Torcedores do Cruzeiro em frente ao clube do Barro Preto em apoio à venda da SAF a Ronaldo
A reunião do Conselho Deliberativo do Cruzeiro para tratar da inclusão das Tocas da Raposa I e II no acordo de venda de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol ao ex-jogador Ronaldo está suspensa. Nesta segunda-feira, o juiz Bruno Teixeira Lino, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG), concedeu liminar que autoriza o cancelamento da votação no Barro Preto.
- Cruzeiro: siga a votação do Conselho sobre venda da SAF a Ronaldo
O Superesportes registrou o momento em que dois oficiais de Justiça entraram na sede do Barro Preto para a entrega do documento ao novo presidente do Conselho Deliberativo, Maurício Silva. Os servidores se apresentaram aos responsáveis pela segurança no parque esportivo e preferiram não passar nenhum detalhe à imprensa.
O pedido de suspensão partiu de dois desembargadores que também são conselheiros natos: Antônio Carlos Cruvinel e José Eustáquio Lucas Pereira, o Taquinho, que fez questionamentos aos moldes da negociação na última quinta-feira, quando os integrantes da equipe de Ronaldo explicaram detalhes da transação aos membros do quadro social do clube.
Além da suspensão, os conselheiros solicitaram a retirada três itens da pauta de votação, conforme relatado pelo juiz Bruno Lino:
c) Autorização para a tomada de todas as medidas necessárias para pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, pela Associação; f.i) dotar a SAF com todos os direitos de exploração das atividades relacionadas ao futebol, incluindo patrocínios, direitos de transmissão, vendas de ingressos, e exploração de marcas e outras propriedades intelectuais sem a sua cessão definitiva; e (f.ii) aprovar o investimento pela Tara Sports na SAF, com a celebração dos contratos definitivos.
c) Autorização para a tomada de todas as medidas necessárias para pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, pela Associação; f.i) dotar a SAF com todos os direitos de exploração das atividades relacionadas ao futebol, incluindo patrocínios, direitos de transmissão, vendas de ingressos, e exploração de marcas e outras propriedades intelectuais sem a sua cessão definitiva; e (f.ii) aprovar o investimento pela Tara Sports na SAF, com a celebração dos contratos definitivos.
Aduziram que não tiveram conhecimento do contrato, sendo impossível, por conseguinte, deliberar sobre atos complexos. Salientaram que há matérias que escapam da competência do Conselho Deliberativo, sendo necessária convocação de assembleia, bem como há matéria que necessita de avaliação de risco para ser votada. Afirmaram que não foi apontada a modalidade de votação das matérias, se aberta ou secreta, providência necessária em face das ameaças aos Conselheiros. Pediram, assim, o cancelamento ou o adiamento da referida reunião, dada a necessidade de convocação de assembleia geral; alternativamente, pediram a retirada da pauta de votação dos itens “c”, “f.i” e “f.ii”; sucessivamente, pediram o adiamento da referida reunião, por quinze dias, para que os Conselheiros possam se inteirar dos documentos; o adiamento da referida reunião, por quinze dias, para que o novo edital de convocação aponte a forma de votação, se aberta ou secreta; e finalmente, pediram, caso mantida a reunião, seja oportunizada a votação secreta.
O magistrado justificou os motivos pelos quais concedeu a tutela antecipada de cancelamento da reunião.
“As matérias a serem votadas na reunião convocada são graves e envolvem vultoso valor monetário, exigindo conhecimento prévio dos termos dos documentos; avaliação de riscos; aprofundamento de análise jurídica (recuperação judicial ou extrajudicial, operação de crédito, operação imobiliária); verificação da competência para deliberação e tranquilidade/segurança para a votação”.
“As matérias a serem votadas na reunião convocada são graves e envolvem vultoso valor monetário, exigindo conhecimento prévio dos termos dos documentos; avaliação de riscos; aprofundamento de análise jurídica (recuperação judicial ou extrajudicial, operação de crédito, operação imobiliária); verificação da competência para deliberação e tranquilidade/segurança para a votação”.
Enquanto isso, centenas de torcedores protestam na Rua dos Guajajaras principalmente contra o ex-presidente Alvimar de Oliveira Costa, que pediu apoio a correligionários no clube para embargar a votação, porém mudou de ideia nesta segunda-feira após sofrer ameaças e comunicou o apoio a Ronaldo por meio de carta difundida nas redes sociais.
"Como apaixonado pelo Cruzeiro e defensor ferrenho do nosso clube eu entrei de peito aberto para fazer o que acredito ser o melhor, porém penso que minha contribuição em relação à negociação da SAF termina aqui".
"Eu e a minha família fomos alvo de ameaças nos últimos dias por centenas de Cruzeirenses e isso me deixou bastante chateado, pois minha intenção sempre foi a melhor possível".
"Fato é que, como apaixonado pelo Cruzeiro ficarei na torcida para que o Ronaldo retorne o Cruzeiro para a primeira divisão, de onde sempre se manteve".
"Por isso, hoje manifesto publicamente, neste ato, meu voto favorável a RJ/RE e também ao negócio das Tocas com a SAF".
Dentro do clube do Barro Preto, o presidente Sérgio Santos Rodrigues se mostrou desapontado com a tentativa dos dois conselheiros de travar a reunião e reforçou a confiança na derrubada da liminar.
“Na verdade eu não recebi. O vice-presidente do Conselho recebeu, eu estava em reunião. Muito chateado da forma como aconteceu. Acho que o desejo de todo mundo era votar, até dos conselheiros aqui a alegria de tomar essa decisão importante. Então nós estamos conversando com os colegas do Conselho para ficar aqui, não irei embora, que o jurídico está trabalhando para reverter e fazer a votação hoje”.
“É difícil criticar decisão judicial, mas acho que ela se baseia em um fundamento muito ruim. Não estamos votando o contrato hoje, acho até que o magistrado foi induzido a erro nisso aí. Mas enfim, estamos aqui para levar a verdade, e eu espero que o Tribunal reveja”.
Em troca da inclusão das Tocas I e II na compra da SAF, Ronaldo se comprometeu a arcar com a dívida tributária do Cruzeiro, calculada em R$ 180 milhões e com parcelas mensais acima de R$ 1 milhão até 2032. O Fenômeno deixou claro em várias ocasiões que será difícil dar continuidade caso o Conselho não autorize a alienação dos patrimônios.
Desde o anúncio de Ronaldo como investidor, em 18 de dezembro, o Cruzeiro quitou dívidas na Fifa e manteve os salários em dia. Os torcedores estão animados com o bom desempenho do time e esperançosos quanto à briga pelo acesso à Série A do Campeonato Brasileiro.
A expectativa é que o ex-camisa 9 invista R$ 400 milhões no clube nos próximos cinco anos: R$ 50 milhões de aporte inicial e R$ 350 milhões de receitas incrementais de vendas de jogadores, patrocinadores, direitos de TV, sócio, bilheteria, etc.
As receitas incrementais serão aquelas que superarem a média de faturamento do futebol de 2017 a 2021 - cerca de R$ 220 milhões.
As receitas incrementais serão aquelas que superarem a média de faturamento do futebol de 2017 a 2021 - cerca de R$ 220 milhões.