na semifinal foi que eu também pedi para bater. Ele viu que eu batia bem nos treinamentos, não só no profissional como na base. Não tive a felicidade de fazer o gol, mas mantive a cabeça erguida. Continuei trabalhando. Se acontecer na final, sou um jogador de personalidade. Se acontecer, estou pronto para bater de novo.

Célio comenta resposta de Murilo e diz que pênalti requer muita concentração:

– Nunca perdi um pênalti. Nunca bati! Na Supercopa de 1992, nós fomos para os pênaltis contra o River (quartas de final). Eu era o sexto a bater... aí você imagina... 3 a 3, 4 a 4. Aí o Ramón Díaz foi bater para o River e perdeu o pênalti. O Douglas foi lá e marcou para nós, ganhamos de 5 a 4. Mas imagina como minha cabeça estava? Como dizem na base, ‘o fraldão ficou cheio!’. É um momento no qual você tem que estar equilibrado. Cada jogo é um jogo. Claro que é a questão do treinamento. O Murilo era o primeiro a bater na base e nunca teve problema. Mas vai muito do momento em que você está na questão psicológica do jogo.

Quem no Cruzeiro pode ser o jogador mais decisivo na final?

– Todos são importantes no elenco. Os reservas podem entrar e decidir. Não há como responder. 

E quem no Flamengo te preocupa mais?

– Acho que o Guerrero. É um atacante bom, que protege bem a bola. É um jogador diferente, que pode nos dar uma grande preocupação. Mas penso que não pode olhar só o adversário. Tenho que olhar para mim, querer, aprender e evoluir cada vez mais. Eu crescendo vou poder marcá-lo. É isso que importa.

Célio, qual dica você daria ao Murilo para marcar um jogador do nível de Paolo Guerrero?

– É um perfil diferente. Guerrero é um atleta competitivo, que define partidas e tem qualidade para isso. O que a gente passa é que temos de preparar o máximo nesses dias que faltam. É tentar estudá-los, pegar vídeos para ver como que ele usa o corpo, com qual perna ele bate – a direita –, tomar precauções para entrar ao máximo possível preparado para neutralizar. Já tive a oportunidade de jogar contra atletas como Bebeto, Edmundo, Romário, Sávio, Luizão... jogadores com características difíceis de marcar. Tem que estar ligado o tempo todo, concentrado e preparado para neutralizar.

Ficha dos entrevistados

Murilo

Nome: Murilo Cerqueira Paim
Naturalidade: São Gonçalo dos Campos-BA
Data de nascimento: 27 de março de 1997
Idade: 20 anos
Altura: 1,88m
Jogos pelo Cruzeiro: 23
Gols: nenhum
Período no clube: desde 2010 (contando categoria de base)

Célio Lúcio

Nome: Célio Lúcio da Costa Quarto
Naturalidade: Cajuri-MG
Data de nascimento: 11 de fevereiro de 1971
Idade: 46 anos
Altura: 1,80m
Jogos pelo Cruzeiro: 250
Gols: 2
Período no clube: 1985 a 1997 (contando categoria de base)
Títulos: Campeonato Mineiro (1992, 1994, 1996 e 1997), Supercopa da Libertadores (1992), Copa do Brasil (1993 e 1996) e Copa Libertadores (1997)
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