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Atlético aciona STJD por preço de ingressos do clássico; Cruzeiro alega que rival quer 'descontinho' por vias judiciais

Clubes trocaram farpas após reunião na Federação Mineira de Futebol (FMF)

João Vitor Marques Tiago Mattar Túlio Kaizer
Fabiano de Oliveira Costa, do Cruzeiro, e Lásaro Cândido, do Atlético, se posicionaram sobre imbróglio - Foto: Leandro Couri/EM e Reprodução/Twitter
O Atlético acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta quinta-feira para requerer mudanças no preço dos ingressos estabelecidos pelo Cruzeiro para o clássico deste domingo, às 16h, no Mineirão, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. De acordo com o posicionamento da diretoria alvinegra, os valores praticados são abusivos e ferem o estatuto do torcedor. O clube celeste, por sua vez, entende que a ação do rival é uma manobra para conseguir descontos por vias judiciais.

Durante reunião na manhã desta quinta-feira na sede da Federação Mineira de Futebol (FMF), ficou definido que atleticanos que quiserem acompanhar a partida no Mineirão deverão pagar entre R$ 150 e R$ 240. Foram disponibilizados 5.940 ingressos para a torcida visitante. Além dessa quantidade, a diretoria alvinegra adquiriu outros 460 lugares da Minas Arena, administradora do estádio.

O Atlético questiona o fato de que alvinegros e cruzeirenses pagarão valores diferentes por ingressos para um mesmo setor do Mineirão. O clube diz que sua torcida pagará R$ 240 para o setor laranja superior e R$ 150 para o laranja inferior; os mandantes, por sua vez, pagariam, respectivamente, R$ 40 e R$ 30 para esses setores.

Segundo a defesa do Cruzeiro, no entanto, os lugares destinados à torcida do Atlético formam um grande ‘setor visitante’, delimitado por barreira física. O preço do ingresso para esse espaço é comercializado a R$ 240, mesmo valor cobrado para cruzeirenses no setor roxo.

De acordo com o mapa do Mineirão, produzido pela Minas Arena, o grande ‘setor visitante’ engloba blocos de cadeiras dos setores roxo e laranja. De 21 blocos do setor laranja, cinco serão destinados aos atleticanos.

O Atlético se baseia no parágrafo 1º do artigo 24 do Estatuto do Torcedor, que prevê que “os valores estampados nos ingressos destinados a um mesmo setor do estádio não poderão ser diferentes entre si, nem daqueles divulgados antes da partida pela entidade detentora do mando de jogo”.

“O que o Cruzeiro fez fere o regulamento, fere o estatuto do torcedor.
Nas próximas horas, acredito que teremos uma decisão sobre o nosso pedido. Uma delas é a discussão quanto às infrações do regulamento, como os valores dos ingressos e o preço diferente para o mesmo setor. Eles estão cobrando valores superiores aos que cobram da sua torcida. Isso não pode”, declarou o vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha.

No entendimento do Cruzeiro, os valores praticados para a torcida do Atlético são os mesmos que os mandantes pagarão no espaço correspondente. “O Cruzeiro fixou um valor para o visitante e está praticando o mesmo valor para os cruzeirenses no setor correspondente. Eles (o Atlético) não têm dinheiro de pagar e estão tentando um descontinho via judicial. Ele (Lásaro) é desinformado e deturpa tudo. No Mineirão, os visitantes ficam num local específico, delimitado inclusive por barreira física. Sempre foi assim. O que o regulamento diz é que você deve vender para os visitantes ingressos com o mesmo valor de local equivalente para a torcida do mandante. E isso o Cruzeiro respeita e sempre respeitou”, defendeu-se o vice-presidente jurídico do clube celeste, Fabiano de Oliveira Costa.

Troca de farpas

Como tem se tornado praxe em semanas de clássico, as diretorias de Atlético e Cruzeiro trocaram farpas nesta quinta-feira. No início da tarde, o clube alvinegro divulgou uma nota em que faz menção a um cântico da torcida em provocação ao rival: “O Atlético aplaude mais uma vez a sua torcida, pelos tremores que sua presença causa”, lê-se.

O vice jurídico do Cruzeiro, por outro lado, disse que o processo no STJD se deve às condições financeiras do Atlético. “Eles não têm dinheiro para pagar.
A gente ouve que eles têm grandes dificuldades financeiras e não têm condição de efetuar o pagamento. E outra, eles já cobraram valores muito superiores a esses para a torcida do Cruzeiro no Independência. A prerrogativa de preço e carga é do mandante, o regulamento é claro. Agora, se o Atlético não tem dinheiro, eu sinto muito. Sem pagamento, não tem ingresso. E não aceitamos cheque, só TED (Transferência Eletrônica Disponível)”, provocou

Histórico

Para conseguir a redução nos preços dos ingressos, o Atlético também se baseia numa decisão do STJD em 2014. Na ocasião, o Cruzeiro havia definido que atleticanos deveria pagar R$ 1000 para acompanhar a partida de volta da final da Copa do Brasil no Mineirão. O clube alvinegro conseguiu na justiça baixar o valor para R$ 350 - mesma quantia praticada para cruzeirenses no setor correspondente.

“Tivemos um caso parecido em 2014, na final da Copa do Brasil. Naquela época, o Cruzeiro adotou o mesmo procedimento, aumentando de forma lesiva e ilegal o preço dos ingressos para a torcida do Atlético. O Cruzeiro foi obrigado pelo STJD a reduzir os ingressos, teve multa de R$ 200 mil e o torcedor do Atlético pôde ir ao estádio”, disse Lásaro Cândido da Cunha, vice presidente do Atlético.

Vice do Cruzeiro, Fabiano de Oliveira Costa respondeu: “A memória dele (Lásaro) está muito distante, esse senhor vive de situações distantes.
Lembrar de Copa do Brasil, tanta coisa aconteceu depois. O Cruzeiro, na verdade, está disputando duas fases finais de competições importantes, a gente nem lembrava tanto do clássico direito”.

Polêmicas à parte, o Cruzeiro terá um time recheado de reservas na partida deste domingo. O técnico Mano Menezes deixou clara a intenção de preservar titulares de olho no duelo contra o Boca Juniors, na próxima quarta-feira, 21h45, na Bombonera, pela ida das quartas de final da Copa Libertadores. Já o Atlético encara o clássico como a chance de encostar ainda mais nos líderes do Campeonato Brasileiro. Atualmente, o time alvinegro ocupa a quinta colocação, com 41 pontos.

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