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Cruzeiro terá reencontro com técnico Mozart Santos em duelo diante do CSA

Treinador teve passagem apagada pela Toca da Raposa

Rafael Arruda
Técnico Mozart Santos foi aposta do diretor de futebol Rodrigo Pastana - Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
O Cruzeiro terá reencontro com Mozart Santos na partida contra o CSA, às 16h de domingo, no Independência, pela 26ª rodada da Série B. O técnico de 41 anos esteve na Toca entre o início de junho e o fim de julho e não conseguiu tirar o time da parte de baixo da classificação. Após pedir demissão e dar lugar a Vanderlei Luxemburgo, ele assumiu o comando do elenco alagoano no lugar de Ney Franco, no fim de agosto, e obteve até o momento dois triunfos, um empate e um revés em quatro jogos. O Azulão subiu para a oitava posição, com 35 pontos, ao bater o Botafogo por 2 a 0, nesta quinta-feira, no estádio Rei Pelé, em Maceió.



Mozart chegou ao Cruzeiro em 10 de junho, depois de a diretoria dispensar Felipe Conceição em virtude da eliminação para a Juazeirense na terceira fase da Copa do Brasil e do início na Série B com duas derrotas para Confiança (3 a 1) e CRB (4 a 3). Ele veio como aposta do diretor de futebol Rodrigo Pastana, com quem trabalhou justamente no CSA e quase obteve o acesso ao terminar a segunda divisão de 2020 em quinto, com 58 pontos - três a menos que Juventude e Cuiabá, terceiro e quarto colocados.

Em sua apresentação, Mozart ressaltou a preferência por um estilo de posse de bola e intensidade no ataque, além de encarar com naturalidade a desconfiança em seu trabalho. “Lido de maneira bem natural e acho super normal isso. Sou jovem como treinador. Estou no meu terceiro clube como treinador profissional. Tenho um histórico grande na base, mas como treinador profissional é meu terceiro clube. Essa desconfiança vai se dissipar com os resultados, com desempenho, acredito muito”.

Na estreia de Mozart, o Cruzeiro empatou por 1 a 1 com o Goiás, em 12 de junho, no Mineirão, pela terceira rodada. O gol foi marcado aos 42 minutos do segundo tempo por Marcinho, que esteve a ponto de ficar fora dos planos de Felipe Conceição, porém ganhou oportunidade com a nova comissão técnica. No duelo seguinte, a equipe superou a Ponte Preta por 1 a 0, no Moisés Lucarelli, em Campinas, com gol do atacante Bruno José.



A invencibilidade de Mozart no Cruzeiro caiu logo na terceira partida, diante do Operário, fora de casa, pela quinta rodada: 2 a 1. O treinador renovou a confiança da torcida no compromisso seguinte ao bater o Vasco de virada por 2 a 1, no Mineirão, com dois gols do volante Matheus Barbosa. A euforia pelo resultado foi tão grande que as caixas de som do estádio tocaram a sinfonia Eine kleine Nachtmusik, do famoso compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, que viveu no século 18.

O início que aparentava promissor deu lugar a uma sequência sem vitórias, e Mozart passou a ser criticado pelas constantes mudanças na escalação. Em muitas oportunidades, ele perdeu atletas por lesão e/ou suspensão, porém ao mesmo tempo fez modificações por opção, como a escalação de Matheus Barbosa no lado direito da zaga no empate por 0 a 0 com o Brasil de Pelotas, no Rio Grande do Sul, pela nona rodada. Artilheiro do time em 2021, com sete gols, o volante acabou sofrendo uma contusão muscular no jogo.

O ápice da insatisfação da torcida cruzeirense veio no confronto com o Avaí, no Mineirão, em 17 de julho, pela 12ª rodada. Mozart, que estava suspenso, foi substituído por seu auxiliar, Denis Iwamura. Com uma formação desajustada principalmente no segundo tempo, quando passou a jogar com apenas um zagueiro de ofício - Rhodolfo -, o time celeste tomou gols em contra-ataques e viu o adversário ganhar fácil por 3 a 0.



Mozart Santos durou mais três jogos à frente do Cruzeiro: derrota para o Remo, no Pará, por 1 a 0; empate com o Vila Nova-GO, em Goiânia, por 0 a 0; e empate com o Londrina, em Belo Horizonte, por 2 a 2. O próprio treinador pediu desligamento do clube em 30 de julho de 2021, após um retrospecto de duas vitórias, sete empates e quatro derrotas em um mês e 20 dias de trabalho (33,33% de aproveitamento).

Vale lembrar que o Cruzeiro não podia demitir Mozart, uma vez que havia feito o mesmo com Felipe Conceição no começo da Série B. No regulamento de 2021, a Confederação Brasileira de Futebol permitiu apenas uma dispensa sem justa causa. Em entrevista ao Superesportes no dia 2 de agosto, o treinador corroborou a versão passada pelo diretor de futebol Rodrigo Pastana. “Foi um pedido de demissão simples para que o clube pudesse contratar outro profissional. Vida que segue”.

Mozart também ressaltou que o seu sucessor no Cruzeiro conseguiria desenvolver um bom trabalho. “Pode ter certeza que o treinador que chegar vai pegar um padrão de jogo legal (...). Os resultados viriam comigo, mas é óbvio e justo que se troque depois de nove jogos sem vencer. Não levo isso para o lado pessoal, e sim para o profissional. Mas tenho certeza que o time vai ter resultado, muito pela herança boa de desempenho que vai pegar”.



De fato, Vanderlei Luxemburgo alcançou melhores resultados pelo clube em comparação a Mozart: quatro vitórias e seis empates em 10 jogos (60% de aproveitamento), com 11 gols marcados e sete sofridos. Apesar dessa evolução, o Cruzeiro continua distante do G4 - 13 pontos a menos que o quarto colocado, CRB - e tem 0,6% de chance de subir à primeira divisão, segundo o Departamento de Matemática da UFMG. No cenário atual, será necessário ganhar no mínimo 11 dos 13 compromissos restantes.

Adversários no domingo, Luxemburgo e Mozart são velhos conhecidos no mundo da bola. Em 2000, o treinador cruzeirense, à época na Seleção Brasileira, convocou o então volante do Flamengo para a disputa dos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália. O Brasil avançou em primeiro lugar no Grupo D, que também tinha Japão, África do Sul e Eslováquia, porém caiu nas quartas de final ao perder por 2 a 1 para Camarões, que passou pelo Chile na semifinal e faturou a medalha de ouro com vitória sobre a Espanha nos pênaltis.