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CRUZEIRO

Adilson Batista se inspira em façanha com Grêmio de 2003 para salvar Cruzeiro do rebaixamento

Arrancada na reta final do Campeonato Brasileiro fez tricolor gaúcho escapar da degola. Missão com a Raposa é mais difícil por causa da falta de tempo

Rafael Arruda
Adilson tem difícil missão de repetir feito para salvar Cruzeiro de queda - Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Zagueiro e capitão do Grêmio campeão da Copa Libertadores de 1995 e do Campeonato Brasileiro de 1996, Adilson Batista encarou a missão de ser técnico do clube em 2003 e liderou uma improvável reação na Série A, disputada por 24 equipes em 46 rodadas. A fase crítica do tricolor gaúcho foi na 33ª rodada, na qual ocupava a lanterna, com 26 pontos, nove a menos que o Paysandu, primeiro time fora da zona de rebaixamento. Nos 13 duelos finais, ganhou sete, empatou três e perdeu três (61,53% de aproveitamento), escapando da queda à Série B em 20º lugar, com 50 pontos. Fortaleza, 23º, com 49, e Bahia, 24º, com 46, caíram para a segunda divisão.

Os cinco últimos confrontos no Brasileiro de 2003 foram cruciais para aquele Grêmio de Adilson. Vindo de três derrotas, incluindo um 3 a 0 ante o Cruzeiro, no Mineirão, o tricolor obteve dois triunfos consecutivos em casa, sobre Paysandu (2 a 0) e Vasco (4 a 3). Na sequência, bateu o Criciúma, em Santa Catarina, por 2 a 0, e empatou com o Santos, no litoral de São Paulo, por 2 a 2. Na 46ª rodada, recebeu o Corinthians, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, diante de 50 mil torcedores. George Lucas, Bruno e Anderson Lima marcaram os gols da vitória por 3 a 0, no dia 14 de dezembro, e garantiram a permanência do Grêmio na elite nacional.

Contratado para o lugar de Nestor Simonato em 22 de agosto de 2003, Adilson dirigiu o Grêmio em 19 partidas no Brasileiro, com sete vitórias, seis empates e seis derrotas.
No trabalho, ficou marcado por apostar no goleiro Eduardo Martini para o lugar do ídolo da torcida, Danrlei, com quem jogou junto no elenco campeão continental em 1995 e nacional em 1996. “Se puxar um histórico meu, eu tirei o Danrlei, ídolo do Grêmio, em 2003. Então, você já conhece a minha linha. Não é nome. Tem que jogar bola”, ressaltou o técnico, em sua apresentação no Cruzeiro no dia 29 de novembro, ao garantir que nenhum integrante do grupo terá lugar cativo por causa de nome.

A diretoria cruzeirense já tomou sua iniciativa e afastou o armador Thiago Neves em função da ida dele a um show de pagode em Belo Horizonte. O gestor de futebol Zezé Perrella considerou a conduta do camisa 10 inapropriada para o clube, que luta desesperadamente contra o rebaixamento à Série B - é o 17º colocado, com 36 pontos, dois a menos que o 16º Ceará. Atletas como Henrique e Egídio também repreenderam o colega. “Primeiro temos que respeitar o Cruzeiro. Nunca o jogador é maior que a instituição”, frisou o volante, em entrevista à TV Globo. “É difícil falar disso depois do jogo que a gente perdeu, mas, caralho, porra, a gente é um time, é um conjunto, sempre fomos unidos. Uma porra dessas não pode acontecer mesmo!”, reclamou o lateral-esquerdo.

Adilson, que não se opôs à decisão de Perrella com relação a Thiago Neves, tem tempo bem mais curto que em 2003 para livrar o Cruzeiro da degola. Nesta quarta, a partir das 19h30, ficará de olho no duelo entre Ceará e Corinthians, no Castelão, em Fortaleza. Na quinta, às 19h15, tentará surpreender justamente o Grêmio, clube que salvou há 16 anos, em embate na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.
No domingo, às 16h, encerrará a participação no Brasileiro contra o Palmeiras, no Mineirão. A matemática da Raposa é simples: para a permanência na Série A do Campeonato Brasileiro, será necessário somar três pontos a mais que o Ceará nas duas últimas rodadas. O time nordestino terminará o campeonato diante do Botafogo, às 16h de domingo, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

Sites de cálculos de probabilidades consideram muito elevado o risco de o Cruzeiro ser rebaixado pela primeira vez no Campeonato Brasileiro: Departamento de Matemática da UFMG - 90,6%; Chance de Gol - 94%; e Infobola - 86%. As contas analisam tanto a sequência final das equipes quanto o retrospecto recente. E no caso do time celeste, a última vitória aconteceu há mais de um mês, em 31 de outubro: 2 a 0 sobre o Botafogo, no Rio de Janeiro, gols de Cacá e Éderson. Depois, a equipe emplacou quatro empates e três derrotas, com direito a tropeços no Mineirão ante os rebaixados Avaí (0 a 0) e CSA (revés por 1 a 0).

Possibilidades na briga contra o rebaixamento

Se o Ceará perder os dois jogos, o Cruzeiro tem de ganhar ao menos um para não cair

Se o Ceará empatar um jogo e perder outro, o Cruzeiro tem de empatar um e ganhar outro

Se o Ceará ganhar um jogo, o Cruzeiro precisa vencer os dois

Se o Ceará ganhar um jogo e empatar outro, o Cruzeiro será rebaixado. O mesmo acontece em caso de duas vitórias cearenses.
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