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Dancinhas do Brasil: certo ou errado? Tem limite para comemorações?

Especialistas opinam a respeito do assunto que tem repercutido mundialmente; estrangeiros criticaram comemorações após danças na goleada sobre a Coreia

09/12/2022 09:19
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Dancinhas do Brasil: certo ou errado? Tem limite para comemorações?
foto: MANAN VATSYAYANA / AFP

Dancinhas do Brasil: certo ou errado? Tem limite para comemorações?


 
A goleada dos comandados de Tite sobre a Coreia do Sul, por 4 a 1, nas oitavas de final da Copa do Mundo, rendeu diversas repercussões positivas na imprensa, principalmente em virtude do futebol vistoso apresentado pelo Brasil. No entanto, com o passar das horas, outro assunto acabou se tornando o tema da vez: a dancinha dos atletas nas comemorações dos gols.
 
 

Diante do país asiático foram quatro coreografias, uma para cada gol marcado. Porém, teve gente que não gostou, como o comentarista irlandês Roy Keane, ex-volante do Manchester United, que declarou: "Eu acho que dançar desse jeito toda vez que marca um gol é desrespeitoso. Não ligo de fazerem a primeira 'coreografia', ou o que seja, para o primeiro gol, mas não toda vez. É desrespeitoso. Até o treinador está no meio. Eu não gosto disso."


"O gol é o momento mais importante do futebol, onde não só nós ficamos muito felizes, como agora na Copa um país inteiro fica. Temos muitas comemorações para fazer ainda. Que a gente possa seguir fazendo muitos bailes e jogando bem para chegar até a final nesse ritmo. A galera gosta de reclamar quando vê o outro feliz, e o brasileiro é sempre muito feliz, então vamos sempre afetar bastante. Que a gente possa seguir com a nossa alegria, com tranquilidade, porque tem mais gente por nós do que contra nós", declarou o atacante do Real Madrid.

Mas em meio aos profissionais do mercado, como toda essa situação tem sido analisada? Para Armênio Neto, especialista em geração de receitas no esporte e que foi diretor de marketing do Santos entre 2010 e 2013, as danças são bem-vindas. No entanto, o especialista faz um alerta sobre um outro tipo de comemoração e que também é bastante comum entre os atletas. 

"Gol é o ápice de um jogo de futebol. E as dancinhas são uma das formas mais marcantes de se comemorar. Irreverência positiva, dentro dos limites do esporte, que atrai atenção e engaja o torcedor. Digo isso porque fui executivo do Santos FC durante a Era Neymar Jr e vi de perto o quanto isso marcou época e se tornou uma característica do clube, da sua marca. A única comemoração que não concordo é tirar a camisa. É injusto com o patrocinador e também com o executivo de marketing do clube, que acaba pagando pela alegria exagerada do artilheiro", pontua Neto.

Já Rene Salviano, CEO da agência Heatmap, que atua com marketing e patrocínio esportivo, enfatiza que, independente da forma de celebração, o mais importante é manter o "fair play". 

"Como brasileiro, vejo de forma positiva e natural a dancinha dos atletas na comemoração. É um momento de extravasar, de esquecer um pouco a pressão que é jogar uma Copa do Mundo, afinal, os atletas também são seres humanos. A única ressalva que faço, nesse ponto, é sobre saber respeitar os limites. Toda festa é válida, desde que não se torne uma provocação ou humilhação às outras pessoas. O jogo limpo sempre tem que prevalecer", opina Salviano.

É fato que, além do contexto futebolístico, a celebração também faz parte de outros setores da vida humana. Como não festejar uma promoção na carreira; um crescimento da empresa; a conquista de novos clientes?

Porém, diferente dos gramados, o ambiente de trabalho pode ser mais formal e por isso vale o bom senso do colaborador, além do conhecimento da cultura da companhia em aceitar ou não esse tipo de manifestação, como explica Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br, um dos maiores portais de recolocação profissional do país.  

"A alegria faz parte da nossa cultura, está no DNA do brasileiro e se expressa no corpo. Em determinadas situações, pode ser quase impossível conter a emoção que sentimos ao atingir uma meta que parecia impossível, alcançar um resultado positivo em um cenário adverso ou até mesmo conquistar uma promoção com a qual tanto sonhamos. A expressão do corpo é o que nos faz existir onde quer que estejamos, mesmo com tantas dificuldades", afirma a especialista. 

De acordo com Tábata, o problema é quando essas manifestações extrapolam as quatro linhas do respeito, vão parar nas redes sociais sem contexto ou são feitas na frente de clientes que capturam apenas aquele recorte momentâneo, sem conhecerem o que levou à explosão de alegria. "Quando isso acontece, pode não cair bem."


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