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Rival do América, Inter busca retomada de confiança após troca no comando

Colorado mudou radicalmente estilo de jogo e venceu a Chapecoense na estreia de Aguirre; Superesportes ouviu analista de desempenho sobre momento da equipe

25/06/2021 15:00 / atualizado em 25/06/2021 15:15
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Diego Aguirre é o novo técnico do Internacional
foto: Ricardo Duarte/Internacional

Diego Aguirre é o novo técnico do Internacional

 
Próximo rival do América na Série A do Campeonato Brasileiro, o Internacional busca uma retomada de confiança após troca no comando técnico. Em 11 de junho, depois de eliminação para o Vitória na Copa do Brasil, o Colorado demitiu o espanhol Miguel Ángel Ramírez, adepto à filosofia do Jogo de Posição. Em seu lugar, a diretoria contratou o uruguaio Diego Aguirre, identificado com o clube e ligado a uma ideia de jogo mais reativa e conservadora.

A reta final do trabalho de Ramírez criou um ambiente de enorme pressão no Inter. Mesmo com a classificação na liderança do Grupo B da Libertadores, a equipe demonstrava dificuldades para assimilar o modelo do treinador espanhol. O momento se tornou conturbado com a perda do Campeonato Gaúcho para o rival Grêmio, a goleada sofrida por 5 a 1 para o Fortaleza na 2ª rodada do Brasileirão e a eliminação na Copa do Brasil.

Após reunião, a diretoria colorada avaliou a demissão de Ramírez como a decisão mais correta para que o clube gaúcho retomasse os trilhos na temporada. Interinamente, o auxiliar técnico Osmar Loss comandou a equipe em três jogos antes do anúncio da contratação de Aguirre - vitória sobre o Bahia por 1 a 0, derrota para o Atlético por 1 a 0 e empate com o Ceará em 1 a 1.

Nesta quinta-feira (24), na estreia do uruguaio no comando técnico, o Inter completou uma grande atuação diante da Chapecoense. Ainda que com 48% de posse de bola, lançando mão de um estilo um pouco mais reativo e conservador, a equipe gaúcha criou as melhores chances e venceu por 2 a 1 na Arena Condá, em Chapecó.

Com gols de Caio Vidal e Yuri Alberto, Inter superou a Chape por 2 a 1
foto: Ricardo Duarte/Internacional

Com gols de Caio Vidal e Yuri Alberto, Inter superou a Chape por 2 a 1


No duelo, o time de Aguirre finalizou 25 vezes ao gol, explorando, principalmente, as transições ofensivas em velocidade. O elenco mostrou resposta rápida à nova proposta e controlou a partida. Com o triunfo, o Inter chegou aos 8 pontos e alcançou a 13ª colocação na tabela da Série A.

No domingo (27), às 20h30, o Colorado será o adversário do América no Independência, em Belo Horizonte, em confronto válido pela 7ª rodada do Brasileirão.

O Superesportes ouviu o analista de desempenho Pedro Quadros, de Porto Alegre, que opinou sobre a temporada do Internacional e destacou suas perspectivas para o embate diante do Coelho.
 

Opinião 


Pedro Quadros
Analista de desempenho

O Inter começou a temporada com o Ramírez, depois de ter sido vice-campeão brasileiro. Não anunciou reforços. Trouxe só o Taison e o Palacios. O que aconteceu foi que o Inter tem um elenco que não casava muito com as ideias do Ramírez. Tem jogadores muito mais físicos e de transição rápida do que jogadores para jogar num modelo de Jogo de Posição. Deu muita coisa errada e, pelas informações internas, o Ramírez não era tão bom no trato do vestiário. Os treinos não estavam dando os estímulos necessários, e o Inter deu azar na escolha. Começou a involuir a partir da final do Gauchão - tinha muito erro, sobretudo na parte defensiva, e o Inter cedia muito espaço.

Espanhol Miguel Ángel Ramírez encontrou dificuldade para implementar o Jogo de Posição no Internacional
foto: Ricardo Duarte/Internacional

Espanhol Miguel Ángel Ramírez encontrou dificuldade para implementar o Jogo de Posição no Internacional


Com a demissão, o Inter escolhe o Aguirre, que é um treinador que já conhecia e já tinha uma história aqui. Por mais que seja uruguaio, é um cara 'da casa'. Ele tem um modelo de jogo que casa muito mais com o elenco do que o do Ramírez. O Aguirre tem um modelo mais reativo, mais de negar os espaços para, a partir de uma marcação em bloco médio, tentar roubar a bola e transitar rapidamente - assim como era com Abel Braga e até o Odair Hellmann, puxando um pouco mais para trás. 

Agora, no primeiro jogo, contra a Chape, ele retomou o 4-1-4-1 do Abel e o time jogou bem. Adotou uma postura que os jogadores estão acostumados, de um jogo mais de transição rápida - não necessariamente um jogo propositivo. Foi um dos jogos com menos posse de bola na temporada (48%). Só que, ao mesmo tempo, o Inter teve recorde de finalizações - 25 chutes ao gol. Isso foi o maior número da temporada. Criou muito, perdeu muitas chances claras, poderia ter feito um placar muito tranquilo. Jogou bem porque retomou o modelo que os jogadores sabem executar.

Acho também que o Aguirre é um cara muito agregador no vestiário, que é algo que o elenco estava precisando. O Inter, a partir da chegada do Aguirre, retomando um modelo mais de transição, um jogo muito mais vertical, está retomando a confiança. Vai chegar bem para o jogo contra o América. Deve repetir a escalação, na medida do possível, porque o Caio Vidal está suspenso. Talvez entre o Vinícius Melo, que é um jogador da base - um 9 rápido, canhoto, que também pode jogar pelo lado.

Minha aposta é essa: um 4-1-4-1, com uma marcação em bloco médio e subindo a partir de alguns gatilhos, como foi contra a Chape. Tentar fazer a roubada da bola e explorar uma transição rápida e direta. 

O Inter vive um bom momento. Ontem, foi o melhor jogo dos últimos tempos. O Aguirre usa uma marcação individual por setor, que tenta induzir o adversário para o corredor lateral e sobe pressão. Gerou muitas situações de perigo a partir de roubadas assim. Tem jogadores que são mestres nesse tipo de jogo - Edenílson, Yuri Alberto, Patrick. Vai ser um jogo difícil para o América, porque o Inter não vai ceder tantos espaços e é um time muito físico, que marca forte, com jogadores muito fortes para transitar.

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