2

As coincidências de um gigante estrelado

A poesia das coincidências de fatos épicos, separados por 21 anos e cunhados por um gigante popular nascido em 21

21/01/2021 13:16 / atualizado em 21/01/2021 13:29
compartilhe
Cruzeiro é bicampeão da Copa Libertadores da América
foto: Leo Souza/Coletivo 1921

Cruzeiro é bicampeão da Copa Libertadores da América


Entrada da área do gol posicionado à esquerda das emissoras de TV no estádio Nacional, em Santiago, Chile. A barreira vai sendo formada por jogadores argentinos, à espera da cobrança de falta. O placar apontava empate entre River Plate e Cruzeiro. Um ponta esquerda estava prestes a entrar para a história do time popular de Minas Gerais. A América Latina olhava para esse lugar.

Entrada da área do gol posicionado à esquerda das emissoras de TV no estádio Mineirão, em Belo Horizonte, Brasil. A marcação vai sendo formada por jogadores peruanos, à espera da cobrança do escanteio. O placar apontava empate entre Sporting Cristal e Cruzeiro. Um ponta esquerda estava prestes a entrar para a história do time popular de Minas Gerais. A América Latina olhava para esse lugar.

Uma inesperada perna direita (a provável era outra) bate na bola e ela sobe pelos ares chilenos até parar junto às redes no pé da trave. Ninguém escuta o som do atrito, pois estão perplexos com o gol anotado de forma surpreendente. O Cruzeiro passava à frente no marcador.

Uma inesperada perna direita (a provável era a esquerda) bate na bola e ela sobe pelos ares belo-horizontinos até parar junto às redes no pé da trave. Ninguém escuta o som do atrito, pois estão perplexos com o gol anotado de forma surpreendente. O Cruzeiro passava à frente no marcador.

Com os braços esticados, como quem quer avocar o mundo, Joãozinho corre pelo gramado. O capitão Piazza, entre outros companheiros atônitos e exaustos, tenta alcança-lo para – de certa forma – dizer “obrigado”. O autor do tento grita sem ser ouvido, pois o som é abafado pelos aplausos, choros e sorrisos vindos das arquibancadas. Ele termina nos braços do banco de reservas, à direita das cabines de rádio.

Com os braços esticados, como quem quer avocar o mundo, Elivélton corre pelo gramado. O capitão Gottardo, entre outros companheiros atônitos e exaustos, tenta alcança-lo para – de certa forma – dizer “obrigado”. O autor do tento grita sem ser ouvido, pois o som é abafado pelos aplausos, choros e sorrisos vindos das arquibancadas. Ele termina nos braços do banco de reservas, à direita das cabines de rádio.

A noite fria de Santiago aquecia-se. A Copa Libertadores de 1976 era do time das estrelas no peito. Campeão, o Cruzeiro apresentava o futebol mineiro para o cenário mundial.

A noite fria de Belo Horizonte aquecia-se. A Copa Libertadores de 1997 era do time das estrelas no peito. Bicampeão, o Cruzeiro voltava a colocar o futebol mineiro na final de um mundial.

A poesia das coincidências de fatos épicos, separados por 21 anos e cunhados por um gigante popular nascido em 21.

Gustavo Nolasco

América Latina, Dia 21, Ano 21, do Século 21.
Compartilhe