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O que deu errado? Jornalistas estrangeiros apontam falhas do Brasil na Copa

Superesportes conversou com repórteres de outros países que estão na cobertura in loco do Mundial no Catar para saber a percepção sobre a eliminação brasileira

Neymar e Rodrygo arrasados com eliminação do Brasil diante da Croácia, nos pênaltis
foto: GABRIEL BOUYS / AFP

Neymar e Rodrygo arrasados com eliminação do Brasil diante da Croácia, nos pênaltis


Doha - A eliminação do Brasil para a Croácia nas quartas de final da Copa do Catar chateou os brasileiros e surpreendeu o mundo. Nas ruas de Doha, torcedores de outros países repetidamente demonstraram certa incredulidade pela queda precoce de um dos principais favoritos ao título na final do próximo domingo (18). Foi o mesmo sentimento de boa parte da imprensa especializada internacional consultada pelo Superesportes.

No dia seguinte à derrota nos pênaltis após o empate por 1 a 1 na prorrogação, a reportagem conversou com jornalistas estrangeiros que participam da cobertura no Oriente Médio para entender as diferentes percepções sobre a quinta frustração consecutiva da Seleção Brasileira em Mundiais.

Veja a seguir as avaliações de quatro jornalistas: um francês, um argentino, um uruguaio e um estadunidense. Com escolas futebolísticas distintas, cada um identifica possíveis falhas que provocaram a eliminação brasileira. Os erros apontados vão desde o mau posicionamento defensivo no fim do jogo até o aspecto mental abalado nas cobranças de pênalti.

Joan-François Perés, Europe 1 (França)


"Infelizmente, acho que tudo foi muito fácil para o Brasil até as quartas de final. Eles tiveram muitas dificuldades contra a Croácia, que é um time muito resiliente, que nunca perde o temperamento e seu jeito de pensar o futebol. Quando Neymar marcou, acho que o Brasil pensou: 'Ok, acabou, nós conseguimos, nos vemos nas semifinais'. Mas você não conhece a Croácia. A Croácia é uma nação europeia muito nova, que joga a Copa do Mundo há 24 anos e já chegou a três semifinais. Eles nunca desistem.

Eu vi o lance do gol de empate dez ou 15 vezes e não sei como o Brasil conseguiu perder a bola daquele jeito, com só três ou quatro na defesa, todos no lado esquerdo. Eu não entendi nada. Nos pênaltis, acho que tudo está no psicológico, e vocês perderam por isso. Quando você tem Neymar, que é um dos melhores batedores do mundo, você o coloca para bater primeiro para dar confiança ao resto do time".

Ariel Schvartzbard, Tyc Sports (Argentina)


"Não vi o jogo do Brasil, porque estava no estádio onde a Argentina jogaria. Mas foi uma surpresa, algo inesperado, porque todos imaginávamos o Brasil nas semifinais, ainda mais depois de fazer 1 a 0. É uma alegria quando o Brasil vai embora, quando volta para casa, mas queríamos jogar contra o Brasil. Mas acho que o caminho contra a Croácia é mais simples. Não é simples, mas o caminho aparenta ser mais simples".

Jonathan Wilson, Sports Illustrated (EUA)


"A pergunta depois dos quatro primeiros jogos sempre foi: 'O que vai acontecer quando eles enfrentarem um time de primeiro nível?'. Eu nem acho que a Croácia está no primeiro nível. Eles estão num bom nível e sabem como ganhar jogos.

O Brasil teve chances suficientes para ganhar e Neymar tem crédito por fazer um gol brilhante, mas o time não teve disciplina para ganhar. O futebol não é só atacar, não são só os 'truques', não é só criar jogadas bonitas. Também é sobre defender. E eu acho que o Brasil não tinha sido realmente testado até os últimos minutos contra a Croácia".

Alejandro Sonsol, Monte Carlo TV (Uruguai)


"Sinceramente, achava que o Brasil era o grande candidato a ganhar a Copa. A eliminação me surpreendeu muito. Creio que, pela forma como vivem e entendem o futebol, no lugar de se fechar e segurar o resultado, seguiram em busca do segundo gol. Pagaram caro por isso contra uma seleção que nunca se rende, como a Croácia.

Nos pênaltis, em que os brasileiros costumam ir muito bem, enfrentaram uma seleção que está acostumada a definir nos pênaltis. Acho que são os melhores, mas em um Mundial às vezes isso não basta, porque em 90 minutos se define a história.

E há algumas outras questões psicológicas, de concentração, do que no Uruguai chamamos de 'garra charrúa'. Não digo que o Brasil não tenha isso, mas às vezes, por esta forma que têm de viver, vocês se excedem e, para mostrar ao mundo que são o Brasil, esquecem que estão numa Copa do Mundo".


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