Botafogo lidera o Campeonato Brasileiro, com 24 pontos em dez rodadas (Foto: Iconsport )

 

Um quarto do Brasileirão se passou e o Botafogo segue líder. Ele não está ali por apenas um único motivo, é claro. Mas eu fico com a versão de que a construção desse time (e elenco) é o verdadeiro segredo do sucesso.



Vejamos a sucessão dos fatos: o Botafogo conquistou o acesso para a Série A em 2021 e, no início de 2022, virou SAF ao ser comprado pelo americano John Textor. Ali foi iniciado um processo de profunda profissionalização em diversas áreas.

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Uma delas, e das mais exigidas naquele momento, foi a de scout e mercado. Alessandro Brito, responsável por formar o Atlético-MG campeão brasileiro e da Copa do Brasil em 2021, foi contratado com a missão de criar um departamento de informação do clube.

Não houve tempo de análise suficiente até o fechamento da primeira janela, em abril. Ainda assim, o Botafogo precisava urgentemente de reforços, pois tinha um elenco majoritariamente de nível da Série B.



 
 

Botafogo investiu alto 


Por isso, investiu alto em nomes como Patrick de Paula, Victor Sá, Gustavo Sauer e Tchê Tchê. Cuesta e Lucas Fernandes, entre outros, chegaram por empréstimo, totalizando aproximadamente uma janela de R$ 65 milhões (não necessariamente pagos no curto prazo).

 
 
O time ainda não era competitivo o suficiente, ainda faltava um longo caminho pela frente. O departamento começou a trabalhar e, com tempo até a abertura da segunda janela, no meio do ano, tratou de seguir as seguintes diretrizes:
  • Jogadores livres no mercado, em fim de contrato, uma vez que os gastos da primeira janela já foram consideráveis. Por mais que as luvas costumem ser mais caras neste caso, não pagar pelos direitos econômicos ainda é o melhor negócio.

  • Atletas com bom perfil físico, independentemente da idade, para casar com o estilo de jogo adotado por Luís Castro, de pressão à bola e com capacidade para percorrer grandes distâncias.



  • Nomes com "folha em branco", sem grande histórico no futebol brasileiro. Aqui, a ideia era buscar jogadores que pudessem ter fome para provar algo e criar um vínculo com um grande clube como o Botafogo. Dessa maneira, o Botafogo acabou por fazer talvez uma das maiores janelas da sua história, com 10 reforços: Lucas Perri (goleiro), Adryelson (zagueiro), Marçal (lateral-esquerdo), Danilo Barbosa (volante), Gabriel Pires (volante), Eduardo (meia), Jacob Montes (meia), Júnior Santos (atacante), Luis Henrique (atacante) e Tiquinho Soares (atacante). 

Entre chegadas a "custo zero", empréstimos e aquisições, o Botafogo gastou aproximadamente R$ 15 milhões. Eu poderia usar exclamações aqui tranquilamente. É de se esperar que a folha salarial tenha dado um salto significativo, e que as luvas tenham sido consideráveis, mas estamos falando de toda a espinha dorsal do hoje líder do Brasileiro. E que já havia feito um segundo turno de recuperação em 2022, respeitando o processo de adaptação de muitos atletas que atuavam fora do país.

Botafogo teve postura diferente em 2023 


Para 2023, já com a base montada, e sem a vaga na Libertadores, o Botafogo foi mais comedido. Marlon Freitas (volante), Luis Segovia (zagueiro) e Carlos Alberto (atacante) chegaram no modelo "custo zero". Cuesta foi comprado após empréstimo, enquanto Júnior Santos voltou após breve período no Fortaleza.

Dugout

 
Ainda vieram Di Placido (lateral-direito) e os jovens Matías Segovia e Diego Hernández (ambos atacantes e já donos de um perfil diferente, jovens sul-americanos). No total, quase R$ 29 milhões gastos, nunca à vista.



 
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Somados à base, ainda um pouco tímida, mas muito melhor que em outros tempos, o Botafogo conseguiu, em tão pouco tempo, reformular o seu elenco. E torná-lo um dos melhores custos-benefícios do país.

Se vai dar em título nós não sabemos. Mas convenhamos: ninguém espera que dê agora. Esse é um processo e, queiram ou não, faz bem respeitá-los. Com a manutenção de um grande trabalho por mais algumas janelas, as maiores recompensas seguramente estarão esperando lá na frente.