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COLUNA DO JAECI

Craque ou garoto mimado?

'Saber perder é uma virtude, porque a vida é muito mais perda do que ganho. Por mais que se tenha todo o dinheiro do mundo, é preciso respeitar as pessoas e entender o astro não está acima do bem e do mal'

postado em 20/06/2015 12:00 / atualizado em 20/06/2015 08:09



Neymar está na berlinda. O único jogador talentoso da Seleção Brasileira mostrou quarta-feira, contra a Colômbia, que não sabe perder. A exemplo dos companheiros, não jogou nada e ainda protagonizou lances vergonhosos, como a bolada em Armero e a cabeçada em Murillo. Ele se tornou craque na última temporada europeia, mas há quem conteste, pois ao lado de Messi é um e sem o cracaço argentino não produz o que se espera. Na Seleção, para mim, nunca fez grande exibição, exceto diante de adversários inexpressivos, com lençóis, canetas e outras firulas. Até no Campeonato Espanhol foi contestado pelo companheiro Xavi, pela “lambreta” num jogador de menor expressão. Quero vê-lo fazer gracinha para um alemão, inglês ou italiano. Um produto mundial, exemplo para milhões de garotos apaixonados pelo futebol, não pode dar tristes espetáculos como os de três dias atrás.

Trata-se de bom garoto. No convívio na Seleção, constatei sua maturidade e o carinho com os fãs. O pai está sempre ao lado e acompanha seus passos de perto, orientando-o. Mas ele precisa entender que não adianta ser apenas grande jogador, mas também um cidadão, não o garoto mimado que vimos contra a Colômbia. Saber perder é uma virtude, porque a vida é muito mais perda do que ganho. Por mais que se tenha todo o dinheiro do mundo, é preciso respeitar as pessoas e entender o astro não está acima do bem e do mal. Messi, por exemplo, em 2013 perdeu de 7 a 0 para o Bayern – 4 a 0 em Munique e 3 a 0 em Barcelona. Nem por isso deu cabeçada, chutou bola em alguém ou se desesperou. Ele impressiona pela frieza. Ganhando ou perdendo, é sempre o mesmo: maduro, inteligente, grande exemplo para os jovens, craque com C maiúsculo. E não é visto em redes sociais nem pintando cabelo ou fazendo caretas.

Já Neymar está mais preocupado em postar selfies do que em jogar bola. O cabelo, então, apresenta um corte a cada jogo. Nada contra, mas ele poderia se preservar um pouco mais. Numa equipe de 60 pessoas cuidando da sua imagem e da carreira, ninguém é capaz de lhe puxar as orelhas? Mais grave é perceber que parte da mídia lhe deu razão e também culpou o árbitro chileno. Que apitou o que viu e pronto. Não devemos passar a mão na cabeça de Neymar nem compactuar com Dunga, que adora responsabilizar juízes. Sua Seleção jogou pedrinha, praticamente não deu um chute para a defesa do goleiro colombiano. Desde os 7 a 1 para a Alemanha, existe um sentimento de revolta com a equipe. Muita gente torce contra ela, algo impensável em décadas passadas. Nossa safra é a pior da história, com Firminos, Hulks etc. Gente que não engraxaria as chuteiras de treino de Zico, Reinaldo, Cerezo, Éder... A única joia da coroa é Neymar, mas se ele não tiver educação esportiva, como disse o técnico Renê Simões em 2010, vai se transformar de fato num monstro.

Que ele consiga resolver os problemas com o fisco espanhol ou o brasileiro, que se concentre no que sabe fazer de melhor, jogar futebol, e entenda que, como ídolo de uma geração, deve ter comportamento à altura. Pode pintar cabelo, fazer tatuagens, usar brincos e tudo o mais, desde que, no campo de jogo, se comporte como o grande jogador que é. Um craque não dá cabeçada e bolada em ninguém, não protagoniza espetáculos deprimentes. E que jogue mais na Seleção. Se com ele já está duro, sem, nossas chances de vitória contra qualquer time são mínimas. E olhem que ela enfrentou a Colômbia, não Alemanha ou Argentina.

Aliás, que o Brasil não encontre os hermanos nesta Copa América. Temo por um novo 7 a 1.

Zico

Em jantar na quinta-feira com o ex-atacante Deivid, hoje auxiliar de Vanderlei Luxemburgo no Cruzeiro, conversei com Zico pelo telefone e lhe perguntei se está mesmo disposto a se candidatar à presidência da Fifa. O Galinho me disse que está maturando a ideia e conversando com a família. Por ora, segue para a Índia, onde é treinador e tem mais quatro meses de contrato. Acho, porém, que Zico deveria ser presidente do Flamengo. Como ídolo maior, sabe muito bem as necessidades rubro-negras, como CT decente e estádio. Como pode um clube com quase 40 milhões de torcedores não ter casa própria?

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