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Após apoio de Neymar a Bolsonaro, Casagrande dispara: 'Não torcerei mais'

Ex-comentarista da Globo criticou apoio de atacante da Seleção Brasileira e do PSG ao atual presidente na eleição de domingo e citou até a Copa do Mundo

30/09/2022 11:19 / atualizado em 30/09/2022 12:25
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Casagrande criticou apoio de Neymar a Jair Bolsonaro
foto: Reprodução/AFP/Twitter Oficial Neymar

Casagrande criticou apoio de Neymar a Jair Bolsonaro

 

O ex-comentarista da TV Globo Casagrande criticou o atacante Neymar, da Seleção Brasileira e do Paris Saint-Germain, depois que o jogador declarou voto em Jair Bolsonaro na eleição presidencial de domingo (2/10).

Engajado politicamente, o comentarista chegou a ironizar o atacante depois do vídeo publicado nas redes sociais, em que o camisa 10 do PSG aparece fazendo coreografia para uma música de campanha do atual presidente.



"Neymar, esse vídeo de apoio a Bolsonaro, com essa dancinha, parece o seu comportamento na Copa de 2018, em que você só se jogava no chão e foi patético. Agora você está no chão novamente, só que com um assunto ainda mais sério", começou Casagrande.

Com grande visibilidade e influência, Neymar já alcançou mais de 12 milhões de visualizações e 1,7 milhão de curtidas na publicação. Casagrande citou "incoerência e alienação" do jogador por apoiar, segundo ele, “o candidato mais preconceituoso da história política brasileira, que já soltou falas homofóbicas, machistas e obviamente racistas”.

Admitindo que sempre cobra posicionamentos dos jogadores – como durante a pandemia de COVID-19 e a falta de vacinas –, Casagrande chamou atenção para a ausência de declarações públicas dos atletas e afirmou que, agora, Neymar precisa apenas cumprir com as expectativas dos brasileiros na Copa do Mundo do Catar.

"Neymar, agora você precisa jogar bem na Copa para o Brasil ganhar o hexa, porque você apoia um candidato que será derrotado e tentará um golpe de Estado".

Na sequência, debochou: "Ops, desculpa, camisa 10. Você não deve nem saber o que é um golpe de Estado".

“Adoro futebol, sempre amei Copas do Mundo. Vi, garotinho, o tricampeonato e estava no estádio comentando o penta. Não torcerei contra a Seleção, mas, de hoje em diante, não torcerei mais por ela quando o Neymar estiver em campo. Sabem por quê? Porque eu amo meu país”, concluiu.

 

Relação com a política


Ídolo do Corinthians, Casagrande esteve na luta pelo direito ao voto no fim da ditadura e chegou a afirmar em entrevista recente ao "Jornalistas Livres" que "não tem nada mais político que o futebol".

O engajamento pela democracia marcou sua carreira como jogador, já que Casagrande foi, ao lado de Sócrates, um dos líderes do movimento chamado Democracia Corinthiana.


Considerado o maior movimento ideológico da história do futebol brasileiro, os atletas tinham a intenção de incentivar a população a lutar e protestar pelo fim do regime autoritário no país.

Na final do Campeonato Paulista de 1983 contra o São Paulo, Casagrande e os demais jogadores entraram com uma faixa em campo, com a frase: “Ganhar ou perder, mas com democracia sempre”.

Casagrande foi um dos líderes da Democracia Corinthiana
foto: Reprodução/Corinthians

Casagrande foi um dos líderes da Democracia Corinthiana



Como comentarista esportivo da Rede Globo, emissora onde trabalhou por 25 anos, Casagrande continuou com a postura crítica em relação à política, chegando a entrar em atrito ao vivo com colegas como Caio Ribeiro e Tiago Leifert.

Ainda durante a conversa com o "Jornalistas Livres", o ex-jogador opinou sobre a falta de posicionamento político dos atuais jogadores brasileiros: "Parte das pessoas não tem almoço e janta, e os caras postam foto do iate, mansão e lancha? E outra coisa, a grande maioria é de direita, a grande maioria apoia o Jair Bolsonaro, para eles é cômodo apoiar um cara que apoia quem tem grana".

"O futebol é a voz do povo. Esses caras da Seleção Brasileira tinham que utilizar as vozes deles para passar mensagens, se posicionar, para chamar atenção: 'Pô, olha a Amazônia, olha os índios, olha as florestas'. E eles não estão nem aí para nada", concluiu.


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