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Atleta supera roubo de bicicleta e vai a Pan em Congonhas mirando Paris'24

Hercília Najara teve sua bicicleta de competição, uma TSW Turbo, roubada de loja em Belo Horizonte e viveu dias de angústia, até o equipamento ser encontrado

22/04/2023 18:53
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Hercília Najara posou para foto ao lado da bicicleta desmontada, que foi recuperada pela Polícia Militar
foto: Arquivo pessoal

Hercília Najara posou para foto ao lado da bicicleta desmontada, que foi recuperada pela Polícia Militar

"Tudo tem seu tempo. Não cabe a nós enfrentá-lo. Só aprender com o que acontece com a gente. Foi o que aprendi com esses dias de agonia em que minha bicicleta estava sumida. Tinha sido roubada."Foram dias de angústia para a ciclista de mountain bike Hercília Najara, de 34 anos, hoje a segunda colocada no ranking brasileiro da modalidade e que está brigando por uma vaga na equipe olímpica brasileira para os Jogos Olímpicos Paris'2024. 

Na quarta-feira (19/4), sua bicicleta de competição, uma TSW Turbo, feita exclusivamente para ela, foi roubada da loja BH Bike Store Trek, no Bairro de Lourdes, onde seriam feitos ajustes para melhorar o desempenho, pois a partir de quarta-feira ela vai disputar, em Congonhas, o Campeonato Pan-Americano de Mountain Bike, no qual serão atribuídas vagas diretas para os Jogos Pan-Americanos de Santiago'2023 e pontos importantes para a classificação olímpica.

A bicicleta, única do modelo na capital mineira, foi recuperada na noite de sexta-feira (21), pela Polícia Militar, que recebeu uma denúncia. O equipamento estava em uma mata próxima ao Hospital da Baleia, e os indícios é que tenha sido desmontada para revenda.

Hercília conta que a bicicleta é nova e ela nem sequer tinha tido tempo de treinar no novo equipamento. "A bicicleta foi montada aqui, mas as peças vieram do exterior, de vários países. Ela foi montada e eu já viajei para Araxá, para competir na Copa Internacional de Mountain Bike."

Na terça-feira, ela retornou a Belo Horizonte e, no dia seguinte, levou a bike para fazer as adaptações. "São ajustes de guidão, pedal, selim. Isso é fundamental para me permitir um bom desempenho. Melhorar minha performance."

Em Araxá, Hercília passou por uma situação que lhe doeu muito: "U amigo passou mal durante o treinamento e sou enfermeira. Ele teve um choque e fui socorrê-lo, mas infelizmente, veio a falecer, ali, na minha frente".

No retorno a BH, ela fez um texto, que foi publicado no Instagram, quando falou do amigo e da dor que sentiu ao tentar socorrê-lo. "Os parentes desse amigo me ligaram, para agradecer o texto. Pois foi acabar de falar com eles e chegou o telefonema sobre o roubo da bike. Não conseguia nem falar mais."

A primeira providência, segundo ela, foi escrever um texto no Instagram, contando o que tinha acontecido. "Tenho 1,2 milhão de seguidores. A notícia se espalhou. E a Polícia Militar se empenhou. Felizmente, na madrugada deste sábado, veio a boa notícia", comenta.

Hercília diz que, ao tomar conhecimento do roubo, ficou imaginando o que teria de fazer, pois não tinha mais a bicicleta para competir. "Não havia, também, a menor possibilidade de conseguir as peças para montar uma nova. Minha equipe tinha se esforçado para montar a que tinha sido roubada. Até a pintura foi feita aqui, à mão. Fiquei em estado de choque."

Ajustes na bike


Ao receber a bike de volta, o primeiro passo, segundo ela, é fazer os ajustes necessários. Mas não terá tempo para treinar, como precisaria. "Preciso pegar o tempo de freada da bike, o tempo de passar marchas, enfim, me adaptar. Não terei tempo de pegar a manha do novo equipamento, ter intimidade com ela."

Ela se preocupa, ainda, com um outro impacto que sofreu com toda essa situação: "Eu me preocupo não só com o treino, mas com o impacto psicológico. Em vez de me preocupar com a prova, me concentrar totalmente nisso, eu estava pensando no roubo e rezando para que a bike fosse encontrada".

Hercília é enfermeira, trabalhava no setor de oncologia da Santa Casa, mas há dois anos largou tudo para se dedicar, exclusivamente ao ciclismo, ao mountain bike.

"Quero muito chegar aos Jogos Olímpicos, e fazer história. É uma luta de uma atleta, com o desejo de realizar um sonho. São duas vagas para o Brasil na Olimpíada francesa e estou me dedicando de corpo e alma", diz.


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