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Trunfos do Atlético, Hulk e Diego Costa eram palmeirenses na infância

Dupla de ataque alvinegra vai enfrentar o Palmeiras nas semifinais da Copa Libertadores, nas duas próximas terças-feiras

João Vitor Marques
Em 2013, Hulk (à direita) recebeu camisa do Palmeiras do ex-presidente do clube alviverde, Paulo Nobre; atualmente, atacante brilha no Atlético - Foto: Reprodução
Hulk e Diego Costa vão viver uma noite especial nesta terça-feira. Principais estrelas do Atlético, os atacantes pisarão pela primeira vez no gramado do Allianz Parque, estádio do time para o qual torciam durante a infância: o Palmeiras. Em jogo, uma vaga na sonhada final da Copa Libertadores.


Artilheiro alvinegro na temporada, Hulk nunca escondeu que vestia alviverde durante os primeiros anos de vida, na Paraíba. Toda a família era corintiana. Ele, 'do contra', vibrava com a boa fase do Palmeiras na década de 1990.

"Sempre deixei claro, sempre falava nas minhas entrevistas, que eu tinha um carinho especial pelo Palmeiras desde criança. Na minha casa, todos eram corintianos. Hoje, são atleticanos. Mas minhas irmãs e meus pais eram corintianos. Eu era o único palmeirense em casa, tinha esse carinho", disse, em entrevista nesta segunda-feira, véspera da partida de ida da semifinal da Libertadores.

A paixão pelo Palmeiras o aproximou de um acordo com o clube pelo qual torcia. Antes de acertar com o Atlético, chegou a visitar o Allianz para acompanhar um jogo do time. Negociou com os paulistas, mas, sem receber a proposta nos valores que gostaria de receber, ficou livre para se mudar para BH.


"Depois que se torna profissional, você acaba torcendo para o time em que você trabalha. Comigo foi assim. Aqui, desde que cheguei, fui muito bem recebido. Sou muito grato a quem me estende as mãos. O Atlético não só me deu as mãos, como me deu morada, me deu tudo. Eu sou atleticano doente hoje, dou a vida pelo Atlético, entro em campo para dar o meu melhor", prosseguiu.

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Hulk rapidamente criou uma identificação com o Atlético e a torcida. Em 46 jogos, marcou 21 gols e distribuiu 11 assistências. As boas atuações o fizeram cair nas graças dos torcedores, que o homenagearam seguidas vezes na única vez em que puderam ir ao Mineirão desde a chegada do camisa 7: a vitória por 3 a 0 sobre o River Plate, pela partida de volta das quartas de final da Libertadores.

"É muito gratificante quando você chega e, em tão pouco tempo - o jogo contra o River foi o único que joguei com torcida aqui -, receber esse carinho da torcida, usando máscaras e gritando ‘eu sou Hulk, Hulk, Hulk’ quando eu entro em campo. Para mim, isso é muito gratificante. Espero escutar isso por muitos e muitos anos aqui no Atlético e ganhar muitos títulos, porque esta torcida merece demais”, completou.


E Diego Costa?
Hulk e Diego Costa comemoram gol do Atlético contra o Sport - Foto: Pedro Souza/Atlético Novo parceiro de ataque de Hulk, o centroavante Diego Costa também é palmeirense. O sergipano, curiosamente, gostava do Corinthians, mas passou a torcer pelo Palmeiras nos anos 1990.

"Nossa, na época boa do Palmeiras não tinha como. Edmundo eu gostava demais na época do Palmeiras. Evair... só jogadorzaço! Mas eu vou ser bem sincero, antes de ser palmeirense, eu torcia para o Corinthians. Então, o Palmeiras veio para a fase boa e eu virei palmeirense (risos)", contou, em entrevista à ESPN Brasil antes de ser contratado pelo Atlético.

Assim como Hulk, Diego Costa também chegou a ser alvo do Palmeiras no mercado. Mais uma vez, as negociações não foram adiante. Caminho livre para o Atlético, que o contratou. Até aqui, tem dado certo: em quatro jogos (todos incompletos), já marcou dois gols.


Palmeirenses na infância, os dois são as principais armas do ataque alvinegro contra o Palmeiras. Os times se enfrentam a partir das 21h30 desta terça-feira, no Allianz Parque, pelo jogo de ida. A volta será no dia 28 (outra terça-feira), no mesmo horário, no Mineirão, em Belo Horizonte.

Atlético x Palmeiras: a cobertura da imprensa nos jogos mata-mata

Capa do jornal Estado de Minas de 4 de abril de 1996 destaca negativamente a atuação do árbitro pernambucano Wilson de Souza Mendonça: 'Juiz derrota o Atlético'. As reclamações foram, principalmente, pela anulação do gol de bicicleta de Fábio Augusto e a não marcação de um pênalti. No fim das contas, o Palmeiras saiu vencedor do Independência: 2 a 1, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. - Arquivo/EM
'Derrotado, mas não sem bravura'. O destaque das páginas internas do EM naquele 4 de abril de 1996 foi para a boa atuação alvinegra contra o poderoso time palmeirense. A atuação do árbitro voltou a ser questionada. Há, ainda, o relato de um caso de violência: o fotógrafo André Brant, que trabalhava na partida, agrediu Wilson de Souza Mendonça e cuspiu no major Garibaldi, da Polícia Militar. Ele seria preso, mas o caso foi abafado ainda no Independência. No jogo de volta, o Palmeiras goleou por 5 a 0, em São Paulo, e avançou no torneio. - Arquivo/EM
Atlético e Palmeiras se reencontraram em mata-matas nas quartas de final da Copa Mercosul de 2000. A capa do EM de 23 de novembro dá espaço nobre para a goleada sofrida pelo time alvinegro no jogo de ida, em São Paulo: 4 a 1 e desclassificação praticamente certa. O texto fala em 'decepção'. Há, ainda, menção à negociação do atacante Guilherme com o Corinthians. - Arquivo/EM
Nas páginas internas, mais críticas ao Atlético pela goleada sofrida no Palestra Itália: 'Atuação indigna da tradição'. 'Faltou raça e coragem. Faltou brio e respeito à tradição de um grande clube', escreveu o repórter Antônio Melane, responsável pela crônica da derrota para o Estado de Minas. Há, também, menção ao momento financeiro ruim do Atlético: 'Time à venda para pagar dívidas'. Na época, o então gerente de futebol Eduardo Maluf voltou a dizer que o Atlético precisaria negociar dois jogadores para resolver dívidas de aproximadamente R$ 12 milhões. Atualmente, o débito do clube passa do R$ 1,3 bilhão. - Arquivo/EM
A capa do Estado de Minas de 29 de novembro de 2000 destacou o fim de ano melancólico do Atlético, com derrota por 2 a 0 para o Palmeiras no jogo de volta, eliminação na Mercosul e muitos protestos dos torcedores. 'Quase 20 mil pagantes compareceram ao estádio e, ao final, saíram revoltados, clamando por mudanças. Houve protestos no hall do Mineirão. O Clube Labareda e a sede de Lourdes foram protegidos por policiais', lê-se. - Arquivo/EM
'Torcida de coração ferido'. Nas páginas internas daquela edição do EM, a repórter Lilian Monteiro detalhou a atuação apática do time no Mineirão e os protestos dos torcedores. 'Urgente: torcida precisa de apoio do 'time''; 'Jogadores e diretoria, vocês envergonham a nação atleticana', lia-se em duas das manifestações. À época, o presidente do Atlético era Nélio Brant. Curiosamente, o vice era Sérgio Coelho, atual mandatário alvinegro. - Arquivo/EM
Em 2010, Atlético e Palmeiras duelaram nas quartas de final da Mercosul. O primeiro jogo, disputado com mando alvinegro em 27 de outubro, acabou empatado por 1 a 1. Na manhã seguinte, a capa do EM destacava a atuação salvadora do centroavante Obina, que saiu do banco de reservas para reforçar o time misto e garantir, com um gol de pênalti, a igualdade. 'Obina salva o Galo outra vez', lê-se. - Arquivo/EM
O Atlético jogou com vários reservas na Sul-Americana, já que o foco maior era escapar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Obina, titular, salvou: 'atacante esquenta misto e garante empate com o Palmeiras em Sete Lagoas, deixando time em condição de avançar na Sul-Americana', lê-se na crônica daquela partida, publicada no EM. - Arquivo/EM
De nada adiantou o empate em Minas Gerais. No jogo de volta, o Atlético perdeu por 2 a 0, em São Paulo, e foi eliminado pelo Palmeiras. O revés foi destacado na capa do EM: 'Galo perde e dá adeus à Sul-Americana'. - Arquivo/EM
O torneio não era a prioridade do time. Então, apesar de a eliminação ter sido doída, não estremeceu o planejamento alvinegro para a temporada. 'Com um time praticamente de reservas, Galo até que luta muito, mas não segura o Palmeiras. Perde por 2 a 0 e se despede da Sul-Americana', lê-se nas páginas internas do EM. - Arquivo/EM
A capa do EM de 28 de agosto de 2014 dá destaque à vitória do Atlético por 1 a 0 sobre o Palmeiras, em São Paulo, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Logo acima, há menção também à goleada do Cruzeiro por 5 a 0 sobre o Santa Rita (AL), pela mesma fase da competição. Os rivais se enfrentariam na final do torneio, com o Galo levando a melhor. - Arquivo/EM
'Luan garante a festa atleticana'. O título da crônica do jogo contra o Palmeiras é significativo e se aplicaria a várias outras partidas daquela campanha. O 'Menino Maluquinho' foi decisivo e fez gol em todas as fases da Copa do Brasil, conquistada pelo Atlético. - Arquivo/EM
O jogo de volta das oitavas de final também terminou com triunfo atleticano: 2 a 0 no Independência e classificação garantida. Nas páginas internas do EM, a projeção para a fase seguinte: 'Duelo com outro paulista: Atlético despacha o Palmeiras, se classifica para quartas de final da Copa do Brasile e agora enfrenta o Corinthians'. - Arquivo/EM