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Brasil chega à semi olímpica do vôlei com 10 das 12 atletas ligadas a Minas

Modalidade é a última chance de competidores do estado conquistarem medalha nos Jogos de Tóquio

05/08/2021 00:12 / atualizado em 05/08/2021 00:33
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Experiente Carol Gattaz (centro), de 40 anos, defende o Minas desde 2014
foto: Pedro Pardo/AFP

Experiente Carol Gattaz (centro), de 40 anos, defende o Minas desde 2014

A tradição mineira no vôlei feminino é defendida nos Jogos Olímpicos de Tóquio por uma equipe profundamente ligada a Minas Gerais. Das 12 atletas que integram o elenco no Japão, dez têm algum tipo de relação com o estado - ou no nascimento ou com passagens por Minas Tênis Clube e Praia Clube. Agora, esse grupo mira a tão sonhada decisão. Para isso, precisa derrotar a Coreia do Sul na semifinal, marcada para esta sexta-feira, às 9h.

São três mineiras no time titular: a ponta Gabi Guimarães, a central Carol e a líbero Camila Brait. As duas primeiras nasceram na capital Belo Horizonte, enquanto a terceira é de Frutal, no Triângulo. O trio foi fundamental na tensa vitória brasileira sobre o Comitê Olímpico Russo por 3 sets a 1, na manhã dessa quarta-feira (noite japonesa), na Ariake Arena.

Na defesa, Brait foi consistente como sempre. Carol fez dez pontos e contribuiu de maneira decisiva no bloqueio. Já Gabi foi a maior pontuadora do time no jogo, com 18 pontos. "Estou muito feliz pelo que a gente vem fazendo. Está muito nítido para o mundo inteiro que o que tem feito a diferença para o Brasil é o time e acreditar o tempo inteiro. Sabíamos que não éramos as grandes favoritas, mas que juntas podíamos fazer coisas incríveis. E é o que estamos fazendo", comemorou a ponteira após a virada sobre as russas.

Apenas Ana Cristina, a caçula do grupo (17 anos), e a levantadora Roberta não têm ligação com o vôlei de Minas Gerais. Outras sete atletas do grupo defendem atualmente ou já passaram por clubes mineiros (veja no quadro). No banco de reservas, o auxiliar Paulo Coco, muito ativo durante as partidas, é o treinador do Praia.

Em quadra, uma das atletas que atuam em solo mineiro foi a grande personagem da vitória brasileira após um início apático e com dificuldades na recepção. O começo adverso e o clima "hostil" em quadra - com muita gritaria e festa das russas, que simulavam a torcida em quadra - pareciam prever o pior para a Seleção Brasileira. Foi quando entrou Macris, do Minas.

Titular do time, a levantadora iniciou como reserva nessa quarta e já havia ficado fora das duas partidas anteriores por uma lesão no tornozelo direito - a primeira dessa gravidade na carreira da jogadora de 32 anos, justamente nos Jogos Olímpicos. Nos dias que antecederam as quartas de final, Macris fez fisioterapia até a madrugada para retornar. E foi fundamental na virada.

"Eu estou nas mãos de Deus (risos). Eu estou bem. É claro que tenho dor, mas está progredindo. Até a véspera do jogo, eu não tinha saltado em bloqueio ainda no treino. É realmente incrível essa progressão da melhora dia a dia. Confiei que na hora certa Deus ia prover com o que fosse preciso e a energia do grupo toda fez a diferença para que a gente pudesse sair da dificuldade e conseguir a vitória", comemorou.

Pilha de nervos


Não foi nada simples superar as russas em Ariake. A intensidade adversária no início do duelo abalou psicologicamente o Brasil, que fez campanha perfeita na primeira fase, com cinco vitórias em cinco partidas. O fator mental se agravou com o começo ruim nos fundamentos. O saque adversário entrou, e o time do técnico José Roberto Guimarães sofria para parar Arina Fedorovsteva e Irina Voronkova nos ataques.

O revés no primeiro set reverberou no início do segundo, que também teve predomínio russo. Foi quando a comissão técnica brasileira resolveu colocar Macris no jogo. Titular do time, a levantadora ainda não está na plenitude da forma física após sofrer uma lesão no tornozelo direito na partida diante do Japão, na primeira fase. Mas entrou mesmo assim.

Ela, Gabi e Rosamaria - que também saiu do banco de reservas - foram fundamentais para o crescimento da Seleção Brasileira e a consequente vitória no segundo set numa virada impressionante. Nesse momento, cresceu também a participação da torcida brasileira, que contou com uma presença especial: a nadadora Ana Marcela Cunha, que poucas horas antes havia conquistado a medalha de ouro na maratona aquática.

A tensão das arquibancadas passou para a quadra. Treinador do Comitê Olímpico Russo, o italiano Sergio Busato foi muito criticado por torcedores brasileiros pelo comportamento na área técnica. Em 2019, ele já despertou a ira de outras adversárias por um motivo grave: um gesto racista, imitando olhos puxados, após uma vitória sobre a Coreia do Sul. Nesse ambiente tenso, o Brasil manteve a cabeça no lugar e venceu o terceiro set.

E o quarto começou de maneira favorável também. O Brasil abriu vantagem logo no começo e parecia encaminhar uma vitória tranquila para fechar o jogo. Só parecia. As russas se recuperaram no ataque e contaram com erros adversários para virar a parcial: 17-15. Mas no fim deu tudo certo. Triunfo e vaga na semifinal garantida - para festa (e alívio) das arquibancadas brasileiras e - por que não? - mineiras.

A ligação com Minas Gerais das jogadoras da Seleção Brasileira de vôlei


Bia: jogou no Praia Clube

Camila Brait: é mineira e jogou no Praia Clube

Carol: é mineira e joga no Praia Clube

Carol Gattaz: joga no Minas Tênis Clube

Fernanda Garay: passou pelo Minas Tênis Clube e joga no Praia Clube

Gabi: é mineira e passou pelo Minas Tênis Clube

Macris: joga no Minas Tênis Clube

Natália: passou pelo Minas Tênis Clube

Rosamaria: passou por Minas Tênis Clube e Praia Clube

Tandara: passou por Minas Tênis Clube e Praia Clube

*Só Ana Cristina e Roberta não nasceram em Minas ou jogaram por clubes mineiros

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