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Marcelo Mendez contradiz estereótipo argentino e faz Cruzeiro conquistar o Brasil pela 4ª vez

Há sete temporadas no comando do clube celeste, treinador adota estilo que mescla tranquilidade e espírito de liderança para comandar elenco multicampeão

Multicampeão, Marcelo Mendez garantiu neste domingo o seu quarto título de Superliga - Foto: Renato Araújo/Cruzeiro
A voz mansa e o olhar tranquilo de Marcelo Mendez no dia a dia de jogos e treinamentos não condizem exatamente com o estereótipo do típico argentino do esporteAté mesmo nas finais - momentos cada vez mais comuns para o treinador do vôlei do Cruzeiro -, ele consegue demonstrar uma calmaria impressionante, como se decisões fossem apenas formalidades para seus comandados.

As raras vezes em que ele sobe o tom de voz coincidem com passageiros momentos de "apagão" do time multicampeão, que inscreveu, neste domingo, mais uma página na história do vôlei ao conquistar o tetracampeonato da SuperligaOs momentos de explosão fazem sentido e vêm, principalmente, quando o time perde concentração, ou pior, quando não colocam em prática o que foi determinado táticamente.

Mendez já conquistou duas vezes o Mundial - Foto: CruzeiroNos treinos, o espírito de liderança fica evidenteA cada ataque, a cada recepção, a cada bloqueio, Marcelo mostra as principais características de suas atividades: intensidade, objetidade e rigidezBom de grupo, conquistou pouco a pouco a confiança dos jogadores, a ponto de conseguir fazer um elenco recheado de estrelas deixar vaidades de lado e se unir em busca de títulos.

Ano a ano, a receita vem dando certoA rotina de decisões nacionais começou em 2011, uma temporada depois que Marcelo assumiu o projetoA dolorosa derrota para o Sesi-SP, na final da Superliga disputada em pleno Mineirinho, deixou mais marcas positivas que lamentaçõesEra o fortalecimento do projeto que começou em 2006Era o começo de uma nova era para um time que já está na história do vôlei masculino brasilero.

O vice-campeonato de 2010/2011 se transformou em título na temporada seguinteA hegemonia nacional viria em seguida, com os troféus de 2011/2012, 2013/2014 e 2015/2016Nesse meio tempo, conquistou sete vezes o Campeonato Mineiro (seis pelo Cruzeiro) e duas Copas do Brasil (2014 e 2016).

Em 2015, Cruzeiro conquistou o Mundial - Foto: CruzeiroA conquista do Brasil já não era suficiente
Marcelo Mendez precisava de maisEm 2012, o primeiro de três Sul-americanos (2012, 2014 e 2016)Continente conquistado, era a hora de ganhar o mundo com o CruzeiroE o título veioDuas vezes.

Em 2013, Wallace, Leal, Eder e Douglas atropelaram os russos do Lokomotiv Novosibirsk: 3 sets a 0A primeira vez que um time brasileiro conquistou o mundo no vôleiDois anos depois, o páreo era mais complicadoContra o Zenit, também da Rússia, equipe recheada de jogadores de fortes seleções ao redor do mundo, Mendez se destacouUm nó táticoSe William, Wallace e Leal fizeram partidas impecáveis, o segredo estava fora de quadra.

O tranquilo Marcelo Mendez montou uma equipe que, ironicamente, é justamente o oposto de sua personalidade
Velocidade de jogo, explosão e imprevisibilidade são armas mortais do CruzeiroArmas que foram se construindo ao longo da trajetória do treinadorDo vôlei de praia, ele se transferiu para a base do River Plate, onde conquistou o título nacionalRodou pela Argentina, pela Itália e comandou a seleção da EspanhaResolveu voltar à América do Sul e assumiu o Montes Claros antes de se transferir para o Cruzeiro.

Em todo esse tempo, Mendez incorporou diversos predicados europeus ao seu estilo de jogo, que mudou bastante desde a época que comandava o RiverUma característica, no entanto, não mudou: a fome de títulos.

"Quando vim para o Brasil, há mais de cinco anos, não imaginava conquistar tantoMas quero mais", disse, às vésperas da decisão do Mundial.

Para o cruzeirenses, melhor que siga assim.

Matéria produzida sob supervisão de Daniel Seabra