Wagner Pires de Sá na presidência do Cruzeiro em 2019
O Cruzeiro acionou a 17ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte para cobrar uma 'restituição' de R$ 278.966,03 de Humberto Magalhães Santos Pires de Sá, filho do ex-presidente Wagner Pires de Sá. O valor se refere a salários (R$ 252.780,00) e FGTS (R$ 26.186,03) recebidos pelo herdeiro do ex-mandatário celeste durante o período em que integrou a lista de funcionários do clube. A informação foi publicada por O Tempo e confirmada pelo Superesportes.
Trata-se de um pedido de reconvenção em uma ação na Justiça do Trabalho em que Humberto Pires de Sá cobra R$ 127.557,42 do Cruzeiro. Originalmente, o filho de Wagner cobra indenização referentes a salários, férias, recolhimento de FGTS e multas pelo fim do contrato. A partir de 1º de março de 2018, atuou como assessor da presidência - cargo que deixou em 6 de janeiro de 2020, depois de o pai sair do clube.
No pedido de reconvenção formalizado em 30 de setembro e ao qual a reportagem teve acesso, o Cruzeiro não apenas requer o não pagamento da quantia cobrada por Humberto Pires de Sá, como exige a restituição dos valores a ele pagos durante o período de trabalho. "A contratação do Reclamante (Humberto) se deu unicamente pelo fato de que o mesmo é filho do ex-presidente do clube, sendo fato que nenhum serviço era prestado ao Clube", lê-se no documento da defesa celeste.
"É imperioso destacar que o Reclamante jamais presto qualquer serviço ao Clube, tendo sua contratação o objetivo único e exclusive de remunerar o filho do dirigente, repita-se, sem prestar sequer nenhuma atividade laborativa a favor do clube reclamado", prossegue.
Ao longo do pedido, o Cruzeiro fala em "abuso de direito, fraude e desvio da finalidade desportiva" no processo de contratação de Humberto. O clube alega que os principais responsáveis pela crise financeira e esportiva vivenciada desde 2019 são Wagner Pires de Sá e o ex-diretor de futebol, Itair Machado.
As partes envolvidas no processo vão se encontrar em uma audiência no dia 22 de maio de 2022. Na primeira sessão, não houve acordo.
La Coruña vive grande crise e hoje disputa a Segunda Divisão B, equivalente à Terceira Divisão no Brasil - foto: DivulgaçãoNas últimas oito temporadas, o Nuremberg esteve na Série B em sete - foto: DivulgaçãoO Fluminense chegou a cair para a Série C, mas ficou apenas dois anos longe da elite, sendo beneficiado com a criação da Copa João Havelange em 2000 - foto: ReproduçãoO Rangers viveu algo ainda mais dramático do que o Cruzeiro, decretando falência em junho de 2012. Hoje, já está de volta à elite - foto: DivulgaçãoAntes de receber grande investimento, o City era um clube médio da Inglaterra. As dificuldades eram tantas que o time acabou na Terceira Divisão em 1998/1999 - foto: AFPO Tottenham já viveu temporadas duras na Série B nos anos 1920, quando ficou cinco anos na divisão de acesso. A última vez que disputou a Segundona foi em 1977 - foto: AFPO Chelsea ficou várias temporadas na Segunda Divisão. A última vez que caiu foi nos anos 80, quando ficou de 1980 a 1983 - vencendo a competição em 1983/84 - e 1988/89, temporada na qual também ergueu o troféu - foto: AFPO Arsenal há tempos não disputa a Segunda Divisão. A última vez que isso ocorreu foi nos anos 1910. Após a Primeira Guerra Mundial (1914/1918), o Arsenal voltou à Primeira Divisão e não caiu mais - foto: AFPO Liverpool jogou a Segunda Divisão em 11 temporadas. A última vez que esteve no segundo nível do futebol inglês foi por um longo período, de 1954/55 a 1961/62 - foto: AFPO Manchester United já viveu dias de dificuldades, com alguns rebaixamentos nas décadas de 1930 - quando amargou quatro anos seguidos na Série B - e 1970 - foto: AFPClube tradicional da Inglaterra, o Leeds já passou pela Segunda Divisão algumas vezes, como aconteceu com todos os times do país. A equipe do Elland Road ficou 16 anos longe da Primeira Divisão, jejum encerrado em julho de 2020 - foto: AFP
Em ação impetrada em 27 de agosto, Humberto Pires de Sá cobra indenização referentes a salários, férias, recolhimento de FGTS e multas pelo fim do contrato. O valor total da causa é de R$ 127.557,42. Na época atuando como assessor da presidência, ele se desligou do clube em janeiro de 2020, depois de Wagner deixar o cargo.
O ex-funcionário, que trabalhava na Toca da Raposa I e foi contratado em 1º de março de 2018, logo depois da posse do pai, alegou que exercia o cargo de assessor da presidência. Ele ainda solicitou pedido de justiça gratuita, justificando que não dispõe de recursos financeiros para arcar com as custas processuais. De acordo com a petição, Humberto recebia salário de R$ 12.639.
"A Reclamada (Cruzeiro) não pagou as verbas rescisórias a tempo e modo, não recolheu corretamente o FGTS, estando diversas competências em aberto, bem como não pagou corretamente o décimo terceiro e férias vencidas, conforme abaixo discriminado. Na tentativa de minimizar o prejuízo, a Reclamada voluntariamente forneceu ao Reclamante listagem de todas as verbas em aberto e não pagas, vide anexo. Isto posto, ante o descumprimento pela Reclamada da legislação laboral pátria concretiza-se a necessidade de buscar a tutela jurisdicional pela presente reclamação trabalhista", detalhou a ação trabalhista.
Na petição, Humberto Pires de Sá alega que o Cruzeiro não pagou as verbas rescisórias. Ele cobra R$ 2.527,80, valor referente ao saldo de salário, R$ 10.532,50 de férias proporcionais, R$ 3.861,92 como 1/3 das férias, R$ 13.902,90 de indenização por aviso prévio, R$ 1.053,25 por 13º salário proporcional ao aviso prévio, além de R$ 1.053,25 pelas férias sobre aviso prévio indenizado.
Ele ainda alegou na petição que o Cruzeiro não recolheu devidamente o FGTS durante o período do contrato, e que não recebeu do clube os salários de novembro de 2019, além do 13º de 2019 e o de dezembro do mesmo ano. O ex-funcionário pede multa de 50% caso os débitos não sejam quitados até a data da primeira audiência.
Wagner Pires de Sá presidiu o Cruzeiro de janeiro de 2018 a dezembro de 2019. Além da pífia campanha que levou o clube ao inédito rebaixamento à Série B do Brasileiro, a gestão ficou marcada por escândalos e denúncias de irregularidades administrativas, com a participação de empresários. Ele é investigado pela Polícia Civil após denúncia oferecida pelo Ministério Público, por falsificação de documentos, falsidade ideológica, apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro.