Justamente por isso foi estranho ouvir o técnico do Cruzeiro, Mano Menezes, rebater de forma tão veemente um repórter que iniciava sua pergunta na noite de quarta-feira, pós-derrota para o Corinthians (2 a 0), destacando o fato de o treinador ter poupado jogadores. “Não poupei. Ninguém foi poupado”, disse Mano, mesmo tendo feito cinco alterações na equipe titular que entrou em campo no Itaquerão: nos lugares de Marcelo Hermes, Dedé, Romero (que foi deslocado para a lateral direita), Robinho e De Arrascaeta entraram Egídio, Manoel, Henrique, Bruno Silva e Rafinha.
Claramente na defensiva, Mano quis dissociar o revés da sua decisão de mexer tanto na escalação. Mudou meio time, e tentou fazer com que isso passasse despercebido. Até passaria se Barcos tivesse convertido as três (ou pelo menos duas) oportunidades claras criadas. Ou se a defesa celeste não tivesse dado tamanha liberdade para Romero marcar os dois gols corintianos. As circunstâncias do jogo, portanto, levaram a esse questionamento, que Mano não aceitou.
Parte da torcida não gostou muito da tática do treinador, pois entendia que, com força total, o Cruzeiro teria mais chances de dar fim ao jejum no estádio – em cinco jogos contra o Corinthians em Itaquera, são quatro derrotas celestes e um empate, ainda assim em amistoso. Talvez não fosse o momento (afinal, excluindo De Arrascaeta, que disputou a Copa do Mundo com o Uruguai, os demais passaram pouco mais de um mês sem partidas oficiais) ou o melhor adversário para poupar tantos de uma vez. Vitória na capital paulista, além de confirmar a ascensão da Raposa na classificação, entraria como bônus, aqueles três pontos fora da curva na contagem que todo treinador faz antes dos campeonatos.
Mas o enredo foi outro. E querendo ou não Mano, as muitas alterações podem sim ter influenciado no placar. Isso não invalida, contudo, a iniciativa do técnico de controlar o desgaste dos atletas. Não é pecado poupar! Pelo contrário. Com o time atuando em três frentes (além do Brasileiro, está na Copa do Brasil e na Libertadores), nada mais inteligente do que fazer o propalado rodízio. E admitir isso, Mano, não é problema.
Contra o São Paulo, domingo, novamente ele vai fazer mudanças na Raposa. Sem dar muito o braço a torcer, o comandante cruzeirense já avisou que vai “tirar um ou outro atleta, se achar que é a hora”. No popular, preservar, poupar. Mera questão semântica. Uma queda de braço com o dicionário que não passa de pura perda de tempo.
Chico, o craque
Quase todo mundo conhece ou já ouviu relatos de algum craque que encantou em campos de futebol Brasil afora, mas que por um acaso do destino não ganhou a notoriedade devida ou se viu forçado a interromper a caminhada antes de galgar degraus definitivos rumo ao topo. Um desses personagens é Chico Duro, goleador de sucesso nos anos 1960, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce – alguns dos contemporâneos o consideravam melhor até que Pelé. Pois Chico disse não ao futebol em nome do seu grande amor, Yolanda, e essa história, pincelada por encontros com Garrincha, Juscelino Kubitschek e Pelé, virou livro: Chico Duro, o craque, escrito pelo jornalista Marcelo Machado e que será lançado em 8 de agosto, na Choperia Redentor, em BH.