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Dalai Rocha critica política de salários na gestão de Wagner Pires no Cruzeiro: 'Salto de canguru'

Presidente em exercício diz que Conselho Gestor 'se assusta' quando toma conhecimento sobre aumentos de remunerações no clube

Rafael Arruda
José Dalai Rocha demonstrou indignação com os aumentos salariais concedidos na gestão anterior - Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

O presidente em exercício do Cruzeiro, José Dalai Rocha, criticou a política de reajuste salarial implantada na gestão de Wagner Pires de Sá, que renunciou ao mandato em 19 de dezembro após pressão de opositores no Conselho Deliberativo e também de torcedores. Ele utilizou a expressão “salto de canguru” para classificar as ações que tornaram a dívida de R$ 700 milhões impagável em curto prazo.



“Não é só pelo fato de alguém ter trabalhado na antiga diretoria que seria excluído. Mas está sendo feita uma auferição com base em salários. Uma das características da administração passada é uma prodigalidade na qual não encontramos razão de subir salários. A pessoa ganha 5 mil reais, é um bom funcionário, aí passa para 15 mil. O Conselho Gestor se assusta a todo momento quando vê a progressão salarial. Eles são empresários, homens com 10, 15, 20 mil funcionários. Esses homens, quando têm funcionários que ganham 3 mil reais, que desempenham muito bem o seu papel, aumentam para 3.500. E no outro ano aumenta para 4. O funcionário fica satisfeitíssimo. No Cruzeiro, o salto é de canguru. De 3 para 12, de 12 para 30, de 30 para 60 (mil). Assim aereamente. É isso que estamos suportando agora. Um absurdo”.

Segundo José Dalai Rocha, integrantes dos departamentos médico e de fisioterapia do Cruzeiro chegavam a receber três ou quatro vezes mais que profissionais de outros clubes. “Isso estava sendo mostrado desde maio do ano passado. O departamento médico do Cruzeiro - comparado a Flamengo, Santos, Internacional, Grêmio e Corinthians - gasta três ou quatro vezes mais que esses times. Um fisioterapeuta no Santos ganha 6 ou 7 mil. Aqui ia para 15, 20 ou 30”.

O presidente também reclamou do alto custo para manter as categorias de base sem ter a contrapartida de formação e venda de jogadores por valores satisfatórios. “Paralelamente, o aproveitamento das divisões de base foi um absurdo. O Cruzeiro gastou R$ 51 milhões com divisões de base e teve lucro de R$ 2 milhões. O Santos gastou R$ 25 milhões e teve lucro de R$ 180 milhões”.



Apesar da catastrófica administração de Wagner Pires, que culminou com o rebaixamento do Cruzeiro à Série B, alguns profissionais serão mantidos - desde que tenham remunerações dentro da realidade. “Funcionários que trabalharam na gestão passada, com bom desempenho e com salário compatível, estão sendo mantidos. Outros, infelizmente corta o coração, pessoas amigas, boas, mas o Cruzeiro não está suportando essa carga”, ressaltou Dalai.

“A política de restauração da credibilidade continua sendo feita. Todos os dias tem uma reformulação. A preocupação é essa, de excelência. É um processo, mas é um processo cauteloso. Não podemos tirar uma peça sem colocar um substituto que atenda às contingências urgentes. O Cruzeiro está sendo passado a limpo para não cometermos injustiças”, completou o mandatário.

Nessa segunda-feira, antes da reapresentação para a temporada 2020, o Cruzeiro demitiu vários profissionais ligados ao departamento de futebol, entre eles o diretor Marcelo Djian, o preparador de goleiros Robertinho e o gerente Marcone Barbosa. Também foram feitos desligamentos nas áreas de fisioterapia, médica, preparação física e comunicação. A intenção do Conselho Gestor é reduzir o quadro de colaboradores de mais de 700 para cerca de 500.