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A eleita de Escurinho

Ex-jogador de Fluminense e Villa Nova casou com uma mulher que não gostava de futebol

29/03/2012 10:20 / atualizado em 29/03/2012 10:41
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foto: Arquivo O Cruzeiro/ EM/ DA Press
Revelado pelo Villa Nova, o ponta-esquerda Escurinho transferiu-se para o Fluminense em 1954. E foi no Rio de Janeiro que ele conheceu a mulher que seria sua esposa. Em 1956, depois de goleada do tricolor sobre o Canto do Rio por 6 a 0, nas Laranjeiras, pelo Campeonato Carioca, o jogador foi apresentado a Aldalita Bentes, na saída do estádio. Na curta conversa, Escurinho perguntou se poderia lhe telefonar no dia seguinte. A resposta foi desanimadora: “Não gosto de futebol, muito menos de jogador”.

Entretanto, no dia 25 de março de 1960, o Estado de Minas trazia um final feliz para a história, na reportagem com o título “Escurinho vai casar-se. A noiva detestava futebol”. “Sábado, às 18 horas, Adalita selará definitivamente as pazes com o futebol: vai casar-se com Benedito Custódio Ferreira, o jogador Escurinho”, anunciava o jornal.


O terno de casimira inglesa havia sido encomendado num alfaiate do Bairro do Flamengo. O vestido de noiva recebia os últimos retoques na casa dela, na Travessa do Botafogo. O casal passaria a morar num apartamento na Estrada do Dendê, na Ilha do Governador, próximo à residência dos companheiros de Flu Sabará, Ari, Pinga e Clóvis, um dos padrinhos do casamento. Durante a semana, Escurinho esteve em Nova Lima para levar os pais para o Rio.

Na reportagem, Aldalita contou que aprendeu a conviver com o futebol nos anos de namoro e noivado. “O futebol é muito bom, dá bastante dinheiro enquanto se está jogando. Depois, ninguém sabe. O remédio é estar sempre de olho aberto para o futuro e cuidar de guardar algum dinheiro”, comentava. Outra preocupação da noiva era com as contusões: “Muitas vezes fiquei morta de medo, vendo Escurinho rolar do beque adversário. Atualmente, já nem vou mais aos jogos. Fico em casa, ouvindo pelo rádio ou vendo pela televisão”.

SEM LUA DE MEL
O casamento foi realizado na Igreja de Santa Teresinha, na Rua Mariz de Barros, na Tijuca, e a festa na casa da noiva. O padrinho Clóvis foi o único jogador do Fluminense a comparecer, e o motivo foi o mesmo que tirou Escurinho da festa logo no início: a equipe estava concentrada para o jogo no domingo, contra o Botafogo. O clássico terminou empatado por 2 a 2, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo, que seria conquistado pelo tricolor.

Escurinho jogou no Villa de 1949 a 1954, marcou 26 gols em 83 partidas e participou da conquista do título mineiro de 1951 (ao lado de Arizona e Vaduca são os únicos campeões vivos). No Flu, até 1964, foram 490 partidas e 111 gols. No ano seguinte, o ponta defendeu o Atlético Júnior de Barranquilla, na Colômbia. Também jogou na Portuguesa e no Bonsucesso.
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