
De forma geral, só os asiáticos parecem se preocupar com o risco de infecção pelo vírus, cuja incidência caiu de forma expressiva nos últimos meses, com a queda das temperaturas e a menor precipitação. Nessas condições, afinal, o mosquito Aedes aegypti se reproduz em menor escala.
Mesmo quando faz calor forte, como nesta segunda-feira no começo da tarde, é comum encontrar chineses na área internacional de Vila Olímpica com agasalhos e capuz, ainda que demonstrem claro desconforto. Questionados, dizem ter muito medo do zika. As atletas da ginástica artística dormem cobertas por uma tenda de tela, como aquelas de cobrir bolo.
Sul-coreanos e tailandeses disseram à reportagem que receberam recomendações para cobrirem o corpo ao máximo, além de usarem repelente e deixarem os quartos fechados com telas nas janelas. Quando perguntados, dizem que o zika é uma preocupação real e citam reportagens da imprensa.
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Para a grande maioria dos atletas, o zika era uma preocupação antes da viagem ao Brasil. No Rio, eles descobriram que não há por que esquentar a cabeça. O sul-coreano Joo Saehyuk, por exemplo, usa manga compridas por recomendação do comitê sul-coreano, mas admite que não se sente ameaçado. Seus colegas do time de tênis de mesa também não.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que o risco de contaminação é baixo e "administrável". Margaret Chan, diretora-geral da entidade, disse na sexta que os visitantes devem tomar cuidados pontuais, como valer-se de repelentes e usar roupas apropriadas.
Quando o zika era o assunto da moda, uma empresa de repelentes tornou-se patrocinadora oficial. Graças ao acordo, os atletas recebem um spray quando chegam à Vila. No supermercado da área internacional, uma vendedora disse que não mais do que 30 foram vendidos até agora.
O espanhol Salva Pierra é um que diz que não há mais mosquitos aqui do que na Espanha. Viu pouquíssimos no Rio. Argentinos, canadenses e britânicos, em conversas informais com a reportagem, disseram não sentir uma real preocupação a respeito do zika. Muitos nem repelente lembram de passar.
Muito do temor mundial foi causado pelo golfista irlandês Rory McIlroy, estrela da modalidade e um dos primeiros a alegar que não viria ao Rio porque temia pela saúde dele e da família. O próprio presidente do Comitê Olímpico da Irlanda, Patrick Hickey, diz que houve exagero por parte do seu atleta.
"Eu acho que o risco é mínimo. O resto do nosso time não tem preocupação com zika ou com mosquitos", disse o dirigente ao Estado. "Dissemos isso a ele, mas ele ouviu recomendações de outros médicos especialistas e a gente não quis interferir."
Apesar desse sentimento de segurança entre os atletas, os tenistas Mike e Bob Bryan, gêmeos norte-americanos, anunciaram no fim de semana que não disputarão o Rio-2016 por precauções de saúde. Não citaram o zika, entretanto.
