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Cruzeiro manifesta 'felicidade' por indiciamento de Wagner, Itair e Serginho na Polícia Civil

Polícia Civil concluiu a investigação e indiciou os três ex-dirigentes e quatro empresários pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro

Redação
Ex-presidente Wagner Pires de Sá, ex-diretor-geral Sérgio Nonato e ex-vice-presidente de futebol Itair Machado foram indiciados em inquérito da Polícia Civil - Foto: Vinnicius Silva e Igor Sales/Cruzeiro O Cruzeiro se manifestou por meio de nota, nesta segunda-feira, sobre o indiciamento na Polícia Civil de Minas Gerais do ex-presidente Wagner Pires de Sá, do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado e do ex-diretor-geral Sérgio Nonato no inquérito que apura crimes praticados na administração do clube entre 2018 e 2019. Segundo o texto, a nova gestão recebeu a notícia com “grande felicidade”.



“O Cruzeiro Esporte Clube recebeu com grande felicidade, neste dia 10 de agosto de 2020, a informação de que a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu as investigações da “Operação Primeiro Tempo” e as encaminhou ao Ministério Público do Estado, que agora ficará responsável por oferecer ou não as denúncias aos investigados citados no inquérito”, diz o comunicado.

A Polícia Civil concluiu a investigação de mais de um ano e indiciou os três ex-dirigentes e ainda quatro empresários pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Dos quatro empresários indiciados, três são representantes de atletas e também atuam como intermediários em negociações de futebol: João Sérgio, ex-agente do goleiro Fábio (romperam parceria no começo deste ano), Carlinhos Sabiá e Wagner Cruz



O quarto empresário investigado pela Polícia Civil foi Cristiano Richard dos Santos Machado. Ele trabalha no segmento de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e fez uma operação financeira com a antiga gestão do Cruzeiro envolvendo atletas.

“É público e notório que o Cruzeiro foi vítima de diversas práticas no mínimo questionáveis pela sua antiga gestão, que não só foram determinantes para o péssimo e infeliz resultado esportivo dentro de campo, mas que também prejudicaram de forma profunda a saúde administrativa do Clube, que só está se reerguendo graças ao apoio dos seus milhões de torcedores e também ao trabalho incansável de profissionais capacitados e que amam a instituição”, acrescentou o Cruzeiro.

MP tem prazo de 15 dias para avaliar inquérito
 
O Ministério Público de Minas Gerais recebeu o inquérito da Polícia Civil e terá 15 dias para analisar o relatório e as provas colhidas para decidir se oferecerá denúncia ou pedido para complementar a investigação com novas diligências.



O Cruzeiro disse que aguarda com ansiedade o desfecho do caso. “A partir de agora, o Cruzeiro aguarda ansiosamente os demais desdobramentos do caso, confiando na capacidade e seriedade dos profissionais do Ministério Público de Minas Gerais, sempre enfatizando que a torcida é única e exclusivamente para que a justiça seja feita, caso sejam de fato comprovadas as irregularidades”.

Práticas irregulares e legado de dívidas

As práticas irregulares da administração de Wagner Pires de Sá no Cruzeiro vieram à tona em reportagem veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio de 2019.
 
Um dos casos mais graves noticiados pelo Fantástico foi um empréstimo de R$ 2 milhões contraído com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, um dos indiciados e sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção. Para abater o débito, o clube incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%) e Cacá (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). Além disso, o Cruzeiro inseriu participação em uma possível venda do promissor Estevão William, à época com 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.


 
A Polícia Civil ainda averiguou superfaturamento de serviços, notas frias, comissões abusivas para empresários de atletas e aumentos substanciais nos salários de dirigentes - entre os quais de Itair Machado, R$ 180 mil mensais (multa rescisória de R$ 2 milhões), e Sérgio Nonato, R$ 125 mil mensais (multa rescisória de R$ 1 milhão).
 
Integrantes de departamentos de menor exposição na mídia também tinham remunerações consideradas acima do mercado. Outras possíveis irregularidades investigadas pela Polícia Civil foram apontadas na contratação de conselheiros para a prestação de serviços e o pagamento a torcidas organizadas.
 
O mandato do economista Wagner Pires de Sá arruinou as finanças do Cruzeiro e mergulhou o clube na Série B do Campeonato Brasileiro. Relatório da Moore Stephens Consulting News Auditores Independentes publicado em 20 de maio apresentou déficits de R$ 73,3 milhões, em 2018, e R$ 394,1 milhões, em 2020. Ou seja, com o ex-presidente, a Raposa acumulou mais de R$ 467 milhões “no vermelho” e atingiu dívida de R$ 803 milhões, impagável em curto prazo. Em um efeito cascata, o Núcleo Dirigente Transitório que administrou a Raposa no primeiro semestre projetou déficit de R$ 143 milhões em 2020, o que pode fazer o passivo alcançar R$ 946 milhões no balanço a ser publicado em 2021.


 
Além da chance de responderem por crimes, Wagner, Serginho e Itair podem ser definitivamente banidos do Cruzeiro. Na última sexta-feira, o presidente Sérgio Santos Rodrigues protocolou as petições para excluir os dois primeiros do Conselho Deliberativo e o último da lista de associados. Entre os vários argumentos apresentados estão os contratos com jogadores e intermediários lesivos ao clube, a “avalanche” de ações trabalhistas devido a atrasos salariais, o uso de cartões corporativos para fins pessoais e a perda do parcelamento da dívida fiscal com o Governo, de R$ 330 milhões, por meio do Profut.

Nota do Cruzeiro na íntegra

O Cruzeiro Esporte Clube recebeu com grande felicidade, neste dia 10 de agosto de 2020, a informação de que a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu as investigações da “Operação Primeiro Tempo” e as encaminhou ao Ministério Público do Estado, que agora ficará responsável por oferecer ou não as denúncias aos investigados citados no inquérito. 

É público e notório que o Cruzeiro foi vítima de diversas práticas no mínimo questionáveis pela sua antiga gestão, que não só foram determinantes para o péssimo e infeliz resultado esportivo dentro de campo, mas que também prejudicaram de forma profunda a saúde administrativa do Clube, que só está se reerguendo graças ao apoio dos seus milhões de torcedores e também ao trabalho incansável de profissionais capacitados e que amam a instituição.

A partir de agora, o Cruzeiro aguarda ansiosamente os demais desdobramentos do caso, confiando na capacidade e seriedade dos profissionais do Ministério Público de Minas Gerais, sempre enfatizando que a torcida é única e exclusivamente para que a justiça seja feita, caso sejam de fato comprovadas as irregularidades.