Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

Daniel, honra o papai

Obrigado, Levir, inclusive por suas maravilhosas entrevistas. Elas sempre nos deixarão com a pulga atrás da orelha a respeito de sua plena sanidade, mas é muito melhor ser o Super Sincero do que um Rolando Lero da vida

postado em 06/12/2014 12:00 / atualizado em 06/12/2014 14:28

Fred Melo Paiva /Estado de Minas

Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press


Vai-se o ano futebolístico neste domingo, quando se encerra o Brasileirão. É nessa hora que nossas mulheres cometem o equívoco de achar que mudaremos de assunto. Descobrirão logo mais que essa é uma droga pesada: na abstinência, discutiremos contratações e boatos de toda natureza; no Natal gastaremos o 13º na Loja do Galo; e em janeiro já tem Copa São Paulo de Futebol Júnior. É Galo sempre, minhas queridas.

Vai-se o ano que o atleticano bipolar, este colunista incluso, julgou perdido – e que termina como um dos mais gloriosos da história, com as conquistas da Recopa naquele jogo sensacional e da mais incrível de todas as Copas do Brasil desde a chegada de Charles Miller.

Da minha parte, peço desculpas a Levir Culpi por relatá-lo aqui como senil e pedir sua cabeça de velho gagá. Se neste espaço meu papel fosse o do jornalista e não do torcedor, pediria demissão. Como tenho direito à bipolaridade, fico apenas com as desculpas esfarrapadas.

Levir fez renascer o nosso Galo quando acabou com a concentração, esse modus operandi bovino e escravocrata. A medida, no lugar de instituir a bagunça fora de campo, o fez foi dentro dele, trazendo de volta o “caos organizado” de Cuca. Obrigado, Levir, inclusive por suas maravilhosas entrevistas. Elas sempre nos deixarão com a pulga atrás da orelha a respeito de sua plena sanidade, mas é muito melhor ser o Super Sincero do que um Rolando Lero da vida, como Tite e Mano Menezes.

Obrigado, Mano, por sua dancinha inspiradora. Obrigado, narrador Luiz Penido, por gritar para o mundo que o Flamengo estava “classificadaço”. Obrigado, Ricardo Goulart. Pelo resto de nossas vidas, nenhuma quarta-feira será uma reles quarta-feira. Ao vê-la se aproximar, o coração do atleticano se encherá de esperança e ternura, porque afinal “quarta-feira tem mais”. E a zoeira never ends! “Nevermore”, como disse o corvo de Edgar Allan Poe.

Obrigado ao cruzeirense reacionário (desde os tempos do Palestra apenas reagindo à grandeza do Atlético). Obrigado por suas piadas ao nosso respeito, como a nova “Lurdinha”, que imagino, com vergonha alheia, referir-se ao bairro de Lourdes. Obrigado por dizer isso e fazer brotar em minha mente a imagem de um cruzeirense acertando a testa com o sorvete.

Obrigado, Gilvan, por ser o Geraldo Alckmin da cartolagem nacional – o picolé de chuchu do nosso ludopédio. Obrigado, porque isso me lembra o Kalil, seu absoluto contraponto, genial, altivo, ferino, apaixonado, o maior presidente de um clube de futebol em toda a história do esporte no Brasil.

Finalmente vai-se o ano que, assim como 1968, não terminará jamais – e vai-se do cargo mais importante de Minas o nosso presida.

Quando você assumiu, meu bravo e hezbollento Kalil, botei na coluna da semana o título retirado do livro de Gay Talese, um dos maiores repórteres americanos de todos os tempos: Honra teu pai (e me surpreendi no dia em que você me disse ter lido esse valoroso Talese). Você honrou o seu pai, superando-o. E ensinou aos seus filhos e às novas gerações o tamanho que tem o nosso Galo. Obrigado, Kalil, você será meu eterno presidente.

Toda a sorte do mundo ao Daniel Nepomuceno, atleticano boa gente, e a toda a diretoria que fica. Daniel, honra o papai! O “papai Kalil”, como diz o nosso mais ilustre torcedor, o Ronaldinho Gaúcho. Aqui é Galo, p...! E quando tá valendo, tá valendo.

Esta coluna retorna em 2015, se 2014 realmente acabar.

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