Fred Melo Paiva
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DA ARQUIBANCADA

O negócio agora é abraçar o time

Que beleza ver São Victor subir à área do adversário na busca desesperada por atrapalhar os planos da chefia

postado em 12/05/2018 09:00

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Parabéns à diretoria do Atlético pelo objetivo alcançado, o primeiro deste ano tão promissor: o Galo está eliminado da Copa Sul-Americana! Não sei se teve trio elétrico, chope de graça e procissão à sede de Lourdes, mas deveria – foi uma conquista e tanto, embora não tenha vindo com um épico WO. Paciência.

A premiação da Copa Sul-Americana, informa o presidente, era muito baixa. Razão pela qual escolhemos entregar o ouro, visto que não passava de latão reciclável. Por essa lógica o melhor a fazer agora é abrir mão também do Brasileiro e da Copa do Brasil, e investirmos todos os esforços em grandes bolões da Mega-sena. A premiação desta semana, por exemplo, está acumulada.

O presidente informa também que as Copas Sul-Americanas do passado, antes chamadas Copa Conmebol e bem mais difíceis que as atuais, de nada valiam. Ganhamos duas, infelizmente. Ao bater o Lanús na final de 1997 por 4 a 1, na Argentina, jogadores e comissão técnica foram covardemente agredidos. O técnico Leão perdeu os dentes. O desfalque em sua arcada era premonitória do que viríamos a descobrir esta semana: a Copa Conmebol era um leão sem dentes, não valia nada.

E nós que lotamos a Praça Sete, com trio elétrico e tudo, pra celebrar o título de 1992, conquistado sobre o Olímpia, de Goycochea? Tem bobo pra tudo, né não? Inclusive o Boca Juniors, que desfilou campeão sobre um carro dos bombeiros, cercado de milhares de torcedores e fazendo parar Buenos Aires. Se o presidente tivesse avisado antes, ninguém tinha pagado esse mico.

Consta que Sette Câmara já chegou a Uma Câmara apenas. Quando trouxe Alexandre Gallo, perdeu uma vida e virou Seis Câmara. Retaliou o repórter agredido por Oswaldo de Oliveira, passou a Cinco Câmara. Vendeu Marcos Rocha a preço de banana, Quatro Câmara. Ameaçou processar seus críticos (toc-toc-toc), Três Câmara. Desistiu da Sul-Americana, desmerecendo conquistas do próprio clube, Duas Câmara. Ao permitir que o perfil oficial do Atlético bloqueie seus torcedores, teria chegado finalmente a Uma Câmara. Está no mês cinco de seu mandato, faltam 31. Deus nos livre e guarde.

A despeito disso tudo, sejamos justos: Sette Câmara, o nosso Temer, herdou o abacaxi de Nepomuceno, a nossa Dilma (desculpa, Dilma). O comparativo não enseja questões da esfera policial, mas econômica, importante dizer. Tampouco nosso Temer é golpista, ressalvemos. Fosse mais hábil e transparente, melhor assessorado e menos arrogante em sua comunicação, o torcedor estaria solidário na tarefa árdua de descascar o dito cujo.

Especialmente porque, no espaço estrito das quatro linhas, o presidente é um cara de sorte. Depois da demissão de Oswaldo, fez proposta até para o técnico da NET. Sem lograr sucesso, a bucha caiu no colo de Thiago Larghi, o interino mais longevo da história do futebol mundial. Graças a Deus! Larghi arrumou a casa, contra todos os prognósticos.

Mereceu ganhar do São Paulo num empate em que saiu perdendo no Morumbi. Teria vencido o San Lorenzo se o objetivo não fosse a eliminação – e mesmo a atuação dos reservas, e dos reservas dos reservas, foi boa e organizada. Tem todas as condições de bater o bom time do Atlético-PR, amanhã. No normal das coisas, passará pela Chapecoense quarta-feira, mesmo fora de casa. O elenco tem se superado com raça e aplicação tática. Que beleza ver São Victor subir à área do adversário na busca desesperada por atrapalhar os planos da chefia. O negócio agora é abraçar o time.

Sette Câmara acha que gritaremos seu nome no final do campeonato. Temer, o ilegítimo, cogita candidatar-se à reeleição. Autoestima é tudo nessa vida.

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