'Melhor dia da minha vida': a festa marroquina, os mais barulhentos da Copa

No instante em que a bola rolou neste sábado (10), as vaias tomaram conta do Estádio Al Thumama. O som da arquibancada lotada com 45 mil torcedores soou como pressão a quem teve a bola por mais tempo. Portugal ficava com a posse e se tornava alvo de um ruído que martelou insistentemente na cabeça até a hora de dormir. Quando o controle enfim mudava de lado, os assobios se transformavam em canções de apoio aos que estavam ali para fazer e viver a história. De vermelho, a torcida mais barulhenta e participativa da Copa do Mundo do Catar se fez presente novamente e empurrou Marrocos à improvável semifinal.

"Parece que estamos jogando em casa". A declaração do volante Amrabat não é demagogia ou tentativa de agradar aqueles que os apoiaram até o fim, sem parar. A torcida de Marrocos, de fato, fez um jogo entre seleções - que costumeiramente tem arquibancadas mais frias - parecer um clássico entre times, com o fervor da rivalidade local.

São milhares de marroquinos espalhados por Doha. Desde o início do Mundial, a seleção africana é uma das que tem mais torcedores presentes nos estádios, ao lado dos argentinos - que vivem a expectativa pelo tricampeonato - e os sauditas, cujo deslocamento foi facilitado pela proximidade com o Catar.

"Eu estou muito, muito feliz! Estou vivendo um sonho", exclamou Zahira Kaouachi, uma das muitas mulheres que compõem a torcida da seleção. "Portugal, o aeroporto é por aqui", brincou, na saída do estádio.

As referências aos eliminados, aliás, foram marca da comemoração após a vitória por 1 a 0. Entre cantos e danças, marroquinos ironizavam a comemoração tradicional de Cristiano Ronaldo e provocavam: "Onde está o Cristiano?", questionavam-se, ao "procurá-lo" nos bolsos da calça.

"Chegar à semifinal é um recorde para os africanos. É incrível. É o melhor dia da minha vida, estou muito feliz!", festejou Ayoub Aainouss.

Agora, o sonho foi renovado. Pela frente, porém, está mais um favorito: a França. Mas nada que os abale. "É claro que estamos confiantes! Eles mostraram o que podem fazer. Nós vamos ganhar, Inshallah (se Alá quiser)!", completou Othmane Bensalah.