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CRUZEIRO

Agora no Cruzeiro, Rogério Ceni revolucionou Fortaleza e foi comparado a Ferguson na forma de gerir futebol

Técnico exigiu melhoria da estrutura e reconduziu clube a títulos

Thiago Madureira
Primeiro a chegar e último a sair dos treinos, Ceni exigiu profissionalismo máximo no Fortaleza - Foto: Fortaleza/Divulgação
Novo comandante do Cruzeiro, Rogério Ceni é um treinador obcecado pelo trabalho e ajudou a profissionalizar o Fortaleza, destacam jornalistas cearenses ouvidos pelo Superesportes. Segundo eles, o ex-goleiro demonstrou atenção e cobrou mudanças em quase tudo que cerca o clube, do alojamento dos jogadores ao gramado do centro de treinamento.

Pelo estilo e em função do poder que chegou a exercer no Leão do Pici, Ceni é comparado a Alex Ferguson, que marcou época no Manchester United como manager do clube, um treinador com amplas responsabilidades em outros setores da gestão.

“Guardadas as devidas proporções, o Rogério fez um trabalho aqui semelhante ao que Alex Ferguson fez no Manchester United. Era um trabalho de treinador e gestor ao mesmo tempo. Foi ele quem articulou com a diretoria a reestruturação dos dois centros de treinamentos, o Picci e o Ribamar Bezerra. Ele solicitou o mesmo gramado do Castelão no centro de treinamentos. E a diretoria sempre consultou ele para tudo, quase nenhuma decisão era tomada sem a anuência dele, havia um entendimento muito grande entre eles”, destaca o comentarista da TV Verdes Mares, Tom Alexandrino.

Rogério Ceni não abriu mão de gramados de qualidade no dia a dia de treinos do Fortaleza - Foto: Fortaleza/Divulgação

O repórter Gerson Barbosa, do jornal O Povo, também destacou essa característica de gestão e liderança de Rogério Ceni. “Foi um período surpreendente. Desde o começo, ajudou a profissionalizar o clube.
Tudo tinha um dedo dele. Ele viu que a estrutura não era das melhores, e auxiliou no processo de reconstrução dos locais de treinamento. Pediu para derrubar arquibancadas, construiu novas instalações, mudaram os campos. Então, ele tinha uma visão ampla do clube”, destacou.

Estádio Alcides Santos, do Fortaleza, também passou por melhorias a pedido de Rogério Ceni - Foto: Fortaleza/Divulgação

Técnico conciliou exigência alta com bom ambiente de trabalho no Fortaleza - Foto: Fortaleza/Divulgação

Rogério Ceni assinou com o Fortaleza em novembro de 2017. A responsabilidade era grande, pois ele teria a missão de dirigir o Leão do Picci no ano do centenário, em 2018. O início foi um tanto quanto tumultuado. Ele perdeu os dois jogos da decisão do Campeonato Cearense para o Ceará, ambos por 2 a 1. Houve vaias, e ele enfrentou resistência.

“Naquele momento, o Fortaleza vivia dificuldade financeira, mas aumentou a arrecadação porque subiu para a Série B. Como precisa mudar a equipe para uma competição mais difícil, que era a Segunda Divisão, fez do Campeonato Cearense uma espécie de laboratório. Perdeu os dois jogos na final para o Ceará. A torcida não aprovou o começou e chegou a chamá-lo de burro. Em uma entrevista, ele disse que a torcida ainda ia chamá-lo de inteligente. E isso aconteceu na Série B.
O time melhorou o desempenho e foi campeão”, afirmou Alexandrino.

Após o Estadual, Rogério conseguiu acertar o time. O Fortaleza conquistou a Série B de 2018, com 71 pontos, nove a mais em relação ao CSA, segundo colocado.

Formação em campo

Rogério Ceni se adaptou aos elencos que teve. Na Série B em 2018, o Fortaleza jogou no esquema 4-2-3-1. Nesta temporada, o time atua com quatro atacantes, numa espécie de 4-2-4 com a bola e 4-4-2 sem ela. No empate com o Atlético, por 2 a 2, no Independência, no dia 21 de julho, o Leão do Pici entrou em campo com quatro jogadores de ataque: Romarinho, André Luis, Kieza e Wellington Paulista.

“Ele joga sempre para frente, com um estilo bem agressivo. Mas consegue fazer o jogo com o elenco que tem. Ano passado, jogava com um centroavante em grande fase que era o Gustagol. Tinha um meia de armação que era o Dodô. Como perdeu esses dois nomes, montou um time que joga muito com os pontas abertos”, frisou Barbosa.

Avaliação do trabalho

Como treinador, Rogério Ceni ergueu com o Fortaleza a Série B (2018), o Campeonato Cearense (2019) e a Copa do Nordeste (2019). Para o comentarista Tom Alexandrino, Ceni é o maior treinador da história do futebol cearense.

“Em pouco tempo, podemos dizer que é o maior treinador do estado.
Ninguém conseguiu esses títulos. Um título nacional de expressão, que é a Série B, e o maior torneio da nossa região, a Copa do Nordeste”, avaliou o jornalista.

Para Barbosa, ele deixa um legado para o clube. “Ele mudou o Fortaleza, é um cara visionário, obcecado pelo trabalho. Reestruturou o clube, demonstrou personalidade na cobrança com os jogadores e era uma liderança positiva, sendo muito respeitado por todos”, frisou.

Ceni deixou Fortaleza respeitado por conquistas e por mudança estrutura promovida no clube - Foto: Fortaleza/Divulgação

Números

Ceni comandou o Fortaleza em 94 jogos desde 2017, com 51 vitórias, 18 empates e 25 derrotas. O aproveitamento é de 60,63%. Ele é o quinto treinador que mais dirigiu o clube cearense.

Este ano, Ceni esteve à frente do Fortaleza em 38 jogos, com 18 vitórias, nove empates e 11 derrotas. O rendimento na temporada é de 55,25%. No Campeonato Brasileiro, ele deixa o clube em 14º lugar, com 14 pontos.

O Cruzeiro será o terceiro clube de Ceni como treinador. Antes de dirigir o Fortaleza, ele esteve à frente do São Paulo por seis meses em 2017. Em 37 jogos, teve 14 vitórias, 14 empates e dez derrotas. O aproveitamento foi de 49,5%.

No comando do Tricolor, Ceni foi eliminado pelo Corinthians nas semifinais. Na Copa do Brasil, caiu para o Cruzeiro na quarta fase. Na Copa Sul-Americana, foi eliminado para o modesto Defensa y Justicia da Argentina na primeira fase.
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