Vista aérea das obras de construção do Mineirão; estádio foi inaugurado em 05/09/1965

O maior palco do futebol mineiro, responsável pela ascensão dos clubes do estado no cenário nacional, está prestes a ser reaberto para dar sequência a uma história que começou antes mesmo de sua inauguração, em setembro de 1965. O desejo de construir um estádio de grande porte em Belo Horizonte teve início ainda na década de 1950, poucos anos depois da abertura do incompleto Independência para a Copa do Mundo no Brasil.

A Federação Universitária Mineira de Esportes (Fume) chegou a criar um esboço de arena a ser erguida na Pampulha. Depois, a própria Federação Mineira de Futebol (FMF) lançou a ideia da construção de um estádio municipal às margens da BR-040, na saída para o Rio de Janeiro. Finalmente, o deputado estadual Jorge Carone Filho apresentou o projeto de lei, aprovado em 12 de agosto de 1959, com o número 1.947, que viabilizou a construção com verbas da Loteria do Estado.

O local foi escolhido em seguida: um terreno de 300 mil m2 na Pampulha, pertencente à Universidade Federal de Minas Gerais, que na época iniciava a construção do atual campus. Em 25 de fevereiro de 1960, a União e a UFMG cederam, em regime de comodato, a área para a construção do novo estádio. As obras já haviam começado em julho de 1959, no governo Bias Fortes, sob o comando do jovem engenheiro Gil César Moreira de Abreu.

Em 1961, Magalhães Pinto, político da oposição, assumiu o governo mineiro e afirmou que a construção do estádio não era prioridade para sua gestão. Os investimentos caíram sensivelmente até que a conquista do Campeonato Brasileiro de Seleções por Minas Gerais, em janeiro de 1963, deu novo ânimo ao governador para finalizar o empreendimento.

Jogo de inauguração do Mineirão

O jogo inaugural foi em 5 de setembro de 1965, com a vitória da Seleção Mineira sobre o River Plate por 1 a 0, gol do volante atleticano Buglê. Mas as solenidades se estenderam por 10 dias. Nesse período, houve mais três partidas festivas. Em 7 de setembro, o Palmeiras, representando a Seleção Brasileira, goleou o Uruguai por 3 a 0, com o América atuando na preliminar. Atlético e Cruzeiro também estrearam no estádio em rodadas duplas com outras partidas da Seleção Mineira, contra Botafogo (derrota por 3 a 1) e Santos (vitória por 2 a 1).

FEITOS

A partir daí, o futebol mineiro experimentou evolução fantástica. Pouco depois de completar um ano, o Mineirão viu o jovem time do Cruzeiro golear o Santos de Pelé e cia. por 6 a 2, em 30 de novembro de 1966, e, na segunda partida da decisão, no Pacaembu, em 7 de dezembro, conquistar a Taça Brasil, primeiro título nacional de um clube de Minas. Em 1971, o Atlético se tornou campeão brasileiro.

Na sequência, vieram as conquistas internacionais. A Raposa levantou a Copa Libertadores em 1976, feito que repetiu em 1997. O Galo conquistou a Copa Conmebol em 1992 e 1997. O Cruzeiro foi bi da Supercopa Libertadores em 1991 e 1992. O título da Copa do Brasil foi para a Toca da Raposa em 1993, 1996, 2000 e 2003, ano em que o time celeste se tornou o primeiro campeão brasileiro na era dos pontos corridos.

Nessa época, o Mineirão já havia passado por reformas: a troca do gramado, que o deixou fechado por cinco meses em 1996; do sistema de drenagem e irrigação; da iluminação e do placar eletrônico; além de melhorias nos vestiários e da instalação de pilares de sustentação na arquibancada, cuja vibração assustava os mais desavisados. Em 2004, outra grande mudança: a colocação das cadeiras vermelhas em todo o anel superior.

Uns dos últimos grandes momentos do estádio foram os confrontos entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias Sul-Americanas das Copas de 2006 e 2010. No primeiro, em 2004, a Seleção venceu por 3 a 1, com três gols de Ronaldo, contra um de Sorín. No segundo, em 2008, não saiu do 0 a 0. Em junho de 2010, o Gigante da Pampulha foi fechado para sua mais ampla reforma. Será reaberto em breve para nova parte de sua gloriosa história.

Zito e Pelé, do Santos, durante visita às obras de construção do Mineirao em 1963