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TIRO LIVRE

Tempos modernos

Depois de um 2016 doído e remoído, é hora de projetar os próximos 11 meses

postado em 27/01/2017 12:00

Edesio Ferreira/EM/D.A Press
Início de ano, geralmente, é um período marcado pela renovação na esperança, pela crença de que há algo de bom no porvir. Por mais difíceis que as coisas estejam, em qualquer setor da vida, cada vez que o mês de janeiro bate à nossa porta a gente teima em acreditar num novo começo de era, de gente fina, elegante e sincera, como canta Lulu Santos. E é apostando nisso que a temporada de futebol começa pelos lados de Minas Gerais e Tiro Livre dá seu pontapé inicial em 2017.

Depois de um 2016 especialmente doído e remoído, é hora de projetar os próximos 11 meses. Do passado, que sejam usadas apenas as lições, porque também não adianta ficar apontado o dedo para o que deu errado sem indicar soluções para que novos caminhos sejam encontrados. Talvez seja esse o principal problema dos derrotistas: eles andam em círculos, culpando o que já passou, em vez de dar chance para que o presente chegue com a correção de rumo.

E foram muitas as lições deixadas para os times da capital na última temporada. América, Atlético e Cruzeiro viram que de nada adianta contratar na baciada (foi um tal de ir, de maneira quase obcecada, atrás de gringos, ou de repatriar brasileiros inexpressivos, sendo que foram raras as escolhas acertadas), nem trocar treinador como jogador troca o corte de cabelo (nesse quesito, especialmente, a conta foi alta), muito menos acreditar que camisa e torcida (por vezes, a aposta recaiu até em estádio) vão ganhar jogo, garantir título.

O projeto precisa passar pela qualidade, e isso está longe de significar quantidade. É investir certo, em peças pontuais, em vez de distribuir dinheiro trazendo atletas que passarão despercebidos e vão embora sem deixar sequer rastro – Borges e William Barbio estão aí para servir de exemplo no América, da mesma forma que atleticano algum deverá sentir falta do zagueiro Ronaldo e cruzeirense nenhum certamente lamentará a saída de Federico Gino.

Por mais que futebol não tenha receita pronta, há alguns caminhos que minimizam a margem de erro e aumentam a margem de segurança. A contratação de Thiago Neves e a permanência de Mano Menezes no Cruzeiro estão na lista dessas cartadas positivas. Em termos de gastos, um Thiago Neves deve custar quase o mesmo tanto do pacote argentino trazido pelo clube celeste no ano passado, formado por Pisano, Romero, Sánchez Miño, Ariel Cabral e Ábila – e do qual três chegaram a jogar com certa frequência (Cabral, Romero e Ábila), mas só um (Romero) se tornou titular de fato.

O esforço do Atlético na busca por um jogador do calibre de Elias também é louvável. Volante de qualidade para um setor carente há muito tempo no time e desmantelado com a saída de Leandro Donizete, especialmente, já que Júnior Urso fazia mais as vezes de atacante, e Rafael Carioca tem pouco poder de marcação. Mas é preciso alertar que apenas Elias não vai resolver o problema, a carência de volantes vai continuar, e não somente por causa da recente lesão de Lucas Cândido. É por questão do estilo das opções que Roger Machado tem. Por falar no treinador, embora credenciado pelo bom trabalho no Grêmio, ele ainda se situa na seara das apostas. É um técnico de filosofia moderna, estratégias ofensivas, e isso é um bom cartão de visitas. Mas só a prática vai mostrar se ele dará liga com o grupo atleticano, cheio de atletas rodados.

No América, o sinal de alerta acende quando se vê que 13 jogadores foram contratados, número muito alto, e a diretoria ainda fala em trazer “mais dois ou três”. Desses 13, muitos são velhos conhecidos e estão longe de encher os olhos dos torcedores, como Renan Oliveira e Felipe Amorim. Mas contam com a confiança do treinador, Enderson Moreira, que tem crédito – ele pegou o bonde andando, e a caminho da Segunda Divisão. É o menos culpado do desastre e já mostrou competência. Precisa de apoio da diretoria e condições de trabalho.

Que 2017 reserve notícias melhores nos gramados de Minas. Recorrendo a Lulu Santos novamente, vamos viver tudo o que há pra viver, que nos campos isso signifique títulos. Vamos nos permitir.

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