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Bi do Cruzeiro na Copa do Brasil completa 25 anos; heróis relembram o feito

Em 1996, Cruzeiro teve atuação inspirada, venceu o Palmeiras por 2 a 1 e conquistou um dos títulos mais difíceis de sua história centenária

19/06/2021 17:30 / atualizado em 19/06/2021 18:30
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Festa dos campeões cala a torcida do Palmeiras em São Paulo; era só o primeiro tempo da comemoração
foto: Jorge Gontijo/EM/D. A Press

Festa dos campeões cala a torcida do Palmeiras em São Paulo; era só o primeiro tempo da comemoração



O Cruzeiro celebra neste sábado, 19 de junho, 25 anos da conquista do bicampeonato da Copa do Brasil de 1996. A vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras, em pleno estádio Palestra Itália, em São Paulo, garantiu ao clube celeste o segundo caneco do torneio e consagrou uma campanha de triunfos expressivos contra Vasco (oitavas), Corinthians (quartas) e Flamengo (semifinal). 

Cafu, Rivaldo, Djalminha e Luizão eram só algumas peças do poderoso Palmeiras de 1996, esquadrão que recebeu em sua formação grandes investimentos da Parmalat, empresa italiana de produtos alimentícios. Principal equipe do país naquele ano, o alviverde entrou em campo "quase campeão", precisando de um empate sem gols para levantar a Copa do Brasil diante de sua torcida depois do 1 a 1 no Mineirão. "Chegamos em São Paulo, no estádio, todo mundo gritando campeão. Você fica com medo, claro", lembrou Ricardinho no especial de 20 anos do título, produzido pelo Superesportes em 2016.

Festa do Cruzeiro em SP e BH com o título da Copa do Brasil de 1996



O fim da história, porém, superou qualquer expectativa. O Cruzeiro saiu atrás do marcador:  sofreu o primeiro gol aos 5' da primeira etapa, e superou uma pressão sem precedentes do Palmeiras. "O Dida é monstro. Além de ser um grande goleiro, consagrado, deu muita segurança. O Dida ali foi um gigante, tomamos muita pressão", confirmou o lateral Vitor, peça importante daquele time.

Mas, ainda no primeiro tempo, Roberto Gaúcho começou a mudar o enredo da história ao empatar a partida aos 25 minutos após grande jogada individual. A virada saiu aos 36 da etapa final, também com participação do ponta. "Arranquei do meio-de-campo, com muita velocidade, controle da bola, e o zagueiro me acompanhando. Bola molhada, Velloso não foi na curva e soltou a bola. O Marcelo não perdoava dentro da área. Gol do Cruzeiro. Ali soubemos que seríamos campeões", lembra, ao contar o lance do gol do título feito por Marcelo Ramos.

A vitória por 2 a 1 sobre a 'seleção' do Palmeiras em São Paulo foi só o primeiro tempo da festa. Já durante a noite e a madrugada, a torcida cruzeirense tomou as ruas de Belo Horizonte. No dia seguinte, a capital mineira ficou ainda mais azul com a chegada dos campeões.

"Quando a gente desceu no aeroporto, em Belo Horizonte, uma multidão nos aguardava. Subimos no caminhão do corpo de bombeiros e fomos abraçados por todo mundo. Parecia carnaval fora de época ou feriado. Todo mundo que é cruzeirense ganhou 'folga' naquele dia", relatou Marcelo Ramos, também no especial de 20 anos da conquista produzido pelo Superesportes, em 2016.

Recepção da torcida ao time do Cruzeiro campeão da Copa do Brasil 1996


Neste sábado, Marcelo Ramos e Roberto Gaúcho voltaram a lembrar com carinho daquela conquista, que teve importância história também por levar o Cruzeiro à Libertadores de 1997, quando o clube chegaria ao bicampeonato continental.

No Instagram, Marcelo Ramos postou: "Há 25 anos o @cruzeiro ganhava um dos títulos mais importantes da sua gigante história,a @copadobrasil tenho muito orgulho de fazer parte desse momento inesquecível pra toda Nação Azul!".



Ao Superesportes, Roberto Gaúcho expressou sua emoção pelos 25 anos daquele feito. "Esse foi um dos títulos mais importantes do Cruzeiro Cabuloso. Eu tive a felicidade de fazer o gol do empate e o cruzamento do título. E ainda o cruzamento do empate no Mineirão também (no jogo de ida). Então, graças a Deus. Sempre fui iluminado. O Cruzeiro tinha um time fantástico, um baita treinador que era o Levir. E o Palmeiras era uma Seleção Brasileira: tinha oito jogadores. Tinha 137 gols, estava há 37 jogos sem perder. Fomos para São Paulo 'derrotados'. É por isso que até hoje a Nação Azul é apaixonada por esse título, porque depois veio a Libertadores. Eu deixo aqui um abraço para todos os meus companheiros que jogaram, os que ficaram no banco. O elenco todo era unido dentro e fora de campo. Fomos para São Paulo e merecemos o título diante de uma seleção que era o Palmeiras do Vanderlei Luxemburgo".

O capitão Nonato, responsável por erguer a taça em São Paulo, também relembrou a conquista histórica com postagem no Instagram:



A campanha

 
Não só a vitória épica na decisão contra o Palmeiras marcou a conquista do Cruzeiro na Copa do Brasil. O clube celeste entrou na competição já na segunda fase, quando enfrentou o Atlético Clube Juventus, de Rio Branco, no Acre. A primeira partida acabou empatada em 1 a 1, mas o Cruzeiro garantiu a classificação com um sonoro 4 a 0 na volta, no Independência. Da fase seguinte em diante, todos os compromissos foram contra grandes equipes brasileiras. Contra o Vasco, porém, nas oitavas de final, o time de Levir Culpi começou a mostrar seu real valor: 6 a 2 no cruz-maltino de Antônio Lopes em pleno São Januário. A partida da volta, em Belo Horizonte, acabou empatada em 1 a 1.

Nova goleada marcou a passagem do Cruzeiro pelas quartas de finais da competição. A equipe celeste bateu o Corinthians por 4 a 0 na primeira partida e ganhou o direito de perder o segundo compromisso, quando sofreu revés de 3 a 2. Classificado para a semifinal, o time celeste passou pelo Flamengo graças ao gol marcado fora de casa: o primeiro jogo acabou 1 a 1, no Rio de Janeiro, e o segundo, no Mineirão, 0 a 0.

Os detalhes da campanha:

 
Segunda fase
Atlético Clube Juventus 1 x 1 Cruzeiro - 13/3/1996, no José de Melo, em Rio Branco (AC)
Cruzeiro 4 x 0 Atlético Clube Juventus - 20/3/1996, no Independência, em Belo Horizonte
 
Oitavas de final
Vasco 2 x 6 Cruzeiro - 28/3/1996, em São Januário, no Rio de Janeiro
Cruzeiro 1 x 1 Vasco - 17/4/1996, no Independência, em Belo Horizonte
 
Quartas de final
Cruzeiro 4 x 0 Corinthians - 24/4/1996, no Independência, em Belo Horizonte
Corinthians 3 x 2 Cruzeiro - 10/5/1996, no Pacaembu, em São Paulo
 
Semifinal
Flamengo 1 x 1 Cruzeiro - 28/5/1996, no Maracanã, no Rio de Janeiro
Cruzeiro 0 x 0 Flamengo - 5/6/1996, no Mineirão, em Belo Horizonte

Final
Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras - 14/6/1996, no Mineirão, em Belo Horizonte
Palmeiras 1 x 2 Cruzeiro - 19/6/1996, no Palestra Itália, em São Paulo
 

Números da competição

 
40 participantes
70 jogos
187 gols (2,67 de média por partida)
887.180 total de público

Principais artilheiros

 
Luizão (oito gols, Palmeiras)
Marcelo Ramos (sete gols, Cruzeiro)
Sávio (seis gols, Flamengo)
 

Ficha dos dois jogos da decisão:


Jogo de ida da final da Copa do Brasil de 1996



Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras
 
Cruzeiro
Dida; Vitor, Jean, Célio Lúcio e Nonato; Fabinho, Ricardinho, Ueslei (Roberto Gaúcho) e Palhinha; Marcelo Ramos e Cleison (Luis Fernando). Técnico: Levir Culpi
 
Palmeiras
Veloso; Gustavo, Cláudio, Cléber e Júnior; Galeano, Amaral, Marquinhos e Elivélton (Reinaldo) (Júnior II); Rivaldo e Luizão. Técnico: Vanderlei Luxemburgo
 
Gols: Cláudio (12' 1ºT) e Marcelo Ramos (16' 2ºT)
Público: 68.763 pagantes
Renda: R$966.415,00
 
Motivo: jogo de ida da decisão da Copa do Brasil
Data: 14 de junho de 1996
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte
Árbitro: Antônio Pereira da Silva (GO)

Cruzeiro comemora título da Copa do Brasil de 1996 no Parque Antarctica


Palmeiras 1 x 2 Cruzeiro
 
Cruzeiro
Dida; Vítor, Gélson Baresi, Célio Lúcio e Nonato; Fabinho, Ricardinho, Palhinha (Edmundo) e Roberto Gaúcho; Marcelo Ramos e Cleisson. Técnico: Levir Culpi
 
Palmeiras
Velloso; Cafu, Sandro Blum, Cléber e Júnior; Cláudio (Reinaldo Rosa), Amaral, Marquinhos e Rivaldo; Luizão e Djalminha. Técnico: Vanderlei Luxemburgo
 
Gols: Luizão (6' 1ºT); Roberto Gaúcho (25' 1ºT) e Marcelo Ramos (36' 2ºT)
Público: 29.139
Renda: R$ 329.159,00
 
Motivo: jogo de volta da decisão da Copa do Brasil
Data: 19 de junho de 1996
Estádio: Palestra Itália, em São Paulo
Árbitro: Sidrack Marinho (SE)

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