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Eric Faria se desculpa por 'erro' em caso Cuca: 'Convivemos com esse fato'

Repórter do Grupo Globo admitiu que nunca questionou treinador sobre 'Escândalo de Berna' e condenação por violência sexual em 1989

27/04/2023 11:40
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Eric Faria admitiu que não se preocupou com situação de Cuca anteriormente
foto: Reprodução/Sportv

Eric Faria admitiu que não se preocupou com situação de Cuca anteriormente


O repórter Eric Faria, do Grupo Globo, se desculpou pelo comportamento da imprensa esportiva ao caso do técnico Cuca, condenado por violência sexual pela Justiça da Suíça, em 1989. Nessa quarta-feira (26/4), o treinador deixou o comando do Corinthians depois de apenas dois jogos devido a protestos e rejeição dos torcedores. 




"Sobre o caso Cuca. Nós, homens, jornalistas esportivos, fracassamos. E não adianta se esconder com 'ah, o mundo era outro'. Estupro sempre foi crime. Hoje. Ontem. Na década de 80. E durante 40 anos, nós convivemos com esse fato e nunca fizemos nada. Convivemos com Cuca que já havia sido condenado em 1989", iniciou Eric. 

"Eu nunca perguntei ao Cuca sobre isso. Também nunca fui cobrado para fazer. E a sociedade espera que jornalistas coloquem luz sobre fatos. Investigue. Mostre. Reporte. E não fizemos. Então, eu só tenho que admitir que errei como jornalista. Errei. E antes de exigir que qualquer pessoa se desculpe, eu preciso fazer antes. Como jornalista, peço desculpas por jamais ter me preocupado com o tema", admitiu. 

Saída do Corinthians


Diante da renovada repercussão do caso de violência sexual registrado em 1987, na Suíça, Cuca anunciou a saída do Corinthians. Na madrugada desta quinta-feira (27/4), o  técnico fez um pronunciamento à imprensa na Neo Química Arena, em São Paulo, depois da classificação às oitavas de final da Copa do Brasil, com vitória nos pênaltis sobre o Remo (5 a 4) - 2 a 0 no tempo regulamentar.

Ao anunciar a saída do Corinthians, Cuca afirmou que se tratava de um pedido da família, que, segundo ele, vem recebendo ameaças nas redes sociais. O treinador considerou a pressão externa como um  'massacre' que atingiu dirigentes e jogadores do clube. 

"Vou fazer 60 anos mês que vem. Você pesa o que vale e o que não vale a pena na vida. Quero fazer valer a pena minha família. Não esperava essa avalanche que vivi aqui. Fui julgado e punido pela internet. Isso tem uma consequência muito grande, em todos os sentidos".

"Eu venho aqui na emoção do jogo, jogo que foi demais. Primeira vez senti o pulsar da Arena, da Fiel, a favor. Foi maravilhoso, com a conquista dessa vaga. Foi um dia vivido, de um sonho. Antes desse sonho se realizar, tiveram três, quatro dias muito pesados. Um pesadelo. Um massacre que aconteceu", disse. 

No decorrer do discurso, Cuca agradeceu ao presidente Duílio Monteiro Alves. "Ele é um cara maravilhoso, humilde e estava prejudicando ele. A pressão era enorme. Não é justo deixar ele sofrendo por um problema que é meu. Agradeço aos jogadores, eles me abraçaram, compraram meu barulho, minhas ideias. Se Deus quiser eu volto um dia, para fazer um trabalho do início ao fim", declarou. 



Entenda o caso


Quando era jogador do Grêmio, em viagem à Suíça, Cuca se envolveu no episódio conhecido como 'Escândalo de Berna'. Em 1987, ele e outros três atletas - Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges - foram acusados de estupro coletivo contra uma adolescente de 13 anos.

Em 1989, os quatro foram condenados pela Justiça da Suíça. Cuca pegou 15 meses de prisão por violência sexual contra pessoa vulnerável (com menos de 16 anos), mas não cumpriu a pena, já que o Brasil não extradita seus cidadãos. Em 2004, a possibilidade de execução expirou.

Em sua apresentação no Corinthians, no dia 21 de abril, Cuca alegou que era inocente e sequer havia tocado na garota. Porém, a versão do advogado da vítima é diferente. Em entrevista ao UOL, nessa terça-feira (25), Willi Egloff garantiu que a menina reconheceu o então meio-campista do Grêmio como um dos estupradores.








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