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Mãe de Eliza Samudio teme que 'sombra de Bruno' prejudique carreira do neto

Bruninho, filho de Eliza e do ex-goleiro do Flamengo, mudou para o Paraná recentemente para jogar no sub-13 do Athletico-PR

09/05/2023 06:00 / atualizado em 09/05/2023 09:50
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Sônia, mãe de Eliza, e Bruninho, de costas para a foto, se abraçam
foto: Arquivo Pessoal

Sônia, mãe de Eliza, e Bruninho, de costas para a foto, se abraçam

 
O filho de Eliza Samudio e do ex-goleiro Bruno dá seus primeiros passos no futebol, na mesma posição em que o pai jogava antes de ser preso. Bruninho, como é chamado, demonstra potencial para a função e se mudou do Mato Grosso do Sul para o Paraná para jogar no sub-13 do Athletico-PR. 

Bruninho é criado pela mãe de Eliza, Sônia Moura, que há 13 anos faz malabarismo para blindá-lo das notícias relacionadas à morte da filha. A missão, porém, tem ficado cada vez mais difícil, principalmente desde que Bruninho ingressou no Athletico-PR. A maior preocupação dela é que 'a sombra do pai', como ela mesmo frisa, tire o foco dele nos treinos.

- Tenho medo que a história do assassinato da minha filha prejudique o foco ou a carreira do meu neto. Até agora isso não aconteceu, mas nada impede de alguém chegar e falar: 'Ah, aquele ali é filho do goleiro Bruno, o assassino que mandou matar a mãe dele. Ainda bem que o Bruninho é bem resolvido com isso - disse Sônia ao Superesportes.

Eliza também era goleira


Engana-se quem pensa que Bruninho, que tem 1,82m de altura aos 13 anos, herdou o talento com a bola apenas do lado paterno. Eliza também foi goleira por quase uma década no futsal. Uma faceta da modelo, assassinada em 2010 a mando do então goleiro do Flamengo, que poucos conheciam.

- O pai dele nunca foi uma inspiração. Tudo começou de forma natural. Na escola, os meninos brincavam de futebol e ele sempre pedia para jogar no gol. A Eliza também era goleira. Ela jogou futsal por 10 anos, sempre no gol. Eu tenho certeza que se o meu neto tivesse que buscar inspiração, ele buscaria na mãe dele - ressaltou Sônia.
 

Hoje, Sônia apoia 100% o sonho de Bruninho, mas nem sempre foi assim. Foi o marido dela, Hernane Silva de Moura, quem apostou na profissão do neto. Ele faleceu em abril de 2022 após sofrer paradas cardiorrespiratórias.

- Eu não tive uma aceitação muito boa (sobre o Bruninho ser goleiro), mas o meu esposo o apoiava muito a fazer o que gosta. Entendi que isso é o que ele ama fazer - afirmou.


Como Bruninho virou destaque


Bruninho começou a treinar em Campo Grande, na G77, academia de goleiros na região metropolitana. O menino chegou lá com nove anos para treinar sob o comando de Geraldo Harada, conhecido na capital sul-mato-grossense pelo trabalho que já realizava na 'Escolinha Pelezinho', que tem um dos melhores programas de categoria de base do estado. 
  
O preparador de goleiros levou um susto quando recebeu o contato de Sônia. Até então, todo o conhecimento que Harada tinha sobre o assassinato de Eliza havia sido por meio da imprensa. Ter um contato próximo com a família dela, e saber do sonho do menino de seguir carreira no futebol, o comoveu.

- Comecei a treinar futsal com ele no começo de 2019, quando tinha acabado de fazer nove anos. A Dona Sônia sempre foi muito clara comigo em relação à situação financeira deles. Eu cobro dos meninos, né, mas nunca cobrei nada dela. Ele sempre teve bolsa comigo, desde o início, quando não sabia nem posicionar no gol e não sabia fazer uma defesa… Hoje o menino está num time da Série A. Isso não tem preço - contou o primeiro treinador de Bruninho.
 
A evolução de Bruninho nas quadras foi rápida para os padrões do esporte, inclusive na estatura. Em três anos de dedicação aos treinos, Campo Grande já era pequena para o menino. Foi aí que, em 2022, Geraldo entendeu que era hora de prospectar novos horizontes para seu pupilo nos gramados.

- Ele começou a se destacar demais no futsal, né? Então fizemos transição pro futebol de campo, bem lentamente. Só que os clubes daqui, da nossa cidade, ficam muito aquém do futebol dos grandes centros. Ele começou a sofrer assédio de outros clubes, gente querendo levar ele para outros estados, mas a Dona Sônia sempre me deu prioridade e disse era pra eu falar quando achasse que ele estivesse pronto. Conseguimos o teste para ele no Athletico e as coisas aconteceram naturalmente - relembrou.

Dentre as principais contribuições que Harada acredita ter passado para Bruninho, a principal delas é a importância de ter os 'valores do esporte'. Foram anos de convivência e de conversas, muitas delas com uma responsabilidade que o treinador jamais pensou ter que vivenciar.  
 
- Dona Sônia sempre falou que eu fazia um papel suprir essa falta da figura paterna na vida dele. Sempre fiz questão de passar alguns valores importantes de respeito. O esporte ensina muito isso pra gente, mas quando você passa por algo assim, um contato como esse, sabe? Acho que nesses anos, a maior sorte foi a minha de poder treinar um menino tão do bem quanto o Bruninho - afirmou.

Trabalho de gente grande


A rotina do jovem arqueiro é pesada, inclui estudo e treinos diários, além das competições de base. Aos 13 anos, ele já tem até agente gerenciando a carreira. O maior orgulho da avó é afirmar que, apesar do dia a dia cansativo, seu neto não reclama de nada, apenas diz o quanto ama futebol.

- O Bruninho é uma bênção. Se falar pra ele que o treino é às 4h da manhã, às 3h ele já está de pé, pronto pra sair. Por isso, quando falam que ele tem talento, potencial, eu falo que a maior qualidade dele é a disciplina. Não adianta você ter talento e não gostar de treinar. Bruninho gosta de treinar até debaixo de chuva. Nunca vi isso - destacou.

Desde 2022, Bruninho está no Athletico-PR e disputa o Campeonato sul-Brasileiro Sub-13 BG Prime nesta temporada. Ele disputa a segunda rodada do torneio contra o Joinville na próxima quinta-feira (11), às 11h. Na primeira rodada, a equipe paranaense perdeu para o Novo Hamburgo por 1 a 0. 


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