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Heleno de Freitas
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ESPECIAL

Sífilis que matou Heleno demora décadas para se manifestar, afirma especialista

"É possível que Heleno tenha contraído sífilis nos primeiros anos da vida sexual"

Publicação:

12/02/2012 06:05

 

Atualização:

10/02/2012 21:45

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Documentos do prontuário 220
Renan Damasceno - Estado de Minas

Heleno de Feitas deu entrada na Casa de Saúde São Sebastião em 19/12/1954, conforme documentos do prontuário 220, uma pasta com cerca de 120 cartas trocadas entre o dr. José Theobaldo Tollendal e Heraldo de Freitas, que custeou as despesas do irmão. Foi o médico que, um mês antes, havia descoberto, em exame na Casa de Saúde Santa Clara, em BH, a doença que mataria Heleno: paralisia geral progressiva (PPG).

Para a médica Lucinéia Carvalhaes, diretora clínica do Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, referência nacional em doenças infecciosas, “é possível que Heleno tenha contraído sífilis nos primeiros anos da vida sexual, pois era comum então ter as primeiras relações com prostitutas”.

Também conhecida por neurossífilis ou sífilis terciária, a PPG é uma manifestação tardia da doença. Não tem cura e o tratamento apenas impede o avanço, sem dar fim às sequelas. A sífilis é um mal silencioso. Na primeira fase, aparecem pequenas feridas, que somem em três semanas. Pouco tempo depois, a manifestação é uma alergia no corpo, que igualmente desaparece.

O paciente perde peso, apresenta fortes dores musculares e passa a caminhar com a base alargada, como se estivesse perdendo o equilíbrio. As principais manifestações psiquiátricas são mania de grandeza, discurso sem nexo e confusão entre fantasia e realidade – sintomas apresentados por Heleno.
Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Estádio do Olympic


Segundo a sobrinha do jogador, Helenize de Freitas, Heleno contava muitos casos já durante o período que morou em São João Nepomuceno, entre 1952 e 1954, antes de se internar em definitivo. “Ele contava para gente que era amigo do Víctor Mature, ator de Sansão e Dalila. Como ele convivia com muitos artistas nos tempos de glória do Rio, a gente era criança e não sabia se era verdade. Só depois, mais tarde, que percebemos que aquilo já era delírio do tio Heleno”, comentou.

O ex-goleiro Danton, que conviveu com Heleno, quando este ia aos treinos do Olympic acompanhado do Dr. Tollendal, em Barbacena, também lembra dos casos megalomaníacos do ex-craque do Botafogo. “Ele falava para gente que namorava as mulheres mais bonitas. Contava que teve caso com a Eva Perón, quando estava na Argentina”, contou.

Antes da descoberta e do aumento do uso da penicilina, nos anos 1940, a neurossífilis era a principal causa de internação entre os quadros psiquiátricos. Na casa de Saúde, Heleno foi tratado com doses de Benzetacil (benzilpenicilina benzatina), antibiótico utilizado para tratar infecções. Ainda hoje, o farmaco é uma das opções mais eficazes para o tratamento da sífilis.

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