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Cruzeiro emite nota de repúdio a casos de violência e racismo no futebol: 'Absurdo'

Assinado por Zezé Perrella, texto detalha decisão de torcida única em clássicos

Redação
Além de caso de injúria racial, clássico entre Cruzeiro e Atlético teve cenas de violência na arquibancada - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Nesta quarta-feira, o Cruzeiro divulgou uma nota de repúdio a casos de racismo e violência no futebol. Assinada por Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo e gestor do futebol do clube, o texto foi emitido três dias depois do clássico entre o time celeste e o Atlético, no Mineirão. A partida ficou marcada por briga entre torcedores e episódio de injúria racial ao segurança Fábio Coutinho. Os suspeitos do crime são os torcedores atleticanos Adrierre Siqueira da Silva e Nathan Siqueira da Silva. 

No comunicado, Zezé Perrella detalha a decisão tomada em consenso com o Atlético sobre a presença de torcida única nos próximos clássicos e ressalta outros casos de racismo no futebol, como o ocorrido na Ucrânia, onde os atacantes brasileiros Taison e Dentinho, do Shakhtar Donetsk, foram insultados pela torcida do Dínamo Kiev

“Diante dos inúmeros fatos ocorridos ultimamente nos campos de futebol pelo mundo, culminando com as barbaridades vistas por todos após o clássico de domingo, não vi outra alternativa senão chamar o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, para um acordo prontamente aceito por ele: a partir de agora vamos jogar as partidas entre nós somente com torcida única.Como seria bom ter o Mineirão dividido proporcionalmente de acordo com a força de suas torcidas. Só que a violência chegou e de forma exagerada. Não há como controlar a fúria desses marginais sem que haja choque e atitudes violentas. Isto não pode ser uma decisão eterna, mas uma medida imediata para que juntos com os demais torcedores, imprensa, autoridades policiais e políticas possamos encontrar um melhor caminho rapidamente. E para “ilustrar” ainda mais aquela tarde violenta no Mineirão, foi possível registrar os ataques racistas de dois indivíduos contra um dos seguranças que estavam trabalhando.
(Racismo) É outro fenômeno mundial e na Europa parece que está num processo mais acelerado que no Brasil. Frequentemente assistimos atos racistas na Itália, Rússia e outros países do leste europeu. Outras cenas, ocorridas também no domingo, envolvendo os atletas Taison e Dentinho na Ucrânia com imagens para todo o mundo, também merecem uma punição”, dizem alguns trechos compilados da nota do Cruzeiro (leia na íntegra logo abaixo).

OS CASOS NO CLÁSSICO

Após o empate por 0 a 0 no clássico desse domingo, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, as arquibancadas do Mineirão viraram “praça de guerra”. Em meio à confusão, Adrierre Siqueira da Silva se dirigiu ao segurança Fábio Coutinho com menosprezo e disse: ‘Olha a sua cor’. As imagens foram flagradas pelo jornalista Lucas Von Dollinger, da Rádio 98FM. Já o jornalista Fael Lima, da TV Alterosa, registrou o momento em que o mesmo torcedor deu uma cusparada no rosto do profissional.

Irmão de Adrierre, Nathan Siqueira da Silva também é suspeito de ter cometido injúria racial por supostamente ter chamado Fábio Coutinho de 'macaco'. Nathan nega e alega ter dito 'palhaço', não 'macaco'. Os dois pediram desculpas e alegaram que não são racistas. Para isso, utilizaram justificativas como, por exemplo, dizer que têm parentes negros e vão a cabeleireiros negros.

O caso viralizou nas redes sociais momentos depois do clássico. Nessa segunda-feira, um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o ocorrido. A pena vai de um a três anos de reclusão e multa. Os torcedores foram expulsos do quadro de sócios do Atlético
 
Pelas confusões antes e depois do jogo no Mineirão, a Polícia Militar informou que 53 pessoas foram detidas.
 
LEIA, NA ÍNTEGRA, A NOTA DIVULGADA PELO CRUZEIRO

Diante dos inúmeros fatos ocorridos ultimamente nos campos de futebol pelo mundo, culminando com as barbaridades vistas por todos após o clássico de domingo, não vi outra alternativa senão chamar o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, para um acordo prontamente aceito por ele: a partir de agora vamos jogar as partidas entre nós somente com torcida única. E, por favor, não entendam isso como uma forma de privar a entrada de público adversário no estádio, mas sim a de preservar a integridade daqueles torcedores que vão aos jogos com suas famílias para um momento de emoção e lazer.

Queremos sim privar o acesso de pseudo torcedores e marginais que se travestem de emoção e paixão pelo clube para dilapidar o patrimônio, agredir pessoas sem mensurar consequências. Se fossem realmente apaixonados, eles não colocariam seus clubes em risco de perda de mando de campo e outros prejuízos mais.
 
É uma atitude antipática no sentido de punir os baderneiros que quase nunca são alcançados pelo nosso código penal, com raras exceções.
Como seria bom ter o Mineirão dividido proporcionalmente de acordo com a força de suas torcidas. Só que a violência chegou e de forma exagerada. Não há como controlar a fúria desses marginais sem que haja choque e atitudes violentas. Eles transformam os estádios em verdadeiras praças de guerra, vão preparados para qualquer confronto, sem qualquer respeito a crianças, mulheres, idosos ou qualquer cidadão menos protegido no momento.

CRUZEIRO X ATLÉTICO COM TORCIDA ÚNICA! Isto não pode ser uma decisão eterna, mas uma medida imediata para que juntos com os demais torcedores, imprensa, autoridades policiais e políticas possamos encontrar um melhor caminho rapidamente. E este não é um problema exclusivamente mineiro, é uma preocupação mundial.

No Brasil, os torcedores radicais definiram que seus clubes estão proibidos de perder, senão jogadores, técnicos, dirigentes e às vezes até mesmo a imprensa estão condenados a apanhar nos aeroportos ou em seus próprios centros de treinamento. Precisamos dar um basta nisso! E caso venha alguém ou algum órgão contra essa decisão emergencial, que se assine um termo de responsabilidade sobre tudo o que vem acontecendo e nos deem garantias para que possamos continuar nessa irracionalidade.

A imprensa também não ficou de fora desse quadro lastimável de domingo.  Os marginais invadiram a tribuna destinada aos jornalistas e lançaram cadeiras contra vários profissionais. Um absurdo! Depois, foram invadir os camarotes. Imaginem!

E eu pergunto: o torcedor paga caro por um camarote para levar sua família e amigos com segurança e de repente é surpreendido por um bando de marginais invadindo seu espaço, ou então sendo sufocado pelas bombas de gás que a PM necessita usar para conter tais comportamentos.  Outros muitos torcedores em diversos setores do estádio também foram atingidos.

E para “ilustrar” ainda mais aquela tarde violenta no Mineirão, foi possível registrar os ataques racistas de dois indivíduos contra um dos seguranças que estavam trabalhando.
Que fato lamentável! Quanta ignorância num país onde a grande maioria tem descendência afro. Quantos jogadores negros fizeram parte do jogo? É inconcebível nos dias de hoje elementos com esse tipo de comportamento! Quanta estupidez! Que insanidade! Só que a polícia trabalhou em alta velocidade e identificou ambos quase que de imediato. Seria bom que muitos que participaram de outros atos violentos também fossem identificados, porque suas caras estão bem definidas pelas câmeras de televisão.

RACISMO. É outro fenômeno mundial e na Europa parece que está num processo mais acelerado que no Brasil. Frequentemente assistimos atos racistas na Itália, Rússia e outros países do leste europeu. As leis são duras em todo o mundo, porém precisam ser cumpridas fielmente. Outras cenas, ocorridas também no domingo, envolvendo os atletas Taison e Dentinho na Ucrânia com imagens para todo o mundo, também merecem uma punição exemplar. Já passamos do limite de dar um BASTA em qualquer ato discriminando pessoas.

Zezé Perrella
Presidente do Conselho Deliberativo e Gestor de Futebol do Cruzeiro EC.



 
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