CRAQUES DA COPA
Andrés Iniesta: a despedida de um ícone do futebol espanhol
Craque do Barça é um dos poucos remanescentes do título de 2010
Thiago Madureira /Superesportes
postado em 23/04/2018 19:16 / atualizado em 06/06/2018 14:26
“Possivelmente, a Copa do Mundo da Rússia seja a minha última aparição com a Seleção”. A frase de Andrés Iniesta é um aviso: está próximo o fim do ciclo de um dos maiores jogadores da história do futebol espanhol. O craque de uma área à outra, como gosta de citar o gênio das palavras e das chuteiras, o ex-jogador Tostão, é um dos símbolos do futebol de posse de bola que encantou o mundo a partir da segunda metade dos anos 2000. Iniesta resume bem a ideia do estilo de jogo do Barcelona de Pep Guardiola e da Seleção Espanhola de Luis Aragonés e Vicente del Bosque: passes curtos e movimentação, objetivando trabalhar a bola para furar a defesa adversária. Dessa forma, a Roja venceu sua primeira Copa do Mundo em 2010, na África do Sul.
A Rússia deve ser a última incursão do ídolo espanhol com a "Fúria", que tem o idealismo da bola como um sonho quixotesco. E há aí uma coincidência histórica: Iniesta estreou pela Seleção em um jogo contra o selecionado russo na cidade espanhola de Albacete, e se despedirá em gramados da terra dos czares.
“Sonhei com a minha despedida levantando a Copa do Mundo, é o que todos sonhamos. E quem sabe não seja assim, uma despedida bonita”, projeta o armador, que foi protagonista no título mundial em 2010. Foi dele o gol na final contra a Holanda, em Joanesburgo. Na comemoração, uma bela homenagem: “Dani Jarque siempre con nosotros”. A mensagem emocionada era para o amigo Dani Jarque, ídolo do rival do Barcelona, o Espanyol, que morreu em agosto de 2009 em decorrência de um ataque cardíaco fulminante enquanto fazia a pré-temporada na Itália.
Iniesta deixou o Barcelona após marcar época no clube "culé". Ao fim da temporada europeia, o meio-campista se transferiu para o Vissel Kobe, do Japão.
Iniesta será um dos pilares da Espanha na Rússia. Líder do selecionado espanhol, ele terá a companhia no meio-campo de atletas mais jovens, como Thiago Alcântara, Isco e Koke. Ele é um dos poucos remanescentes do título na África do Sul, ao lado de Sergio Ramos, Gerard Piqué e Sergio Busquets. A Seleção Espanhola é comandada pelo treinador Julen Lopetegui, de 51 anos. Ele tentou rejuvenescer a equipe e os resultados foram positivos. A Roja terminou a Eliminatória para a Copa do Mundo invicta, com nove vitórias e um empate, em um grupo que tinha a Itália, que acabou fora do Mundial. A Roja está no Grupo B, ao lado de Irã, Marrocos e Portugal.
Fora de campo, Iniesta é respeitado pela sua conduta e história de vida. Ele cresceu em uma família humilde. O pai, José Antonio Iniesta, era pedreiro e a mãe, María Lujan, ajudava o avô dele em um bar. Até hoje mantém hábitos simples. O prato preferido do jogador é frango com batatas. O craque tem orgulho do seu passado humilde, continuando com uma vida ligada à família e pouco badalada. Não à toa é uma referência: “Sinto-me um privilegiado. Mas não me vejo além de um jogador que é visto aos fins de semana por muita gente. Para mim, é curioso quando deixo o campo e os torcedores adversários me aplaudem mesmo quando estão perdendo o jogo. Entendo que, além do futebol e dos resultados, eles valorizam outras coisas”, afirmou o craque.
FIQUE DE OLHO
Gerard Piqué
Posição: Zagueiro
Idade: 31 anos (2/2/1987)
País: Espanha
Clube: Barcelona-ESP
Assim como Iniesta, Piqué é um dos representantes do ciclo mais vencedor do futebol espanhol. Apesar de ter sido um dos líderes deste apogeu, o defensor enfrenta forte resistência na Espanha por causa da sua posição política de apoio à independência da Catalunha. Ao lado do treinador Pep Guardiola, Piqué é um dos famosos que levantam essa bandeira. Em muitos jogos da Seleção ele foi vaiado fortemente. A Copa do Mundo pode ser um reencontro e uma possibilidade de aparar as arestas entre a torcida e Piqué, um jogador histórico do futebol espanhol.
David De Gea
Posição: Goleiro
Idade: 27 anos (7/11/1990)
País: Espanha
Clube: Manchester United-ING
De Gea terá uma tarefa inglória na Rússia: substituir no gol da Espanha o ídolo Iker Casillas, eleito o melhor goleiro da Copa de 2010 pela Fifa. O adversário mais duro pela titularidade de De Gea, contudo, esteve fora de campo. Um escândalo sexual em 2016 chegou a deixá-lo na reserva por alguns jogos, voltando em seguida ao time. O goleiro e o atacante Iker Munianin foram citados em um processo de abuso sexual na Espanha. Dentro das quatro linhas, o goleiro vive grande momento. A fase é tão boa que até o Real Madrid, clube rival da equipe que o revelou, o Atlético de Madrid, está interessado em contar com ele.
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