2

CT esportivo de BH promove inclusão e desenvolvimento para gêmeos autistas

No Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, mãe solo revela como ginástica artística e judô estão sendo fundamentais para os filhos de seis anos

02/04/2022 07:00 / atualizado em 01/04/2022 11:03
compartilhe
Gabriel e Alice se desenvolveram ao praticarem Judô e Ginástica Artística
foto: Arquivo pessoal

Gabriel e Alice se desenvolveram ao praticarem Judô e Ginástica Artística

O Centro de Treinamento Amigos do Esporte está ajudando no desenvolvimento e na inclusão social dos gêmeos Gabriel e Alice, de 6 anos, ambos com transtorno do espectro autista (TEA). A escola fica na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Nela, os irmão praticam, respectivamente, judô e ginástica artística.
 
A dupla faz parte de um grupo que, hoje, no Brasil, corresponde a aproximadamente dois milhões de pessoas. Neste sábado (2), quando se comemora o Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, a mãe dos gêmeos conta a história de como o esporte é fundamental na vida de seus filhos.

Aos 39 anos, Raquel Helena Martins se deparou com uma situação crítica após o abandono do pai das crianças, quando os irmãos tinham apenas dois anos, e Alice já estava com o transtorno confirmado.
 
Na condição de mãe solo, a engenheira civil precisou lidar com a situação de forma muito delicada. "Os dois tiveram uma regressão em todas as questões, emocionais e físicas", explica.
 
Raquel ao lado de Alice e Gabriel
foto: Arquivo pessoal

Raquel ao lado de Alice e Gabriel

 
 
Ao ser orientada por terapeutas que acompanham os filhos sobre a importância do esporte para o desenvolvimento de crianças com autismo, Raquel descobriu pela internet o CT Amigos do Esporte em janeiro deste ano. Antes, ela já havia tentando a natação para ambos, mas sem sucesso.
 
"No judô, o Gabriel está compreendendo que a violência e a agressividade não irão levá-lo a lugar nenhum. Agora ele usa a força a seu favor, para ter foco e disciplina no esporte. Já a Alice, na ginástica artística, teve uma significativa melhora na coordenação motora, postura e organização", conta.
 
O encaixe com as modalidades foi praticamente perfeito. Isso porque Gabriel sempre foi mais estressado e agressivo, conforme destaca a mãe, além de ter maior dificuldade de socialização. Alice, por outro lado, costumava brincar muito sozinha e possuía dificuldade de fixar o olhar nos outros.
 
Ao perceber o quanto o esporte tem se mostrado essencial na vida dos filhos, Raquel deixa um recado para os pais que enfrentam o mesmo desafio que ela.

"É primordial que aqueles que convivem com filhos autistas, primeiramente se conformem com o diagnóstico. Quando os pais não aceitam (o diagnóstico), a criança sofre mais. Além disso, o pior caminho é tentar esconder. Temos que ajudar outras mães que passam pela mesma situação e aprender a conviver com ela, da melhor forma possível, para o resto da vida, já que o transtorno não tem cura", diz.
 

Os benefícios do esporte para crianças com TEA

 
Fundador do CT Amigos do Esporte, o educador físico Tiago Gusmão destaca o quanto o esporte contribui para o desenvolvimento de crianças com autismo.
 
"A prática esportiva gera um comportamento habilidoso e, no caso das crianças com TEA, pode trazer melhorias para a saúde, como ganho de força e mobilidade, já que muitas delas, por se isolarem ou ficarem reclusas, acabam desenvolvendo problemas decorrentes do sedentarismo, como deficiência muscular, cardiovascular e até mesmo dificuldades motoras", explica Tiago.
 
Ainda de acordo com Gusmão, a inserção dessas crianças gera o sentimento de pertencimento a um grupo, principalmente quando dão conta de fazer uma atividade proposta. "Mesmo quando não conseguem, mostramos (a elas) que as falhas fazem parte de qualquer processo", pontua.

Patrícia Lages e Tiago Gusmão são os responsáveis pelo CT
foto: Divulgação/CT Amigos do Esporte

Patrícia Lages e Tiago Gusmão são os responsáveis pelo CT

 
 
Além de Tiago, Patrícia Lages é uma das empreendedoras do CT. O Amigos do Esporte trabalha com níveis específicos, que vão desde o ‘Mirim’, passando pelo ‘Iniciante 1’, ‘Iniciante 2’ e ‘Intermediário’, ao time.
 
"Inserimos as crianças nesses grupos, conforme a idade e também de acordo com o repertório que elas conseguem apresentar. Desse modo, todas entram em uma turma o mais próxima possível do que realmente precisam. Isso gera motivação para que continuem e, principalmente, não se sintam frustradas", conclui o educador físico.

Compartilhe