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Minas são quatro

Decisão da Superliga, entre Cruzeiro e Sesi, no Mineirinho, terá representação de qualidade de atletas do estado. Apenas Lucarelli não foi campeão do torneio

11/04/2015 10:09
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foto: EM DA PRESS

"Minas não deixou de revelar jogadores, pelo contrário. Hoje, muitos que nasceram aqui atuam em outros países", diz Serginho, líbero do Cruzeiro

Um clube mineiro, o Cruzeiro, e um paulista, o Sesi, estarão frente a frente amanhã, a partir de 10h, no Mineirinho, decidindo o título da Superliga Nacional Masculina de Vôlei. Esta será a terceira vez que os dois times farão a final. Na primeira, a equipe de São Paulo levou a melhor, vencendo por 3 a 1. Na segunda, ano passado, foi a vez de a equipe celeste dar o troco. Minas Gerais é tida como celeiro desse esporte no Brasil. Não foram poucas as vezes, por exemplo, que as seleções brasileiras masculina e feminina eram formadas quase que exclusivamente por atletas daqui ou que atuavam num time do estado. E desta vez não poderia ser diferente. Haverá um duelo de mineiros. São dois de cada lado. No Cruzeiro, o líbero Serginho e o ponteiro Filipe. No Sesi, o ponteiro Lucarelli e o meio de rede Rogério.

Serginho, que é de Belo Horizonte, é um recordista. Esta será a sua 12ª final de Superliga. Ganhou cinco delas, três pelo Minas (o tricampeonato de 2000-2001-2002), e duas pelo time azul, 2012-2014. Se o time mineiro conquistar o título amanhã, ele se tornará recordista, com dois de seus companheiros, o meio de rede Douglas Cordeiro, que também esteve nas mesmas conquistas, e outro jogador da posição, Éder Carbonera, que venceu a competição quatro vezes com o Florianópolis e uma com a extinta Unisul. Eles igualariam o recordista Bruno, que tem seis troféus de campeão.

O fato de haver poucos mineiros nesta decisão, principalmente no seu time, o Cruzeiro, é atribuído por Serginho às circunstâncias. “Minas não deixou de revelar jogadores, pelo contrário. Hoje, muitos que nasceram aqui atuam em outros países. Estão na Europa, Ásia e até Argentina. Não podemos querer um imediatismo no caso do Cruzeiro, pois o time é novo. Agora a base começa a das resultados, ganhando a Liga B. Mas para se ter jogadores no nível da Superliga, é preciso tempo, pois estes precisam ser lapidados.”

O líbero se orgulha da carreira, que começou na base do Minas. Lembra que ficou parado, que pensou em abandonar o esporte, mas depois, com o surgimento do líbero, voltou atrás e levado de volta à quadra, por Cebola, acabou se constituindo num dos melhores de sua posição no país. “Fui perseverante. Nunca fui uma promessa. Não sou alto e nem forte. Mas consegui muito, pois duas vezes fui considerado o melhor líbero do mundo, em mundiais interclubes. Tenho comigo que a minha responsabilidade, para com o time, para com a torcida. Se você for campeão, você é endeusado, onde quer que vá. Se perde, é menosprezado. Quero o melhor, é claro.”

Seu companheiro de equipe, o ponteiro Filipe, nasceu em Joaíma, no norte de Minas. Começou a carreira na base do MTC. Antes de ser bicampeão nacional pelo Cruzeiro, ganhou o título pelo extinto Banespa, em cima do clube que o formou. Para ele, não é pouco ter apenas dois mineiros no time do Cruzeiro.

“Acho que o que acontece hoje mostra a diversificação do vôlei. O esporte cresceu, por isso, a mescla de jogadores de vários lugares. Antigamente, todo mundo só queria jogar futebol. Hoje não. Querem também o vôlei. É uma modalidade que dá oportunidade. Temos de valorizar, sim, o trabalho de base que é feito no Minas e no Cruzeiro, este, mais recentemente, mas que já começa a dar frutos. Pra ser sincero, tenho muito orgulho em ser mineiro e de estar numa final de Superliga. Quem não começou aqui, hoje pode fazer parte da escola mineira. Sinto orgulho, por exemplo, quando alguém, um jovem diz que se espelha em mim ou em meus companheiros. Sou grato a isso”, diz Filipe.

DO OUTRO LADO No Sesi, Lucarelli se tornou sinônimo de bola de segurança. Ele diz que não se esquece de seu começo, dos tempos da pracinha, em Contagem, depois, no Minas. “Tenho orgulho de fazer parte dessa história do esporte mineiro. Sou representante da escola mineira. Nunca vou esquecer minhas raízes, assim como conto com parte dessa torcida que virá aqui no domingo. Não serão só parentes, mas primos, tios, amigos. Isso tudo, porque foi aqui que comecei.”

Rogério diz estar feliz por chegar a outra final. Esteve no time do Cruzeiro em sua primeira conquista. Em 2012. Natural de São Gonçalo do Rio Preto, diz que quando está em quadra, sempre lembra de sua cidade natal. “Tive a oportunidade de conseguir começar no vôlei no Minas, e de poder chegar à Superliga. Só estive em uma final antes do Cruzeiro. Pelo Banespa, e perdi. Mas no meu caso penso sempre no que me disseram na minha cidade: que mineiro tem a veia artística, sai de Minas para fazer sucesso. Eu me sinto assim, com o orgulho de ter nascido no estado.”
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