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Protesto histórico: atletas do Real Ariquemes podem pedir indenização alta

Jogadoras do time feminino do Real Ariquemes devem entrar com ação na Justiça por danos morais

17/06/2023 06:00 / atualizado em 16/06/2023 23:26
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Real Ariquemes protestou na última rodada antes do mata-mata do Brasileirão Feminino por salários atrasados
foto: Reprodução

Real Ariquemes protestou na última rodada antes do mata-mata do Brasileirão Feminino por salários atrasados


“Presas” em Porto Velho, capital de Rondônia, as jogadoras do Real Ariquemes devem mover uma ação na Justiça contra o clube por danos morais nos próximos dias. Segundo o advogado que orienta algumas das atletas, os valores de indenização pedidos serão altos para que, de fato, elas recebam uma reparação por todos os transtornos. 

- Até a semana que vem devemos entrar com o processo, pelo menos por danos morais. O clube fez a promessa de pagamento integral dos salários atrasados até esse fim de semana, mas a situação é bem maior do que isso. Elas estão sofrendo transtornos, inclusive psicológicos. Em processos por danos morais, podemos pedir até cem vezes o valor dos atrasos. Isso não significa que elas vão receber tudo o que pedirmos, mas precisamos reparar isso de alguma forma - disse o advogado Higor Maffei Bellini ao Superesportes.

Até a última quinta-feira (15), o presidente do Real Ariquemes, Chico Pinheiro, concluiu o pagamento de metade dos dois salários que estavam pendentes. No entanto, os pagamentos só foram feitos após a repercussão da greve das jogadoras na imprensa. 
 

No início desta semana, o time não entrou em campo contra o Santos, pela última rodada do Brasileirão Feminino, e fez um protesto à beira do gramado. Até o protesto do elenco, apenas quatro atletas haviam recebido os depósitos. A equipe, que perdeu por WO, foi orientada pelo próprio advogado na greve.

- Na quarta-feira à noite começaram a cair mais pagamentos. Ele começou a pagar um salário para algumas meninas na segunda, mas só terminou na quinta. A nossa ideia é ficar aqui até que o segundo pagamento seja concluído. Ele tem total noção do quanto está encrencado, e nós não vamos deixar para lá. É a nossa vida, a nossa profissão - revelou Gabrielle Lira, jogadora do Real Ariquemes, à reportagem. 

Protesto é um marco na história do futebol feminino


Na visão de Gabrielle, o posicionamento das atletas do Real Ariquemes é um marco na história do futebol feminino. Em ano de Copa do Mundo Feminina, que deve ser a maior da história, ainda há pouca informação sobre a realidade enfrentada pelas jogadoras. 

- A gente sabe que a grande parte dos clubes não cumprem as funções, os combinados. Nosso protesto foi para lutar pela modalidade de forma geral. Muitas ficaram com medo do que isso pode fazer com a carreira delas. Passou pela cabeça… quem vai querer contratar depois disso? Mesmo assim a gente se posicionou e lutou por respeito. Isso é muito importante - disse a jogadora. 
 

Além disso, o representante legal das atletas acredita que esse tipo de episódio pode desencadear uma revolução na modalidade. Quanto mais se falar sobre os problemas, mais soluções podem ser encontradas, segundo o advogado. 

- A atitude dessas meninas vai revolucionar o futebol feminino. Em ano de Copa do Mundo, mostra que o futebol feminino no Brasil não é seleção brasileira. Elas falaram ‘basta’. Elas querem ser tratadas como profissionais. Não se pode tirar uma menina da sua casa com a promessa de pagamento de salário e depois não pagar, achando que fica por isso mesmo. Isso não existe mais. 


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