None

COLUNA TIRO LIVRE

Es­co­la­do em Co­pa do Bra­sil

Com o Cruzeiro, também ganhou o benefício da segunda chance. E Mano tem provado que costuma aproveitar bem as segundas chances que a vida dá

postado em 25/08/2017 12:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Quan­do dis­se que tem “ex­pe­riên­cia no ne­gó­cio”, ao se re­fe­rir a mais uma fi­nal de Co­pa do Bra­sil no cur­rí­cu­lo, o téc­ni­co do Cru­zei­ro, Ma­no Me­ne­zes, não es­ta­va exa­ge­ran­do. Real­men­te, ele é es­co­la­do no tor­neio: es­ta é a no­na edi­ção da qual par­ti­ci­pa e ape­nas em duas de­las a equi­pe que di­ri­gia não es­te­ve en­tre as oi­to me­lho­res – em 2003, quan­do caiu na pri­mei­ra fa­se com o Gua­ra­ni de Ve­nân­cio Ai­res-RS, e em 2006, eli­mi­na­do na se­gun­da ro­da­da com o Grê­mio. Cin­co ve­zes se­mi­fi­na­lis­ta, es­tá em sua ter­cei­ra de­ci­são. E o que não fal­tam são ca­sos in­te­res­san­tes e ca­mi­nhos cru­za­dos nes­sa tra­je­tó­ria de Ma­no na Co­pa do Bra­sil.

A pri­mei­ra par­ti­ci­pa­ção de­le na com­pe­ti­ção foi pe­lo clu­be on­de es­treou co­mo trei­na­dor de um ti­me pro­fis­sio­nal, em 1997: o Gua­ra­ni de Ve­nân­cio Ai­res. Ga­ran­tiu va­ga na Co­pa do Bra­sil de 2003 com a sur­preen­den­te con­quis­ta do Cam­peo­na­to Gaú­cho no ano an­te­rior, mas não re­sis­tiu ao pri­mei­ro ad­ver­sá­rio, o Amé­ri­ca-RN. O vi­ce-cam­peo­na­to es­ta­dual de 2003, já com o XV de No­vem­bro, o as­se­gu­rou em sua se­gun­da Co­pa do Bra­sil, e es­sa sim foi his­tó­ri­ca.

Ma­no ga­nhou vi­si­bi­li­da­de no ce­ná­rio na­cio­nal ao le­var o mo­des­to ti­me da ci­da­de de Cam­po Bom, cu­ja mé­dia sa­la­rial dos jo­ga­do­res era de R$ 3 mil, à pri­mei­ra das cin­co se­mi­fi­nais que o trei­na­dor con­ta­bi­li­za (até ago­ra) no tor­neio. A cam­pa­nha foi tão boa que sua equi­pe te­ve um dos ar­ti­lhei­ros da com­pe­ti­ção, Dau­ri de Amo­rim, au­tor de oi­to gols co­mo Alex Al­ves, do Bo­ta­fo­go. Nes­sa ca­mi­nha­da, os gaú­chos dei­xa­ram pa­ra trás a Por­tu­gue­sa San­tis­ta, com dois em­pa­tes (1 a 1 e 2 a 2); o Vas­co, com di­rei­to a go­lea­da por 3 a 0 em São Ja­nuá­rio de­pois de um 1 a 1 no Sul; o Ame­ri­ca­no-RJ, com duas vi­tó­rias (2 a 1 e 3 a 2); o Pal­mas-TO, igual­men­te com duas vi­tó­rias (3 a 0 e 1 a 0); mas pa­ra­ram em ou­tro con­cor­ren­te que tam­bém sur­preen­deu na­que­le ano, o pau­lis­ta San­to An­dré.

O ro­tei­ro foi emo­cio­nan­te. O XV de No­vem­bro ven­ceu a par­ti­da de ida, no Pa­caem­bu, por 4 a 3 – che­gou a abrir 4 a 1 no pla­car –, le­van­do uma gran­de van­ta­gem pa­ra o Sul. A ci­da­de, que ti­nha pou­co mais de 55 mil ha­bi­tan­tes, en­trou em pol­vo­ro­sa. O due­lo de vol­ta foi no Olím­pi­co, em Por­to Ale­gre, e a es­pe­ran­ça da va­ga na fi­nal era tão gran­de que no­ti­ciá­rios da épo­ca re­la­tam que 65 ôni­bus saí­ram de Cam­po Bom em di­re­ção à ca­pi­tal gaú­cha. O jo­go te­ve qua­se 10 mil tor­ce­do­res e ter­mi­nou com a der­ro­ta dos co­man­da­dos por Ma­no por 3 a 1 e a eli­mi­na­ção pa­ra aque­le que se­ria o cam­peão. Tam­bém nu­ma cam­pa­nha ines­pe­ra­da, o San­to An­dré su­pe­rou o Fla­men­go na de­ci­são e le­vou a ta­ça.

A par­tir da­li, a car­rei­ra de Ma­no de­co­lou. Ele pas­sou pe­lo Ca­xias e, em 2005, che­gou ao Grê­mio, ini­cian­do uma as­cen­são me­teó­ria no fu­te­bol bra­si­lei­ro. Cu­rio­sa­men­te, num da­que­les aca­sos do des­ti­no, quem des­pa­chou o tri­co­lor gaú­cho (e Ma­no) da Co­pa do Bra­sil de 2006 foi jus­ta­men­te o clu­be de Cam­po Bom. O XV de No­vem­bro ven­ceu a pri­mei­ra, em ca­sa, por 1 a 0 e o Grê­mio de­vol­veu o pla­car no Olím­pi­co, le­van­do a de­fi­ni­ção pa­ra os pê­nal­tis. Na sé­rie de co­bran­ças, triun­fo da equi­pe do in­te­rior por 6 a 5.

O Cru­zei­ro é o sex­to clu­be di­fe­ren­te pe­lo qual Ma­no dis­pu­ta a Co­pa do Bra­sil e po­de­ria ser o quar­to com o qual che­gou à se­mi­fi­nal, não ti­ves­se dei­xa­do o Fla­men­go pou­co mais de 20 dias de­pois de clas­si­fi­cá-lo pa­ra as quar­tas de fi­nal da edi­ção de 2013 (olha o des­ti­no se cru­zan­do aí de no­vo), ao eli­mi­nar jus­ta­men­te a Ra­po­sa. Em 19 de se­tem­bro, Ma­no pe­diu de­mis­são após a der­ro­ta de vi­ra­da pa­ra o Atlé­ti­co-PR, por 4 a 2, no Ma­ra­ca­nã, pe­lo Cam­peo­na­to Bra­si­lei­ro. Em 27 de no­vem­bro, o ru­bro-ne­gro se sa­gra­va cam­peão sob o co­man­do de Jay­me de Al­mei­da, nu­ma fi­nal con­tra o Fu­ra­cão.

As ou­tras duas se­mi­fi­nais fo­ram com o Co­rin­thians, e em am­bas foi à de­ci­são. Na pri­mei­ra, em 2008, ba­teu na tra­ve, co­mo vi­ce-cam­peão. No ano se­guin­te, le­vou pa­ra ca­sa a úni­ca ta­ça da Co­pa do Bra­sil que tem em sua ga­le­ria. Com o Cru­zei­ro, tam­bém ga­nhou o be­ne­fí­cio da se­gun­da chan­ce, já que no ano pas­sa­do foi eli­mi­na­do pe­lo Grê­mio na se­mi­fi­nal. Pa­ra os su­pers­ti­cio­sos, um bom si­nal pa­ra a fi­nal con­tra o Fla­men­go, pois Ma­no tem pro­va­do que cos­tu­ma apro­vei­tar bem as se­gun­das chan­ces que a vi­da dá.

Tags: cruzeiroec