Cabo Daciolo (estou obcecado por sua figura messiânica) desceu do monte e agora combate ao nível do mar. Como o dom Quixote que ataca moinhos, o cabo das tormentas investe furioso contra réplicas da Estátua da Liberdade que enfeitam fachadas das Lojas Havan. Taí uma plataforma absolutamente necessária, e aproveito, pois, para declarar meu voto, ao fim e ao Cabo. Na esperança de que seu programa tenha alcance ampliado, e que ponhamos abaixo todo tipo de falsificação, colunas gregas, edifícios neoclássicos, o corcovado de Araxá.
Temos amanhã a chance de colocar em prática o Plano Daciolo. Sim! O que não é o Crüzëirö senão a falsificação de cabo a rabo? O Palestra copiado, os títulos por fax, “o time do povo”, o abominável homem dos Neves que dava nome a um auditório da sede e precisou ser eliminado com uma mão de tinta. Mesmo a paixão de seu torcedor, com todo respeito à tragédia pessoal de quem se equivocou em suas escolhas, mas porque ela sempre soa um simulacro? O Crüzëirö é a Estátua da Liberdade das Lojas Havan, e é nossa missão botá-lo abaixo!
Opa! Já ia me esquecendo de uma cláusula pétrea na constituição desta coluna: aqui não se tripudia o Crüzëirö antes de um clássico, pois já ficou provado dar um azar danado, coisas da metafísica. Coisa de Deus, provavelmente, porque, segundo Fábio, o homem lá em cima é coligado apenas com ele e ninguém mais. Estaria cuidando de pragas e furacões quando permitiu deixar Fábio de costas, situação que acabou por transformar-se em sobrenome. No mais, tem sido de uma lealdade canina, inclusive pegando sempre a bolinha certa nos sorteios da CBF, além de anular gols legítimos. E contra Deus não existe VAR.
Para que amanhã Deus não se poste invisível ao lado de Fábio, para que suas mãos não substituam as famosas mãos de alface, para que seus pés não façam as vezes daqueles pés de quiabo, falemos bem do Cruzeiro, a começar por impedir que o corretor automático inclua tremas advindas da tremedeira. Digamos “o Cruzeirão da Massa”, “não é milagre, é Pirangi do Sul”, “se houver uma camisa do Cruzeiro pendurada no varal durante uma tempestade, a CBF anula a tempestade”. Respeitemos aquele que, segundo o locutor Alberto Rodrigues, tem por ideal “vencer, vencer, vencer”. Só falta vestir a camisa listrada e sair por aí, mas isso não direi.
Cruzeirão da Massa trouxe duas novidades para o clássico de amanhã: o time reserva e o ingresso para o atleticano ao preço de uma córnea. Isso me remete a certa música do Creedence, adaptada e melhorada, mas não vamos recorrer a esse revival porque Deus castiga. Respeitemo as mina e o Cruzeiro, amém! A propósito do preço do ingresso, o freguês tem toda razão: cada um vale o quanto pesa. Se mil tradicionalmente calam 40 mil, nada mais justo do que cobrar daquele 40 vezes mais do que se cobra deste. Infelizmente, diante da crise já entregamos os dois olhos da cara e mais um pouco, não restando nenhum para essa dose dominical de ópio do povo, paciência.
Em todo caso, vamo pra cima deles, Galo, como um Cabo Daciolo diante da réplica da estátua! Ainda que a distância, seremos 11 milhões em oração contra 3 milhões de falsos devotos. Nem o coligado do Fábio irá se aguentar, e acabará por fazer como Temer, traindo a chapa e deixando-o na mão, eventualmente de costas. Que assim seja, para a glória de Deus!