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Conselheiros do Cruzeiro sugerem criação de comissão para fiscalizar empréstimo milionário

Grupo teria participação de membros da situação e da oposição do clube

Tiago Mattar
Wagner Pires de Sá recebeu sugestão de conselheiros para criação de uma comissão de fiscalização - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press
Os conselheiros do Cruzeiro aprovaram na última segunda-feira, em assembleia no Barro Preto, em Belo Horizonte, a aprovação da captação de um empréstimo de R$300 milhões com um fundo internacional. Depois disso, uma ala de conselheiros do clube solicitou ao presidente Wagner Pires de Sá, responsável pela proposta, a criação de uma comissão para fiscalizar a utilização do dinheiro.

A promessa da diretoria é que todo o montante a ser arrecadado com o fundo estrangeiro terá a finalidade de quitar as dívidas urgentes do Cruzeiro. Conselheiro nato, o desembargador Wanderley Paiva foi quem levou a proposta da criação de uma comissão pareada, com membros da oposição e da situação, ao conhecimento de Wagner Pires.

"Sugeri ao Wagner a criação de uma comissão pareada, com membros da situação e da oposição do clube. Esse grupo seria responsável por fiscalizar como o empréstimo está sendo utilizado, se as dívidas estão sendo quitadas, se o dinheiro está sendo utilizado da forma como tem que ser. Isso dá clareza, transparência ao processo", disse Paiva ao Superesportes

"Membros da diretoria me falaram que já existe o Conselho Fiscal, é verdade, mas o Conselho Fiscal só tem membros da situação. Embora sejam todos conselheiros do clube, são da situação", complementou o desembargador.

Procurado pela reportagem para tratar sobre a solicitação de um grupo de conselheiros, o presidente do Cruzeiro não atendeu aos telefonemas. 

Wanderley Paiva levou ao presidente Wagner Pires de Sá ideia de criação do grupo de fiscalização - Foto: Tiago Mattar/Superesportes
Na assembleia da última segunda-feira, apenas dois, dos 316 conselheiros presentes, se mostraram contrários à operação financeira. Com a proposta aprovada, a diretoria do Cruzeiro passará a tomar as medidas para, de fato, viabilizar o empréstimo com o fundo internacional, que não teve o nome revelado por cláusula de confidencialidade.
A intenção é usar os R$ 300 milhões para quitar dívidas urgentes e passar a ter como credor apenas a instituição estrangeira.

As prioridades são dívidas com clubes, ex-parceiros e agentes por contratações e comissões não pagas. Algumas geraram ações na Fifa. Também estão entre as urgências débitos com instituições financeiras e fornecedores. Estima-se que o valor total do passivo gire em torno de R$ 470 milhões, incluindo impostos já renegociados com o Governo Federal.

O empréstimo

O Cruzeiro informou aos conselheiros que os juros anuais do empréstimo de R$ 300 milhões serão de cerca de 9%. O clube terá um ano e meio de carência, a partir da assinatura do contrato, para começar a pagar a dívida, parcelada em sete prestações semestrais.

A cúpula celeste garantiu ainda que nenhum patrimônio imobilizado do Cruzeiro será colocado como garantia em uma eventual inadimplência. Nesse cenário, o credor único receberia receitas proporcionadas por cotas de televisão, rendas com bilheteria e sócio-torcedor, contratos de patrocínio e venda de direitos econômicos de jogadores. A direção também prometeu manter o departamento de futebol competitivo e forte na briga por títulos.
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