Morador da Samambaia Norte, aos oito anos de idade Gabriel começou a jogar no Centro Olímpico (CO) da região administrativa. Aos poucos, foi conquistando oportunidades. Selecionado pelo CO de Santa Maria, aos 11 anos foi jogar pelo Clube Vizinhança — tradicional formador de talentos do basquete.
Mas a rotina não era fácil. “Ele estudava de manhã e ia para o clube à tarde, onde almoçava. Das 15h às 18h, treinava nas escolinhas do clube. Depois ia comer alguma coisa, voltava às 18h30 e jogava com a categoria de base até às 20h”, conta Márcio Humberto Lima, técnico do Vizinhança.
Gabriel jogou pelo Vizinhança por cinco anos e, graças à ajuda do clube e dos pais dos demais colegas de time, conseguiu participar de campeonatos fora do DF, e manter vivo o sonho de virar profissional. “Muitas vezes, eu não tinha dinheiro para ir aos treinos ou comer. Também não tinha dinheiro para pagar as viagens dos torneios que o time disputava. Muitas pessoas se juntavam para custear esses gastos para mim. E voltava com títulos ou prêmios de melhor armador ou de melhor cestinha”, conta Gabriel.
O Vizinhança tornou-se uma vitrine. Em um jogo contra o Vasco da Gama, em 2017, Gabriel foi convidado pela equipe carioca. Em março de 2018, depois de vencer a insegurança de se mudar para o Rio de Janeiro, seguiu em frente para jogar na base, e fazer parte do Sub-17 e do Sub-19.
Ainda com 17 anos, foi surpreendido pelo técnico Alberto Bial ao ser relacionado para os jogos do time principal. “Não foi da noite para o dia. Eu treinei bastante, corri atrás, me dediquei. Aí surgiu a oportunidade e eu dei o máximo na temporada para poder ser convocado para os jogos”. Na última edição, o armador jogou ao todo 67 minutos com a camisa vascaína.
Acima da média
Bial rasgou elogios ao jovem e o comparou a uma estrela da NBA. “O Gabriel tem um talento espetacular, adoro esse garoto. Lembra, guardando as proporções, um Stephen Curry, e tem uma visão de jogo muito boa. Eu acho que vai longe”.
Contra o Universo/Brasília, foi justamente a partida em que esteve mais tempo em quadra: 23 minutos. Deu certo. Agora, o garoto que torcia pelo Universo/Brasília defenderá as cores do clube. “Voltei para casa, para perto dos meus amigos e da minha família, com a maior expectativa. Eu já fui bem recebido e também vou ser bem recebido pela torcida, porque a rapaziada aqui me conhece”, comemora.
Hoje Gabriel vive a expectativa de estrear, contra o Botafogo, amanhã, com a camisa do time do coração na elite do basquete nacional. “Não sei se vou ter muitas oportunidades neste jogo. Isso depende do técnico Ricardo (Oliveira). Mas eu estou aqui para dar o máximo e fazer o que eu amo e sei fazer: jogar basquete”.
* Estagiária sob supervisão de Fabio Grecchi
Programe-se
NBB Universo x Botafogo
Quando: amanhã
Onde: Ginásio da Asceb (904 Sul)
Horário: 20h
Ingresso: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia*)
Doação de material escolar dá direito a meia