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Denúncias, ameaças e impeachment: ex-conselheiro fiscal explica renúncia e analisa momento político do Cruzeiro

Celso Luiz Chimbida deixou cargo pedindo mais transparência dentro do clube

Tiago Mattar
Celso Luiz Chimbida renunciou ao cargo no Conselho Fiscal - Foto: Twitter/Reprodução
Celso Luiz Chimbida é um dos cinco conselheiros que renunciaram ao cargo no Conselho Fiscal do Cruzeiro neste mês. Em entrevista ao Superesportes, ele detalhou os motivos que o fizeram deixar o posto, ressaltou a necessidade de mais transparência dentro do clube e analisou a série de denúncias apresentadas pelo Fantástico, da TV Globo, no último domingo. A Polícia Civil investiga a diretoria por indícios de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. 

À reportagem, Chimbida foi questionado sobre a existência de ameaças antes da renúncia. Ele afirmou que recebeu contatos “velados” de que “a torcida queria saber quem estava prejudicando o Cruzeiro”. Perguntado de quem partiam essas comunicações, o conselheiro afirmou terem sido passadas por “interlocutores” da atual diretoria. 

Além de Chimbida, Geraldo Luiz Brinati, Ubirajara Pires Glória, Valter Batista e Daniel Faria deixaram o Conselho Fiscal do Cruzeiro. Novas eleições deverão ser marcadas por Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, para a semana do dia 13 de junho.

Leia, na íntegra, a entrevista com Celso Luiz Chimbida:

Quais foram os principais motivos para o pedido de renúncia?

O Wagner (Pires de Sá, presidente) teve um momento muito conturbado, com a transição em função do balanço de 2017. Teve dificuldade para fazer efetivamente o acerto. O Conselho nosso ficou apartado em função disso.
Efetivamente, a resolução do balanço de 2017 foi acontecer apenas em agosto. Depois disso, começamos a pedir documentos. Anteriormente, também a gente já tinha feito isso, na realidade. A origem (das reclamações), então, é de longa data. Os motivos nada mais são do que limitação de acesso aos documentos que deram origem aos lançamentos contábeis. 

Como vocês analisaram a série de denúncias feitas pelo Fantástico, da TV Globo?

É uma questão que incomoda. Quando você tem uma função para desenvolver e não consegue desenvolver. Eles (diretoria) fizeram uma normativa para, diferentemente do que manda o regimento, limitar acesso aos documentos. A mesa diretora do conselho não nos auxiliou e não restou outra alternativa que não a renúncia. 

Mas também não é uma questão de como recebemos as denúncias do Fantástico. Não podemos fazer juízo de valor, em momento algum fizemos esse juízo. São procedimentos administrativos, mas pegar e fazer afirmativas sobre as denúncias, eu seria leviano. É nesse sentido. Nossa linha sempre foi mais no sentido de conferir o que estava lá. 

Vocês receberam algum tipo de ameaça antes da renúncia?

Eu estaria sendo injusto ao afirmar que teve ameaça de torcida A ou torcida B. Foram falas veladas de que a torcida queria saber quem eram os conselheiros que estavam prejudicando o Cruzeiro.
Mas quero deixar claro que isso, em momento nenhum, foi ponto para a renúncia. 

Mas quem falava isso?

Interlocutores da diretoria. 

E falavam sobre alguma torcida específica? 

Falavam que torcidas-marcas gostariam de saber sobre nós. Mesmo porque não posso levar a sério de que pessoa A ou pessoa B fez ameaça sem que eles, especificamente, tenham feito. 

Você vê alguma possibilidade de o Wagner deixar a presidência do Cruzeiro a curto ou médio prazo?

Eu acho que, quando você fala deixar, é unilateral dele. Não posso pegar e simplesmente me imbuir do pensamento do que ele é, do que não é. Entendo que ainda precisa ser muito mais esclarecido. Você não tem documentos efetivos. Penso que o que tem até agora não tem significância grande. Para mim, ainda não é motivo de afastamento. O que precisa é dar transparência, deixar o Conselho Fiscal ter acesso aos documentos. Se não tem nada de errado, porque não mostram? Falaram que gostaríamos de ver salário de jogadores. Isso é mentira.
Nunca foi colocado no sentido de saber o que é salário de jogador ou o que não é. Queremos saber a origem dos pagamentos, o que foi pago, o que não foi. 

A questão de saber salário de jogador está inerente ao contrato. O Conselho Fiscal precisa ver o contrato. Quem foi o intermediário, percentuais, o que tem no contrato. Ele é imagem? O que é pago mensalmente? A questão não é saber o salário. Preciso saber, contabilmente, a confirmação do pagamento. A quem está sendo pago, o que foi pago, se existe intermediário. São esses pontos que precisam ser considerados. 

Como você avalia o trabalho do Zezé Perrella como presidente do Conselho Deliberativo?

Eu acho que tudo ficou latente, claro, dentro do nosso pedido de renúncia. Se o Conselho Fiscal tivesse tido um auxilio da mesa diretora, as renúncias não teriam acontecido. Por outro lado, seria leviano da minha parte dizer que ele não ajudou, não auxiliou. Teria que saber da parte dele se ele teve condição de auxiliar. Se ele também não teve dificuldade. 

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