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Clubes da elite querem reduzir número de rebaixados no Brasileiro

A ideia é que sejam três clubes rebaixados por temporada, não quatro; desde 2004, cada edição da Série A manda quatro equipes para a Série B

15/02/2023 10:10 / atualizado em 15/02/2023 10:17
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Ideia de mudança no sistema de rebaixamento do Brasileiro foi levada ao Conselho Técnico dos 20 clubes da Série A
foto: Lucas Figueiredo/CBF

Ideia de mudança no sistema de rebaixamento do Brasileiro foi levada ao Conselho Técnico dos 20 clubes da Série A

 

Uma parte dos clubes da Série A no Campeonato Brasileiro quer mexer na estrutura do sistema de pontos corridos. A ideia é que sejam três os clubes rebaixados, não quatro.

Desde 2004, cada edição da Série A manda quatro equipes para a Série B. Na fórmula atual, sem mata-mata para decidir classificados e campeão, o único ano em que menos times caíram para a segunda divisão foi em 2003: dois.

 

A ideia de mudança no sistema de rebaixamento do Brasileiro foi levada ao Conselho Técnico dos 20 clubes da Série A realizada nessa terça-feira (14), na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro.

 

O tema não estava na pauta original do encontro, mas foi debatido, sem votação. Ficou estabelecido que uma comissão será formada para avaliar o impacto que a mudança teria nas quatro divisões da competição nacional.

 

As 20 equipes da Série B são resistentes à proposta e publicaram uma nota conjunta manifestando-se contra a possibilidade de alteração no formato. Mesmo diante do argumento de que a mudança seria em todo o sistema do Campeonato Brasileiro, não apenas na elite. Isso significa que o número de rebaixados da Série B para a C também cairia de quatro para três. Mas a resposta dos cartolas é que se perderia o acesso a uma vaga na elite todos os anos.

 

Dirigentes ouvidos pela reportagem, parte deles da segunda divisão, apontaram que a discussão é válida, mas não pode ser levada adiante a toque de caixa. Para eles, não seria correto, por exemplo, que a alteração fosse posta em prática já na edição de 2024, embora esse seja o propósito de outros times, alguns deles da Libra, grupo que reúne 18 agremiações das Séries A e B do Brasileiro.

 

Na LFF (Liga Forte Futebol), que agrega 26 agremiações das três principais divisões, as discussões preliminares a respeito do tema mostraram divisão. Há quem veja a proposta como uma estratégia para reduzir a chance de um chamado "grande" do futebol nacional ser rebaixado.

 

O propósito seria, segundo um presidente simpático à proposta, adequar o Campeonato Brasileiro à realidade das principais ligas europeias. Nos torneios nacionais de Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália, há uma trinca de rebaixados.

 

A comparação chamou a atenção de integrantes do LFF. O mandatário de uma equipe do Nordeste ressaltou que, se o Brasil quer copiar o modelo inglês, pode começar pela distribuição do dinheiro dos direitos de TV.

 

O Futebol Forte e a Libra se dividem em modelos para a liga de clubes, a ser implantada no país a partir de 2025. A principal divergência está nos direitos de televisionamento. Na Inglaterra, há uma diferença relativamente pequena entre o time que recebe mais e o que ganha menos. No Brasil, o dono da maior fatia chega a receber seis vezes mais do que o dono do menor pedaço.

 

O rebaixamento no Campeonato Brasileiro se tornou uma certeza a partir de 2003. Antes disso, foi ignorado, alvo de viradas de mesa ou conspirações desde a criação da versão moderna do torneio, em 1971.

 

O primeiro ano em que se previu a queda de times para a segunda divisão foi 1986. Deveriam ser os oito piores, mas não deu certo. O Botafogo entrou com ação no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e evitou a degola.

 

Houve certa constância a partir de 1988, quando quatro foram rebaixados. A partir de então, os números mais comuns foram dois (de 1990 a 1992, de 1994 a 1995 e em 2003) e quatro (de 1997 a 1999, de 2001 a 2002 e de 2004 em diante).

 

Mas mesmo nas últimas décadas houve torneios em que não caiu ninguém. Em 1987, por exemplo, foi criada a Copa União para reunir o que seriam, teoricamente, os 16 melhores do país. Em 1996, não houve rebaixamentos por causa de suspeita quanto a um esquema de corrupção na arbitragem. Em 2000, na Copa João Havelange, não apenas ninguém foi para a Série B como um clube que começou o ano na terceira divisão (o São Caetano) chegou à final na elite.

 

Rebaixamentos no Campeonato Brasileiro 

 

  • De 1971 a 1985: não houve
  • 1986: seriam oito rebaixados, mas o Botafogo entrou no STJD e não caiu
  • 1987: não houve
  • Entre 1988 e 1989: quatro rebaixados
  • Entre 1990 e 1992: dois rebaixados
  • Em 1993: oito rebaixados
  • Entre 1994 e 1995: dois rebaixados
  • Em 1996: não houve
  • Entre 1997 e 1999: quatro rebaixados
  • Em 2000: não houve
  • Entre 2001 e 2002: quatro rebaixados
  • Em 2003: dois rebaixados
  • A partir de 2004: quatro rebaixados

 


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