A Premier League publicou em suas redes sociais um vídeo do jogador brasileiro Richarlison lendo a carta de um fã após o episódio de racismo que sofreu recentemente. Nas imagens, o atacante do Tottenham se senta em uma cadeira no meio de um campo de futebol e, na sequência, reflete sobre o preconceito racial no futebol e na sociedade.
Na carta, o fã que se identifica como Vinícius, de Salvador, diz: "Sou um rapaz negro, de 25 anos, e por toda a minha vida senti medo do que você sofreu. A possibilidade de sofrer racismo me tirava o sono e por muitas vezes na infância evitava sair de casa".
Ao citar repressões que sofreu em situações do cotidiano, Richarlison também revelou ter sido intimidado em certos ambientes.
"Já entrei em shopping e seguranças ficaram seguindo, eu e meus amigos. E não era só porque a gente não tinha uma boa roupa que a gente era ladrão, ou sei lá o que o segurança pensava. Isso é um pouco dolorido sim, porque a gente se sentia diferente das outras pessoas. Dói na alma.", disse o jogador.
O recente ataque racista sofrido por Richralison, no amistoso entre Brasil e Tunísia, motivou a mensagem do torcedor. O episódio ocorreu no fim de setembro, quando uma banana foi arremessada na direção a Richarlison no momento em ele comemorava seu gol.
No jogo seguinte, os atletas da Seleção entraram com uma faixa em campo com os dizeres: "Sem nossos jogadores negros, não teríamos estrelas na nossa camisa".
Discriminação racial, religosa e social
Ao terminar de ler a carta, Richarlison refletiu: "A gente vive em um mundo difícil, em uma época difícil, onde as pessoas não respeitam, seja pela cor, religião, política ou qualquer situação".
Ele ainda citou a vaia durante a execução do Hino Brasileiro antes mesmo do início da partida contra os tunisianos, na França.
"Esse tipo de coisa tem que ser punida para servir de lição para as outras pessoas não fazerem", disse sobre o preconceito racial.
Richarlison também comentou iniciativas dele para ajudar, principalmente, os brasileiros mais carentes. Além de destinar 10% de seu salário para uma casa de apoio em Barretos, destinadas a quem busca tratamento no Hospital de Câncer da cidade, Richarlison tem um time de futebol na sua cidade. De acordo com o atleta, o projeto ajuda mais de 100 famílias.
Ao fim, ele declarou: "A gente vive um momento difícil, mas ainda sonho com o dia que o racismo vai acabar".
O jogador também agradeceu Vinícius pela carta: "Espero que você continue forte e nunca desista. Que você possa ir no shopping e fazer tudo que você quiser porque você é livre".