Diz a lenda que há coisas que só acontecem com o Botafogo. Coitado do Botafogo perto desse Atlético mal-assombrado. Capaz de ressuscitar os mortos nesse gol de Jô — sofrido, de canela, impedido. Mas nesse quesito do erro de arbitragem temos mais crédito do que Visa e Mastercard juntos e multiplicados.
O Galo campeão não é um evento esportivo, não tem nada a ver com futebol. O Galo campeão é a celebração do merecimento, da volta por cima, do congraçamento da favela com o Mangabeiras, da Argentina com o Brasil, do preto com o branco. O Galo campeão é a vida que tem jeito, torta mas sempre bonita ao final das contas.
Até o momento, a visita de um ET era o fato mais relevante por essas plagas de Varginha. A cidade agora está abduzida pelo Galão da Massa, pela atleticanidade que poucas vezes pôde ver tão de perto. Não esquecerá jamais.
O Galo não precisa de títulos para ser o gigante que é. Assim mesmo a porteira abriu em 2013, e agora parece que não sabemos mais perder. “Quando tá valendo”, já disse o filósofo, “tá valendo”. Todo o sofrimento de anos e anos devolvido com juros e correção de cheque especial.
Obrigado, Daniel Nepomuceno, que este seja o primeiro de muitos! Obrigado, meu amigo Rodolfo Gropen. Obrigado, Jô, mais uma vez. Obrigado, Levir. Obrigado, time de torcedores. Obrigado, meu Deus, por eu ser atleticano. Obrigado por estar vivo pra ver a fase mais fenomenal dessa religião centenária que é o nosso Galo.