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Tradição mineira no vôlei olímpico é defendida em Tóquio por cinco atletas

Maurício Souza, Lucarelli, Gabi, Camila Brait e Carol têm boas chances de medalha nos Jogos do Japão; na praia, Ana Patrícia busca feito inédito para o estado

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'Meu grande sonho é ser campeã olímpica. A gente tem que pensar grande', disse à reportagem a belo-horizontina Gabi
foto: Divulgação/FIVB

'Meu grande sonho é ser campeã olímpica. A gente tem que pensar grande', disse à reportagem a belo-horizontina Gabi



Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a vasta tradição do vôlei mineiro estará novamente à prova. Ao longo da história, foram impressionantes 21 medalhas conquistadas no esporte (13 de ouro, duas de prata e seis de bronze), e 63,6% do total de 33 atletas nascidos em Minas Gerais conseguiram. E caberá a três mulheres e dois homens a missão de proteger o legado do estado: Camila Brait (de Frutal), Gabi Guimarães e Carol (ambas de Belo Horizonte), Ricardo Lucarelli (Contagem) e Maurício Souza (Iturama). Na praia, Ana Patrícia (de Espinosa) também tem boas chances de pódio na dupla com Rebecca.


Atual campeão olímpico, o time masculino chega ao Japão como um dos principais favoritos ao ouro. O título inédito da Liga das Nações - última competição disputada antes dos Jogos - reafirmou o poder do time, que conta com a volta do técnico Renan Dal Zotto, recuperado de um quadro grave de COVID-19. "Estou muito feliz por ter conquistado uma vitória pela vida. Agora, meu segundo maior objetivo é buscar uma medalha, se possível a de ouro, nos Jogos Olímpicos", disse.

Os mineiros Maurício e Lucarelli estiveram no grupo que ganhou o ouro no Rio de Janeiro, em 2016, e continuam fundamentais para a equipe atual. Outras seleções chegam fortes em busca do ouro, como Polônia, Rússia, EUA, Itália e França. O Brasil caiu em um grupo com argentinos, estadunidenses, franceses, russos e tunisianos - adversários da estreia, marcada para 23h05 (de Brasília) desta sexta-feira, na Ariake Arena. "A gente tem novamente um chaveamento bem complicado, mas acredito que passando por uma fase de grupos assim, você chega à fase final mais preparado, mais cascudo", afirmou o ponta Lucarelli.

Lucarelli busca o bicampeonato olímpico na Olimpíada de Tóquio
foto: Divulgação/FIVB

Lucarelli busca o bicampeonato olímpico na Olimpíada de Tóquio

"Nós temos plena confiança na nossa equipe, temos um grupo bom tanto tecnicamente quanto fora de quadra, temos uma equipe que se dá muito bem. Acho que para um campeonato que você fica quase o tempo inteiro dentro de hotel e de ginásio isso faz diferença", completou.

No feminino, o desempenho na Liga das Nações também é considerado animador. O time comandado por José Roberto Guimarães ficou com o vice-campeonato após perder por 3 sets a 1 para os EUA. A competição, porém, não contou com as equipes principais de três favoritos ao ouro olímpico: Sérvia, Itália e China (que mandou time misto).

Bicampeã em 2008 e 2012, a equipe chegou ao Rio, há cinco anos, como candidata ao ouro. Porém, caiu ainda nas quartas de final contra as chinesas (que venceriam o torneio) e ficou sem medalha. Agora, embora outras seleções (como EUA, Sérvia, Itália e a própria China) tenham mais favoritismo, o Brasil pode lutar por um lugar no pódio.

Gabi diz que está mais preparada para uma Olimpíada hoje do que em 2016
foto: Divulgação/FIVB

Gabi diz que está mais preparada para uma Olimpíada hoje do que em 2016

"A Olimpíada do Rio, em 2016, serviu de aprendizado e para o amadurecimento. E, principalmente, de muita motivação. Depois de um resultado adverso, vem a vontade de fazer um ciclo com um resultado diferente na Olimpíada seguinte", disse a ponta Gabi Guimarães em entrevista ao Superesportes/Estado de Minas (leia a íntegra a seguir). "Eu me sinto mais preparada e mais madura. Meu grande sonho é ser campeã olímpica. A gente tem que pensar grande", completou.

Pelo ouro, o Brasil terá fortes adversários e é apontado como a "quinta força", atrás de Sérvia, Itália, China e EUA. Gabi Guimarães, Carol e Camila Brait estreiam neste domingo, às 9h45 (de Brasília), na Ariake Arena, diante da Coreia do Sul. O grupo brasileiro ainda conta com o anfitrião Japão, Quênia, República Dominicana e Sérvia.

Medalha inédita?


Ana Patricia e Rebecca estreiam em Tóquio no domingo
foto: Divulgação/FIVB

Ana Patricia e Rebecca estreiam em Tóquio no domingo

Há, ainda, a possibilidade de o vôlei mineiro conquistar uma inédita medalha na praia - modalidade em que o Brasil também é muito tradicional. Ana Patrícia e a cearense Rebecca foram vice-campeãs em Gstaad, na Suíça, última etapa do Circuito Mundial antes dos Jogos Olímpicos. Na final, perderam para as compatriotas Ágatha e Duda. O resultado é animador e as credencia ao pódio no Japão. Ana Patricia e Rebecca estreiam no domingo, às 23h. As adversárias serão as quenianas Makokha e Khadambi.

Entrevista com Gabi Guimarães


Estado de Minas/Superesportes: Minas Gerais tem uma vasta tradição de medalhistas olímpicos no vôlei. Qual o sentimento de representar o estado nos Jogos Olímpicos de Tóquio?

Gabi Guimarães: "É um orgulho muito grande poder representar o meu estado, que é celeiro e revelou grandes atletas não só no vôlei, mas temos grandes atletas que foram medalhistas olímpicos. Espero conseguir minha primeira medalha olímpica e trazer mais uma para o estado."

EM/SE: A equipe vem de um resultado olímpico adverso em 2016, caindo nas quartas de final. Como reverter isso a um cenário positivo agora?

GG: "A Olimpíada do Rio, em 2016, serviu de aprendizado e para o amadurecimento. E, principalmente, de muita motivação. Depois de um resultado adverso, vem a vontade de fazer um ciclo com um resultado diferente na Olimpíada seguinte. Individualmente falando, esse é o sentimento. A Olimpíada de 2016 não foi fácil. Éramos favoritos e tivemos uma adversidade logo nas quartas de final contra o time que se tornou campeão olímpico. Houve muito aprendizado, porque muitas coisas são resolvidas nos detalhes. Foi o que aconteceu no jogo contra a China (em 2016).

Então, nesse ciclo, nesses cinco anos que tivemos de preparação, a gente sabe a dificuldade que é, o tanto que a gente trabalhou e se dedicou. Temos poucos dias até o fim da nossa preparação para Tóquio. O que fica é a lembrança de uma Olimpíada em que poderíamos ter passado para a semifinal, mas perdemos um jogo decidido nos detalhes, e uma motivação muito grande. Acho que a gente conseguiu transformar esse momento adverso em motivação para ter um resultado diferente agora em Tóquio."

Seleção Feminina chegou à final da última Liga das Nações
foto: Divulgação/FIVB

Seleção Feminina chegou à final da última Liga das Nações

EM/SE: O vice-campeonato da Liga das Nações deste ano serve também como uma inspiração para os Jogos Olímpicos?

GG: "O vice-campeonato na Liga das Nações serve como inspiração. Nossa equipe começou o campeonato de uma maneira e terminou completamente diferente. Vejo nosso time com muita vontade e dedicação, um time muito unido, querendo evoluir cada dia mais. A gente tem pouco tempo para o fim da preparação até os Jogos Olímpicos, e vejo o time querendo cada vez mais, querendo melhorar.

A gente conseguiu rodar bastante o time na Liga das Nações, tivemos vários jogos, jogos importantes, em que a gente conseguiu entender muita coisa que a gente precisa melhorar. É levar tudo isso que a gente aprendeu. A gente teve alguns dias de treino no Brasil depois da Liga das Nações e vamos ter mais alguns dias agora (no Japão) antes da Olimpíada. É levar tudo isso de motivação para crescer cada vez mais e chegar bem para a nossa estreia na Olimpíada."

EM/SE: Você vem de uma temporada vitoriosa na Turquia e já havia tido um ótimo desempenho no Minas Tênis Clube. Você considera que, aos 27 anos, este seja o momento em que você está mais preparada para uma medalha olímpica?

GG: "Tive uma experiência muito boa na Turquia, consegui ganhar rodagem e experiência muito grande. Mas não só na Turquia, como também foi no Minas e nos outros anos em que tive oportunidade de participar do outro ciclo com as mais velhas. É claro, eu me sinto mais preparada e mais madura. Meu grande sonho é ser campeã olímpica. A gente tem que pensar grande primeiro. Espero conseguir ajudar da melhor forma o grupo a conquistar essa medalha. O grupo está muito focado, motivado, como já falei. É o sonho de todo mundo trazer essa medalha olímpica de volta para casa."

Mineiros medalhistas olímpicos no vôlei


Adenízia (Ibiaí) - ouro em 2012

Ana Flávia Sanglard (Belo Horizonte) - bronze em 1996

Ana Paula (Lavras) - bronze em 1996

Anderson Rodrigues em partida da Olimpíada de 2008, em Pequim
foto: Sergio Moraes/AFP

Anderson Rodrigues em partida da Olimpíada de 2008, em Pequim

Anderson Rodrigues (Belo Horizonte) - ouro em 2004 e prata em 2008

Érika Coimbra (Belo Horizonte) - bronze em 2000

Fabiana Claudino durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012
foto: Kirill Kudryavtsev/AFP

Fabiana Claudino durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012

Fabiana (Belo Horizonte) - ouro em 2008 e 2012

Giovane Gávio (centro) no alto do pódio na Olimpíada de Atenas, em 2004
foto: Greg Baker/AFP

Giovane Gávio (centro) no alto do pódio na Olimpíada de Atenas, em 2004

Giovane Gávio (Juiz de Fora) - ouro em 1992 e 2004

Hilma Caldeira (Diamantina) - bronze em 1996

Kelly Fraga (Belo Horizonte) - bronze em 2000

Márcia Fu (Juiz de Fora) - bronze em 1996

Mário Xandó (Poços de Caldas) - prata em 1984

Maurício Souza (Iturama) - ouro em 2016

Ricardo Lucarelli (Contagem) - ouro em 2016

Sassá (Barbacena) - ouro em 2008

Sheilla Castro na Olimpíada de 2008, em Pequim
foto: Alexander Joe/AFP

Sheilla Castro na Olimpíada de 2008, em Pequim

Sheilla (Belo Horizonte) - ouro em 2008 e 2012

Talmo Oliveira (Itabira) - ouro em 1992

Walewska (Belo Horizonte) - ouro em 2008
 


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