Mineira de Varginha, Amanda Ribas será o centro das atenções em sua terra natal neste sábado. A partir das 19h (de Brasília), a cidade do Sul de Minas deverá parar para conferir a estreia de sua representante no principal evento de MMA. Ela estreará na divisão peso palha (até 52kg) no UFC em Minneapolis (EUA), diante da norte-americana Emily Whitmire, no card preliminar, depois de longa espera.
Amanda, 25 anos, assinou com o UFC em 2017, mas foi da alegria à decepção em um curto espaço de tempo. Flagrada em teste antidoping fora do período de competição, em junho do mesmo ano, com a substância ostarine, recebeu suspensão da Agência Antidoping dos EUA, a USADA, e só foi liberada para estrear em 2019, depois que teve a pena reduzida ao comprovar ter sido vítima de um suplemento contaminado.
Em entrevista ao SUPERESPORTES, a mineira disse que aprendeu muito com o caso de doping e avisou que o tempo de inatividade a permitiu se aperfeiçoar com treinamentos específicos, enquanto aguardava a liberação para estrear. Amanda revelou que terá uma torcida especial em Varginha, com telões espalhados pela cidade para acompanhar a filha ilustre em ação no octógono. Ela pretende retribuir o apoio com um belo começo no UFC.
Amanda Ribas é mais uma mineira a tentar a sorte no principal evento de MMA. Ela se junta a Poliana Botelho, atleta nascida em Muriaé, na Zona da Mata, que compete na divisão peso mosca (até 58kg). Outra representante do estado é a belo-horizontina Norma Dumont, a Imortal, que fechou contrato em abril deste ano para lutar na categoria dos penas (até 66kg), mas ainda não teve a estreia marcada.
Confira a entrevista
Depois de dois anos na expectativa, finalmente você terá a chance de estrear no UFC. O que fazer para segurar a ansiedade após tanto tempo de espera e não deixar que isso atrapalhe n a luta em Minneapolis?
Foi tanto tempo que deu para ter ansiedade, deu para parar, ter de novo. Aconteceu tanta coisa que agora eu tô tranquila.
Ficar sem lutar durante dois anos pode prejudicar o ritmo na hora da luta? Ou a preparação serve para amenizar qualquer problema nesse sentido?
Eu só fiquei parada no MMA, mas competi em tudo o que a USADA não me proíbia. Então, lutei jiu-jitsu, boxe e tudo mais que podia. E ainda tava sempre simulando luta nos treinos cmo se fosse oficial. Então isso não me atrapalha não.
Emily Whitmire vem de duas vitórias seguidas no peso palha feminino. Além disso, lutou pela última vez em janeiro deste ano e tem tempo de inatividade menor que o seu. Isso interfere no lado emocional?
Para mim é bom, sinal de que eu estou pegando uma atleta que vem em ascendência na organização. Se você quer ser a melhor, você tem que lutar com as melhores. Acaba que é uma oportunidade de já chamar a atenção.
Você estreia em um momento especial para o MMA feminino, principalmente no Brasil, que tem uma campeã em duas categorias. Como levar esse momento positivo para o octógono?
Estou me espelhando nelas. Pegando energia positiva delas para poder brilhar ali. E nesse evento ainda tem vários brasileiros, mas eu sou a única menina. Espero dar show e representar muito bem todos os brasileiros e, principalmente, as mulheres brasileiras.
Quando tava acabando, a USADA disse que foi contaminação mesmo e ali caiu um peso das minhas costas. Acho que hoje sou uma atleta muito mais experiente em vários aspectos. Nesse meio tempo conheci toda a estrutura do UFC, me acostumei mais com a organização, me preparei mais e hoje tenho a cabeça muito melhor para estar ali dentro.
O jiu-jitsu é uma arma imprescindível para a estreia? Ou a luta em pé pode ser um diferencial para vitória?
Como eu sou faixa preta de judô e de jiu-jitsu, eu prefiro lutar chão. Ainda mais que a Emily também gosta de chão. Mas vamos sentir como vai ser a luta em pé também.
Como é sua relação com Minas atualmente? Em Varginha, sua terra natal, você terá muita torcida?
É muito boa. Na minha cidade, estava cheio de outdoor espalhado, colocaram telão no shopping da cidade para a galera se reunir lá, nos restaurantes para assistir a luta. Finalmente vai ter uma menina de uma cidade pequena, do sul de Minas, conquistando o mundo. E o pessoal tá bem animado, acho que eles tão até mais ansiosos que eu.
Você começou no jiu-jitsu com seu pai. Ele ainda é seu grande incentivador? Como é a relação entre vocês e também com sua família? O apoio é total na carreira de lutadora?
Nesse aspecto, eu sou uma abençoada. Meu pai e minha mãe me incentivam muito. Meu irmão é meu preparador físico. Minha irmãzinha também luta, por hobby, mas me ajuda. A gente é uma grande família lá na academia, todo mundo se apóia. Meu pai continua me treinando, além de que é meu pai também e me incentiva o tempo todo.
Você pensa em participar de algum evento no Brasil? Ou ainda não é uma prioridade, prefere pensar nisso só depois?
Eu prefiro lutar no Brasil, tenho vontade sim, mas não é minha prioridade agora. Eu tenho o sonho mesmo é de lutar no Japão.
Você já está adaptada ao ritmo de treinos nos EUA. É muito diferente do método de preparação aqui? Muitos atletas tentam a sorte nos EUA. O problema aqui é a falta de investimento no esporte?
Para mim, a principal diferença é ter muito feriado. Então, acaba que diminui muito o ritmo de treino quando tem feriado, porque o pessoal viaja. Sobre o método de preparação, lá nos EUA estamos bem também, mas não senti tanta diferença nesse aspecto.
UFC on ESPN 3
Sábado, 29 de junho
Horário: a partir das 19h (de Brasília)
Local: Target Center, em Minneapolis (EUA)
Card principal
Francis Ngannou x Junior Cigano - pesos pesados
Jussier Formiga x Joseph Benavidez - peso mosca
Demian Maia x Anthony Rocco Martin - meio-médios
Drew Dober x Marco Polo Reyes - peso leve
Alonzo Menifield x Paul Craig - meio-pesados
Card preliminar
Ricardo Carcacinha x Journey Newson - peso galo
Eryk Anders x Vinicius Mamute - meio-pesados
Jordan Griffin x Vince Murdock - peso pena
Jared Gordon x Dan Moret - peso leve
Emily Whitmire x Amanda Ribas - peso palha
Maurice Greene x Junior Albini - peso pesado
*Em negrito os brasileiros
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*Em negrito os brasileiros