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Acessos à parte, futebol mineiro fica longe dos holofotes em 2022

Com exceção aos acessos de Cruzeiro e Pouso Alegre, temporada ficará marcada por insucessos na Copa do Brasil, Libertadores e Brasileiro

02/09/2022 10:24 / atualizado em 02/09/2022 10:34
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Jorge Nicola: 'Ano de 2022 tira MG dos holofotes do futebol'
foto: Jorge Nicola/Superesportes

Jorge Nicola: 'Ano de 2022 tira MG dos holofotes do futebol'


Depois de quase uma década de bonança, o torcedor mineiro vive um 2022 magro. Não vai ter título na Libertadores, na Copa do Brasil, tampouco no Brasileiro. Ah, mas deve ter taça na Série B com o Cruzeiro. Verdade, mas até o cruzeirense mais passional vai concordar que a segunda divisão é pouco para um clube do tamanho e com a sala de troféus da Raposa. O Pouso Alegre é o outro ponto alto de 2022, com o acesso da Série D para a terceira divisão.

Na Libertadores, o Atlético caiu nas quartas de final, enquanto o Coelho foi lanterna de sua chave, ainda na fase de grupos. Na Copa do Brasil, a melhor campanha também foi de quartas de final, com o América. Já Cruzeiro e Atlético acabaram eliminados nas oitavas. O sonhado bi no Brasileiro não chegará para o Galo, que hoje é só o 7º colocado.

A crítica ao momento dos mineiros pode soar como oportunismo, afinal quem escreve é um jornalista paulista. Mas posso assegurar que não é o caso. Admiro e torço pelos times daí. Portanto, me sinto confortável para colocar o dedo na ferida.

A verdade, pelo menos para mim, é que o futebol de Minas Gerais viveu numa bolha artificial na década passada. Inflada por dirigentes irresponsáveis, mais preocupados com popularidade e resultados imediatos do que com a gestão profissional.

Como não lembrar de 2013, com o Galo campeão da Libertadores e o Cruzeiro do Brasileiro. Ou de 2014, com a final da Copa do Brasil 100% mineira e a Raposa bi nacional. Ainda teve bicampeonato do Cruzeiro no mata-mata (2017 e 2018), uma temporada de 2021 de títulos nacionais pro Atlético. Enfim...

Quase tudo sem sustentação. Financeira, estrutural, de categorias de base... O efeito da política desenfreada de investimentos foi traumática no Cruzeiro, com rebaixamento para a Série B e longos três anos por lá. No Galo, não fosse pela aparição da família Menin e a profissionalização dos processos na marra, o pior também aconteceria.

A reconstrução não é rápida. Pelo contrário. O Flamengo, dono de 40 milhões de torcedores, apanhou por cinco longos anos - foi chamado de "arame liso", "pipoqueiro", entre outras - até virar a superpotência atual. No Palmeiras, o tempo foi um pouco menor.

Mas o alento para cruzeirenses e atleticanos é que os caminhos da profissionalização e da austeridade financeira chegaram. De forma mais radical no Cruzeiro, com uma folha salarial quase 100% inferior àquela do primeiro ano da Série B, e bem presença no Galo de 2022, com basicamente todos os reforços sendo contratados sem custos.

Pena, para os envolvidos, que o suporte seja ruim. E, por suporte, entenda Federação Mineira de Futebol. O campeonato estadual vinha definhando há tempos, com a pobreza técnica dos times do interior. Mas, depois da saída de cena da Globo e a queda nas receitas de TV, virou um torneio deficitário, pouco atrativo e responsável por prejuízos enormes no calendário.

Diante de tudo o que foi descrito, prevejo salvação para todos, incluindo o América, que é há mais tempo o mais saudável e organizado entre os três mineiros. Porém, sem as taças de antes, existirá a paciência necessária?

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