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Vôlei: com comando firme, Zé Roberto busca quarto ouro olímpico na carreira

Decisão contra os EUA vale o tetracampeonato nos Jogos para o treinador

07/08/2021 08:01 / atualizado em 06/08/2021 21:02
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Zé Roberto Guimarães abraça a levantadora Macris depois da classificação à final olímpica
foto: Pedro Pardo/AFP

Zé Roberto Guimarães abraça a levantadora Macris depois da classificação à final olímpica


Engana-se quem pensa que o maior vencedor da história brasileira nos Jogos Olímpicos é um atleta consagrado em pistas, piscinas, campos, ringues, tatames etc. O destaque do país no evento esportivo mais importante não entra em quadra, mas tem papel decisivo fora dela: o técnico José Roberto Guimarães. Na final do vôlei feminino na Olimpíada de Tóquio, diante dos EUA, na madrugada deste domingo, à 01h30 (de Brasília), na Ariake Arena, o treinador de 67 anos busca a quarta medalha dourada na carreira. 

Ex-levantador na época de atleta, Zé Roberto participou dos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976, fez carreira em equipes como o Banespa e também na Itália. Nos anos 80, ele ainda vestiu a camisa do Atlético, que tinha uma equipe montada pelo então ex-dirigente Alexandre Kalil. Mas foi fora das quadras, como treinador, que se transformou no principal vitorioso brasileiro na história da Olimpíada. 

Zé Roberto iniciou a carreira de técnico no fim da década de 80, foi assistente de Bebeto de Freitas e assumiu a Seleção Brasileira Masculina em 1992. E o trabalho, de forma surpreendente, já que o time estava em processo de formação, surtiu efeito nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Sob o comando do treinador e com grupo de jovens talentosos como Marcelo Negrão, Tande, Giovane, Maurício e outros, o Brasil conquistou o primeiro ouro da história da modalidade para o país. 

Zé Roberto ainda conquistou pelo time masculino os títulos do Super Four, no Japão, em 1992, e da Liga Mundial, em 1993. Ele levou a Seleção a mais pódios na Liga Mundial (prata em 1995, bronze nas edições de 1993 e 1996), Copa do Mundo (bronze em 1995) e ao primeiro lugar em dois Campeonatos Sul-Americanos, em 1993 e 1995. 

Fotos da vitória brasileira sobre a Coreia do Sul, pela semifinal dos Jogos de Tóquio



HISTÓRIA NA SELEÇÃO FEMININA


Zé Roberto interrompeu o trabalho à frente do time masculino do Brasil depois dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Ele assumiu o cargo de gerente de futebol do Corinthians e deu uma pausa no vôlei. Mas retomou o trabalho nas quadras, levou o Osasco a três títulos consecutivos da Superliga e foi convidado a assumir a Seleção Feminina, em 2003. O objetivo era iniciar um processo de renovação, mas o projeto deu frutos enormes à modalidade.

Depois de títulos no Grand Prix, Sul-Americano, Montreux Volley Masters e Copa dos Campeões, veio a grande frustração: a eliminação diante da Rússia na Olimpiada de 2004, em Atenas. O baque teve sequência no Mundial de 2006 e refletiu ainda nos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007. Mas a volta por cima foi em grande estilo. 

Treinador é carregado depois do histórico bicampeonato olímpico, em Londres
foto: livia Harris/AFP

Treinador é carregado depois do histórico bicampeonato olímpico, em Londres



Em 2008, veio a redenção. O treinador foi campeão do Grand Prix (heptacampeonato do Brasil), e conquistou o inédito ouro no vôlei feminino nacional, em Pequim'2008, diante dos EUA. A partir daí, a Seleção fez história, faturou o bi em Londres'2012, novamente contra as norte-americanas, e deixou Zé Roberto na lista dos tricampeões olímpicos. 

A chance do tetra, de novo contra os EUA, agora em Tóquio, é uma motivação a mais para o treinador. Mas ele se apega ao trabalho e também ao bom momento das jogadoras, para brigar por mais um ouro com as norte-americanas. "Cada medalha de ouro tem a sua história, a dificuldade, o momento. Mas o mais importante é chegar à final", destacou. 

"Podemos escrever uma história importante aqui. Os EUA têm um dos melhores times, elas se prepararam bem. Não somos os melhores, mas viemos para brigar. Perdemos para elas na (final) da Liga das Nações, mas com ajustes e mais velocidade nos contra-ataques, teremos chances. O time está com energia, quer brigar, isso é um alento", frisou. 

Treinador é erguido por jogadoras e comissão técnica depois do então inédito ouro em Pequim
foto: Daniel Aguilar/AFP

Treinador é erguido por jogadoras e comissão técnica depois do então inédito ouro em Pequim




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